São Paulo — Foi desafiador o primeiro trimestre das três maiores locadoras de veículos do mercado brasileiro. Localiza, Unidas e Movida viram, no período, caírem os volumes de vendas e as receitas com a desmobilização de automóveis seminovos da sua frota, esta sua principal unidade de negócio em termos de faturamento.
A paralisação de parte da atividade industrial e o desaquecimento do consumo, reflexos da segunda onda de covid-19 no País, levaram estas empresas a venderem 26,5% menos seminovos no primeiro trimestre na comparação com o desempenho registrado em igual período no ano passado, somando 50,7 mil unidades. Estas vendas geraram receita líquida conjunta de R$ 1,6 bilhão, queda de 43%.
As empresas alegaram que parte do resultado negativo também é fruto de planejamento traçado para o momento de baixa atividade na indústria automotiva: acontece que o descompasso na relação produção-demanda provoca atrasos nas entregas de veículos e as locadoras, para manter a frota operante, optaram por explorar os seus ativos por um tempo além daquele que era o usual.
"De qualquer modo as entregas contratadas estão sendo realizadas nos prazos renegociados com as montadoras", disse o CEO da Unidas, Luís Fernando Porto. "Os veículos entregues mensalmente integram pedidos fechados no ano passado em alguns casos, por exemplo".
Com os veículos por mais tempo nos pátios das locadoras, e nas garagens dos clientes, diminui também o apetite delas nas compras de novas unidades. No primeiro trimestre o volume conjunto de aquisições somou 60,8 mil automóveis, 37% menor do que aquele comprado pelas três empresas no primeiro trimestre do ano passado.
De acordo com Renato Franklin, CEO da Movida, "é uma situação que deve melhorar a partir do segundo semestre, pois neste segundo trimestre ainda há muitas incertezas com relação ao cenário dos juros e da vacinação. No entanto a expectativa é de maiores vendas de veículos no segundo trimestre na comparação com o volume vendido no primeiro trimestre".
Ainda que o primeiro trimestre tenha sido de indicadores negativos, parte das empresas conseguiu manter a operação de seminovos lucrativa. A Movida teve um lucro 75% maior do que o regsitrado no primeiro trimestre do ano passado, a Unidas reverteu prejuízo no período com lucro de R$ 128,4 milhões de janeiro a março e a Localiza registrou redução do seu prejuízo.
São dois os fatores apontados pelas empresas para justificar os ganhos em período de vendas menores. O primeiro é a operação enxuta: ao longo de 2020 as companhias passaram por forte corte de despesas e lucrar no primeiro trimestre seria um fruto desse movimento, que contou com forte aplicação das vendas online.
Outro fator foi a elevação do tíquete médio dos veículos na divisão de seminovos. O preço dos veículos desmobilizados saltou do patamar dos R$ 40 mil observados na tabela de 2020 para o dos R$ 50 mil. A expectativa das locadoras para o semestre é a de que a política de preços se mantenha como está. Para os próximos período ninguém se arriscou a fazer projeções.
Foto: Divulgação.