São Paulo – Trabalhadores acusam a Volkswagen de, no começo do mês, iniciar processo para demitir 83 funcionários da linha de produção da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP. Dizem eles que a empresa alegou baixo desempenho e/ou alto nível de absenteísmo para justificar o corte, que não passou por negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos local.
Parte destes trabalhadores participou de protesto na segunda-feira, 21, diante da sede do sindicato. Alguns dizem que estavam em lay off, outros que possuem restrição médica e todos os que permaneceram na empresa após acordo coletivo firmado em dezembro do ano passado teriam seus empregos garantidos por cláusula de estabilidade até 2025. As contrapartidas do benefício foram reajuste salarial menor até essa data e PDV, aberto em janeiro e que angariou apenas um terço dos 450 profissionais tidos como excedentes.
Por isto eles têm a convicção de que os cortes não poderiam ter ocorrido devido à estabilidade e que muitos deles teriam sequelas pela atividade exercida ou por acidente de trabalho. Além disso queixaram-se que, em alguns casos, os profissionais terem de exercer uma função na linha de montagem mesmo com lesões, o que diminuiria o desempenho deles.
Pego de surpresa o sindicato convocou os presentes para conversar dentro da sede e, de acordo com o diretor administrativo, Wellington Damasceno, há quinze dias a entidade vem se reunindo com representantes da Volkswagen que, segundo ele, alegou que os metalúrgicos, com alto índice de faltas, não se enquadrariam na estabilidade do acordo.
O sindicalista disse que está sendo realizada a reavaliação caso a caso para verificar a possibilidade de reintegração dos profissionais que não se encaixassem nessa descrição, uma vez que alguns estavam em lay off e outros são lesionados. Damasceno garantiu que daria retorno aos dispensados ainda esta semana.
Procurada a Volkswagen informou que “os desligamentos ocorridos na unidade de São Bernardo do Campo nesses primeiros meses do ano são em sua maioria decorrentes de adesões ao programa de demissão voluntária aberto pela empresa, além de alguns outros casos pontuais de desligamento com direitos. A empresa reitera que todos os direitos previstos na legislação vigente estão sendo oferecidos aos empregados envolvidos”.
No mesmo dia, à tarde, o sindicato afirmou que haveria outra reunião com a montadora, que este mês retomou o segundo turno de produção na Anchieta, suspenso por quatro meses devido à falta de semicondutores. Da linha de produção saem em torno de 370 veículos por dia: Nivus, Virtus, Polo e Saveiro. A expectativa é dobrar esse volume com o reforço na produção.
A fábrica tem capacidade total de produzir 1,1 mil unidades diárias, em três turnos, o que não ocorre desde 2020. Atuam na unidade do ABC em torno de 8 mil trabalhadores.