São Paulo – A unidade Anchieta da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, SP, vai retomar em março o segundo turno de produção, suspenso há três meses devido à falta de semicondutores. Para compor o efetivo, cerca de 1 mil metalúrgicos, de um total de 1,9 mil em lay off, voltarão ao trabalho no dia 2, após o Carnaval.
A informação, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi confirmada pela montadora.
Com isso, a expectativa é a de que o volume de carros fabricados na planta da Anchieta, que atualmente gira em torno de 370 por dia, seja dobrado. Da linha de produção saem os modelos Nivus, Virtus, Polo e Saveiro. A capacidade diária total da unidade é de 1,1 mil veículos, marca atingida com os três turnos de produção, o que não ocorre desde 2020.
Embora a crise de abastecimento dos chips ainda não tenha sido solucionada – e, conforme projeções da Anfavea, deva se estender por este ano inteiro, podendo ser sanada apenas em 2023 –, a melhora no fornecimento permitiu o retorno do segundo turno da montadora. Diretor administrativo do sindicato, Wellington Messias Damasceno disse que para equilibrar a equação a montadora vai redirecionando a produção conforme a disponibilidade dos componentes eletrônicos e, em tempos de maior escassez são priorizados os carros que levam menor número de chips, caso da Saveiro.
Os cerca de 1 mil operários terão seu retorno antecipado, uma vez que muitos deles entraram em lay off em novembro, quando foi suspenso o contrato de trabalho de 1,9 mil profissionais. O período de afastamento era previsto para se estender por até cinco meses.
Damasceno destacou que a retomada do segundo turno exerce impacto positivo em toda a cadeia produtiva: “Nem todos os fornecedores têm a mesma capacidade das montadoras de manter seu efetivo em tempos de queda na produção. Para lidar com a ociosidade algumas delas migram para outros segmentos, a fim de suprir lacunas, enquanto que outras acabam demitindo. Com o aumento do volume fabricado é possível que haja contratação por parte das empresas terceirizadas”.
Segundo o sindicalista normalmente se considera cálculo de que, a cada contratação em uma montadora, são gerados até oito postos na cadeia. Neste caso, mesmo não se tratando de novas vagas, a volta ao trabalho deverá criar oportunidades de emprego, avaliou.
Na Volkswagen o excedente também diminuiu. Ainda que números atualizados não tenham sido divulgados, a empresa reconhecia até o início do ano volume de 450 trabalhadores sem função. O PDV encerrado em janeiro, porém, contou com a adesão de 174 profissionais. A fábrica de São Bernardo possui atualmente em torno de 8 mil empregados.
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