As sistemistas esperam um recuo de faturamento inferior à redução do volume de vendas de veículos neste ano. A previsão é que o mercado de autoveículos encerre o ano com recuo de cerca de 27% no volume de unidades emplacadas em relação a 2014, mas as exportações, o mercado de reposição e o avanço das montadoras asiáticas devem aliviar o faturamento das autopeças.
A análise foi apresentada em painel que reuniu os dirigentes de algumas das principais empresas do segmento realizado no primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2016, a terça-feira, 20, na Fecomercio, em São Paulo.
Segundo Besaliel Botelho, presidente da Bosch, “com o câmbio favorável para as exportações, esta receita mais alta acaba por compensar um pouco a queda de volume”.
Com isso, para este ano, a Bosch espera redução de cerca de 10% de seu faturamento na comparação com 2014. “O mercado de reposição está em alta e também ajuda a amenizar a queda das vendas para as montadoras.”
Para a Delphi, o crescimento das vendas às montadoras de origem asiática também ajudará a amenizar o baque no faturamento. “A retração das vendas está acontecendo de forma diferente em cada montadora, e as asiáticas estão se saído muito bem até agora”, atestou Luiz Corrallo, presidente da Delphi. O executivo prevê que a retração do faturamento seja de 15% a 18% neste ano.
O presidente da Schaeffler, Juergen Ziegler, também prevê queda do faturamento inferior ao índice de retração de mercado em 2015, mas não está otimista com as previsões para 2016. “O que me preocupa é que não vemos nenhuma mudança substancial que possa fazer o mercado se recuperar. Acredito que o cenário pode até piorar.”
Apesar da preocupação com a instabilidade econômica do País os executivos acreditam que o momento de retração das vendas pode ser visto como uma oportunidade. Corrallo: “Voltamos a olhar as exportações. Nos últimos anos o mercado interno era empolgante e acabamos deixando isso de lado. É fundamental conquistar mercados externos, e esta pode ser considerada como uma parte boa das dificuldades”.
Já o presidente da Bosch acrescentou: “Aproveitamos esse período para organizar a casa: redefinimos nossa estrutura e nos tornamos mais produtivos”.
Para os sistemistas é consenso que o desenvolvimento de novas tecnologias é fundamental para garantir que o País não perca competitividade. No entanto, há uma preocupação generalizada: “Muitos estão ficando pelo caminho”, alertou o presidente da Delphi.
Segundo Corrallo há uma busca crescente por aumento da nacionalização de componentes por parte dos sistemistas, mas grande parte dos fornecedores não está apto para realizar os investimentos necessários para suprir essa demanda. “O Inovar-Auto não resultou em aumento da nacionalização. Sentimos falta de uma política econômica estável que possibilite investimento dos Tier 2 e 3.”
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