São Paulo – Coube à equipe latino-americana da FCA a missão de desenvolver a nova geração da central multimídia UConnect, que estreou na picape Fiat Toro e está presente na Strada. E não só para o Brasil: o sistema desenvolvido a partir de Betim, MG, equipará também modelos produzidos na Europa ainda em 2020.
O projeto teve início há cerca de três anos e envolveu uma equipe multidisciplinar, com funcionários das áreas de pesquisa, design, engenharia e inovação, e até de fornecedores não muito tradicionais da indústria automotiva, como o Google. Os objetivos foram claros: ter desempenho alinhado às últimas gerações de smartphone, facilidade de uso e alta possibilidade de customização. Ou, como resumiu o diretor de portfólio, pesquisa e inteligência corporativa Breno Kamei, ser uma espécie de tablet para os ocupantes dos veículos da marca.
“São temas complexos, porque estará em veículos de diversas marcas e de diversas regiões. Claro que cada marca terá o seu padrão, mas a experiência do usuário tem que ser a mesma. Um dos grandes ganhos dessa nova geração é a funcionalidade mais amigável. O sistema é muito intuitivo, quem opera um smartphone facilmente se adaptará”.
A Uconnect foi pioneira, no Brasil, em oferecer conexão sem fio com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay. Permite duas conexões simultâneas por meio de bluetooth – uma demanda de muitos usuários, segundo Kamei, que têm mais de um smartphone, um para o trabalho e um para uso pessoal. “É possível também configurar até cinco perfis diferentes. Então, ao entrar no carro e ter o aparelho reconhecido, o sistema já está no gosto do usuário”.
A engenharia precisou suar para colocar todas essas inovações para conversar com o veículo. Cada função do Uconnect, por exemplo, precisa ser validada e homologada, de acordo com o gerente de engenharia da FCA, Alexandre Abreu. “Além da arquitetura eletrônica do veículo, cada vez mais complexa”.
Os automóveis hoje são uma espécie de computador sobre rodas. Um carro como o Renegade ou o Compass, por exemplo, tem mais de cinquenta centrais que precisam trocar dados entre si, dez vezes mais do que, por exemplo, um automóvel da década de 1990 possuía. “Esse número deve dobrar muito em breve, conforme forem avançando as tecnologias”.
No caso do UConnect a engenharia brasileira facilitou, e muito, o trabalho das equipes futuras. A maior parte das homologações foi feita e o sistema já conversa com o automóvel. “Para nós participar do desenvolvimento do UConnect foi uma vitória. Mostra que a indústria brasileira não deve em nada aos grandes centros e abre a porta para que novas tecnologias, novos sistemas, sejam feitos a partir daqui”.
Kamei concorda: “É gratificante, traz protagonismo ao Brasil. Estamos à frente de projetos importantes para a FCA globalmente, que confia em nosso mercado e em nossos profissionais”.
O que falta, ainda, é localizar a produção da central, hoje importada. Mas, segundo Abreu, há propostas de localização. “Mas é complicado porque o parque brasileiro é limitado. Muito componente precisa vir da Ásia”.
De toda forma, o trabalho ainda não chegou ao fim. Por ser um equipamento que traz tecnologia, é preciso atualização – tanto por meio de softwares mais avançados como por hardwares. Kamei garante que, em breve, novidades chegarão ao mercado: “Sempre com a nossa visão: tem que fazer sentido para o consumidor. As tecnologias agregadas precisam ser usadas, não basta colocar só para dizer que tem”.
Erramos: Ao contrário do publicado originalmente, os Jeep Compass e Renegade não têm a versão mais nova da UConnect, mas a antiga. O texto foi corrigido.
Fotos: Divulgação.