São Paulo – A Volkswagen aguarda o avanço da vacina e o controle da pandemia no Brasil para receber seu CEO, Ralf Brandstätter, e anunciar oficialmente seu novo ciclo de investimentos por aqui. O presidente da VW América Latina, Pablo Di Si, disse que parte do aporte já está sendo aplicado nas fábricas locais.
“Mais importante do que anunciar é fazer, e estamos fazendo”, disse em entrevista, em vídeo, à Agência Estado. Ele evitou citar valores ou prazo do investimento: “Isso anunciaremos junto com o nosso presidente global”.
Desde o começo do mês a fábrica de Taubaté, SP, está em férias coletivas em todas as áreas que produzem Gol, up! e Voyage. Oficialmente a VW diz estar fazendo manutenção nas linhas, mas o Sindicato dos Metalúrgicos local informou que a plataforma MQB está sendo instalada na unidade, que produzirá o Polo Track, veículo inédito de entrada.
O novo ciclo sucede aos R$ 7 bilhões que geraram Polo, Virtus, T-Cross, Nivus e o Taos, SUV produzido na Argentina que encerra os investimentos que transformaram o portfólio da Volkswagen na região. Di Si afirmou que boa parte do valor aplicado será dedicado ao desenvolvimento de novos produtos, sem tanta atenção a aumento de capacidade – que, segundo ele, está adequada para os volumes atuais na região.
“Nos próximos dois anos haverá muita mudança na legislação de segurança e emissões. Alguns modelos deixarão de existir e virá uma nova safra, então este investimento complementará a linha de produtos existente, aprimorando a segurança e as emissões, e ampliará a nossa presença em outros segmentos.”
Di Si destacou que todo o trabalho de desenvolvimento pode ser feito pela engenharia regional, desde o desenho do veículo até as tecnologias mais avançadas de infotainment. Ele ainda ressaltou que a matriz segue confiante na América Latina, região conhecida dentro da companhia pelo seu histórico de alta volatilidade: “Aqui não cresce 1% e cai 1%. Sempre subiu 30% e caiu 40%, sobe 50% e cai 20%. A instabilidade gera tensão, mas a região é importante, estratégica, e a matriz tem olhar de médio a longo prazo nela”.
Em paralelo a VW começará a introduzir sua gama elétrica no País, com cinco modelos híbridos e elétricos nos próximos cinco anos, que se juntarão ao Golf GTE.
“Quem determinará a velocidade dos elétricos aqui é o consumidor. Hoje menos de 1% do mercado é de elétricos e híbridos. Incentivos ajudam a melhorar a curva, mas quem define a velocidade é o consumidor.”
Sobre o cenário de falta de peças Di Si observou que demanda atenção, mas não provocou, ainda, grandes estragos na produção da VW: “Não temos previsão de parar, mas também não me surpreenderia se precisarmos parar por dois ou três dias nas próximas semanas. Nossa equipe é competente, consegue mudar o mix em cima da hora e trabalha até o último minuto para não parar linha de produção”.
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