Após dois anos de forte queda os três principais fabricantes independentes de motores diesel do País trabalham com quase que uma certeza: o cenário do setor em 2016 não será muito diferente deste ano. E isso porque José Eduardo Luzzi, presidente da Navistar Mercosul, dona da MWM Motores, Luís Pasquotto, presidente da Cummins América do Sul, e Marco Aurélio Rangel, presidente da FPT América Latina, afirmam que “2015 é um ano para se esquecer”.
Reunidos em painel no primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2016, na Fecomercio, em São Paulo, os três executivos mostraram-se consolados ao menos com a expectativa de que um novo tombo como o verificado em especial nos mercados internos de caminhões e ônibus não se repetirá no ano que vem. E as grandes depurações exigidas nas empresas já foram encaminhadas este ano, com redução de quadros, de jornadas de trabalho e reorganizações produtivas para a nova realidade da demanda.
FPT, MWM e Cummins, entretanto, ainda consideram adotar férias coletivas até dezembro.
“A diferença desta para outras crises do mercado é que agora todos os segmentos estão caindo, até mesmo serviços”, diz Luzzi, que estima produzir cerca de 65 mil unidades neste ano, cerca de 30% menos do que no ano passado. Ele ainda não vislumbra quando o mercado interno de veículos comerciais poderá começar a inverter a curva: “Sou um otimista, mas com o pé atrás. Todos sabemos do potencial do País, mas não acredito em uma recuperação significativa no curto prazo. Esta é a nova realidade para dois ou três anos”.
A tendência é mesmo de retomada gradual no longo prazo, diz Rangel, que considera produzir 45 mil motores este ano. Pasquotto, que fala em algo como 23 mil motores fabricados em 2015, concorda: “Os números atuais claramente não representam nossa economia. Nossos estudos indicam que o Brasil pode ter um mercado de caminhões de 150 a 160 mil e de até 30 mil ônibus, ou seja: quase o dobro do que fecharemos este ano”.
A maior preocupação dos executivos no curto prazo é mesmo a continuidade da crise política e das indefinições sobre os ajustes necessários na economia, o que poderá prolongar ainda mais o horizonte de incertezas no setor. “Não dá para arriscar que chegamos ao fundo do poço do mercado enquanto não se resolver esse nó político’’, diz Pasquotto, que considera até a possibilidade de um ligeiro aumento de produção de motores no ano que vem, já que os fabricantes de comerciais devem ingressar 2016 com estoques baixos.
Assim como Luzzi e Rangel o presidente da Cummins identifica algum eventual alento em 2016 em outros segmentos, como o agrícola, fora de estrada – com a nova legislação MAR-1 –, serviços e geração de energia, que este ano não decolou como o esperado em função da atividade econômica mais lenta nos últimos meses.
O segmento automotivo teria um impulso no curto prazo de fato com a adoção de um programa de renovação de frota, pondera Luzzi – algo que, para variar, continua nas mesas de discussão.
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