Voz dissonante de seus pares na indústria automotiva, que esperam pela frente um período semelhante a 2015, Carlos Zarlenga, CFO da General Motors, durante apresentação no segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2016, a quarta-feira, 21, na sede da Fecomercio, em São Paulo, estimou uma deterioração ainda maior do setor, com declínio de 20% nas vendas no ano que vem – e com isso o mercado seria de 2 milhões de automóveis e comerciais leves vendidos.
“É sobre este volume que estamos fazendo nosso planejamento e acredito que seja sensato e responsável. Ano que vem continuará como o quarto trimestre de 2015. Somente no segundo semestre do ano que vem devemos ter um volume anualizado melhor.”
Zarlenga chegou ao resultado baseado nas ponderações dos volumes anualizados a cada mês durante o ano, “e todos foram negativos. De bom é que durante o ano se trabalhou pela eficiência para estarmos prontos para recuperação que virá de 2017 a 2019”.
Independentemente da projeção ainda pior para o ano que vem, uma das maiores preocupações do responsável pelo financeiro da GM, pelo menos no curto prazo, é a baixa ocupação da capacidade instalada na indústria ao mesmo tempo em que os custos não param de subir.
“O dólar já está a R$ 4, o custo da mão de obra cresceu 11%, o IPCA 10%, os custos logísticos 9% e a produção caiu 18%. A indústria ocupa atualmente 50% de sua capacidade, o que significa que ainda há ajustes a fazer no inventário, mesmo porque não ocorreu recomposição de preço nos veículos no período.”
O executivo conta também que de 2012 para 2015 a lucratividade da indústria caiu 12,5 pontos porcentuais na comparação com os primeiros semestres de cada ano. “Todo esse conjunto exposto não se apresenta sustentável no futuro.”
Zarlenga, no entanto, e apesar das dificuldades momentâneas, ainda enxerga o mercado automotivo brasileiro como particularmente animador quando a visão é a de longo prazo. De acordo com ele, nos últimos 30 anos a indústria instalada no País cresceu a taxa de 5% ao ano, em média.
“Não há esse cenário em qualquer outro lugar do mundo. O crescimento de longo prazo aqui ainda é atrativo e ele ocorrerá.”
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