São Paulo – No início do ano a Volkswagen abriu PDV em sua unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, de onde saem Nivus, Virtus, Polo e Saveiro, que devido à crise dos semicondutores opera em apenas um turno desde novembro. O volume reconhecido de trabalhadores excedentes e, portanto, pretendido pelo programa, era de 450. Diante das adesões insuficientes ao PDV, que se encerraria em 21 de janeiro, a empresa estendeu o prazo por uma semana, mas o resultado, ainda assim, correspondeu a cerca de um terço do buscado: 164 profissionais acenaram à demissão voluntária e ao pacote de indenização adicional às verbas rescisórias, que variava de 35 a 45 salários de acordo com o tempo de casa. A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
E, se nesse contexto forem incluídos também os 1,9 mil operários em layoff por até cinco meses devido à suspensão do segundo turno, o total de trabalhadores ociosos chega a 2 mil 350, 28% dos 8,4 mil empregados em São Bernardo. E o PDV alivia essa conta em apenas 7%.
Apesar do polpudo pacote oferecido pelo PDV Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do sindicato, afirmou que o número de adesões ficou dentro do esperado: “Quase não temos mais aposentados nessa planta, pois boa parte acabou saindo no PDV anterior, e geralmente é esse público que mais aceita a demissão voluntária. Outra parcela que geralmente adere é a de profissionais mais jovens, que aproveitam o pacote para fazer intercâmbio ou migrar de área”.
Segundo Damasceno o cenário econômico também não incentiva a saída da empresa, até porque, geralmente, os recursos são usados para abrir o próprio negócio. Diante das dificuldades e da redução do poder de compra, porém, essa possibilidade tem deixado de ser uma opção. Para quem ficou, apesar de sofrer redução de 4,5 pontos porcentuais no reajuste salarial até 2025, haverá garantia de emprego nesse período. As condições do acordo coletivo foram aprovadas em assembleia em 14 de dezembro, mesma data em que foi anunciado que haveria PDV.
As decisões da Volkswagen para redução de seu efetivo foram motivadas pela brusca queda nas linhas de produção na unidade do ABC, de onde costumavam sair antes da pandemia, e com os três turnos em operação, 1,1 mil veículos diariamente – capacidade máxima da fábrica –, volume que agora gira em torno de 370 unidades: “É preciso que essa crise dos semicondutores seja aliviada para que o segundo turno volte a trabalhar e, com isso, a produção suba para 800 carros por dia”.
A maioria dos profissionais em layoff, que atuava no segundo turno, está afastada há cerca de dois meses. No entanto muitos estão voltando para cobrir os afastamentos por covid, que somente na Volkswagen é de cerca de quinhentos metalúrgicos, mas que traz mais um entrave a todo o setor automotivo.
Perguntada, a montadora afirmou que "está avaliando os próximos passos, mas ainda pode haver mais adesões devido alguns pedidos terem sido feitos por colaboradores afastados".
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