São Paulo — Plataformas de mobilidade reajustaram suas ofertas no País com a queda no volume de caronas promovidas por meio de aplicativos instalados em dispositivos móveis. Empresas do setor, como Waze e Blablacar, que participaram da live A Carona depois da Covid-19, transmitida por meio online na quarta-feira, 22, têm em comum, no momento, o desafio de desenhar serviços baseados nos protocolos sanitários.
O Waze, que atua no mercado de mobilidade com o Waze Carpool, tratou de limitar o numero de passageiros por carona: hoje, apenas uma única pessoa pode pegar carona por meio do aplicativo — antes o limite eram três por carona.
"Todo o modal foi afetado pela pandemia", disse Douglas Tokuno, diretor do Waze Carpool para a América Latina. "As plataformas agora precisam dialogar com uma nova realidade em termos de ocupação veicular."
Uma saída, ele indicou, poderá ser a aposta em serviços de carona corporativas: "Ainda que o home office tenha ganhado espaço, a tendência é a de que as corridas empresariais ganhem mais força no pós-pandemia".
A ideia tem aderência ao negócio da Bynd, plataforma fundada por Gustavo Gracitelli. Ele disse, durante a transmissão, que o número de corridas corporativas caiu nos últimos meses e que agora o foco é oferecer serviço alternativo ao transporte público: "Todos os nossos clientes foram para home office e, portanto, o deslocamento deixou de existir, mostrando um cenário diferente daquele que vivíamos antes. Lançamos dois novos produtos para aumentar a segurança do deslocamento, ou seja, uma proposta alternativa ao transporte público".
A Blablacar também teve de criar novos serviços ajustados às demandas atuais, uma vez que, segundo Ricardo Leite, seu diretor-geral no Brasil, "todo o transporte de passageiro, seja via ônibus ou avião, sofreu com queda na demanda":
"Neste novo cenário criamos um aplicativo para pessoas com comorbidades que precisam fazer algum tipo de deslocamento. Temos que nos adaptar às novas necessidades no momento".
Há outras empresas do setor que percebem um certo aquecimento na demanda por caronas no pós-pandemia, sobretudo quando observado o caráter econômico do serviço. Para Lilian Lima, coordenadora do comitê de mobilidade urbana da ABO2O, em contexto de retração da economia as plataformas de mobilidade surgem como transporte viável para aqueles que tiveram renda reduzida.
Diogo Sant'Ana, diretor executivo da Amobitec, Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, destacou as plataformas de mobilidade como ferramentas importantes de inclusão social: "Não é apenas a questão do preço: é proporcionar às pessoas um modal seguro em tempos de pandemia".
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