Complexo de pistas de testes em Iracemápolis será utilizado pelas duas empresas e alugado a terceiros
São Paulo – A ampliação do CTVI, Centro de Testes Veiculares Iracemápolis, investimento dividido meio a meio de Mercedes-Benz e Bosch, está em fase final de construção, iniciada em 2020, e será inaugurado no primeiro trimestre de 2023. Por causa da pandemia de covid-19 e das intensas chuvas do fim de 2021 e começo de 2022 as obras atrasaram cerca de oito meses em relação ao que estava previsto no lançamento do empreendimento.
O conjunto de pistas de testes foi construído no mesmo terreno de Iracemápolis, SP, onde, em 2016, a Mercedes-Benz inaugurou o seu primeiro campo de provas para caminhões e ônibus no País, com investimento que chegou a R$ 100 milhões – ao lado da fábrica de veículos inaugurada em 2015 e vendida à Great Wall Motor no fim de 2021.
Esta parte do centro seguirá sendo exclusivo da fabricante de veículos comerciais, que já faz muito bom uso das instalações, incluindo todo o recente desenvolvimento da linha de veículos Euro 6, pela primeira vez integralmente desenvolvida no Brasil.
“O investimento feito em Iracemápolis já se pagou na metade do tempo previsto e também reduziu em 50% o tempo de desenvolvimento de veículos”, afirma Uwe Baake, chefe mundial engenharia da Mercedes-Benz Trucks, que veio em rápida visita ao Brasil para visitar a Fenatran e os produtos da empresa integralmente desenvolvidos no CTVI.
Segundo Baake, sem o centro, não teria sido possível desenvolver toda a linha Euro 6 no prazo requerido para legislação, o Proconve P8, que entra em vigor em janeiro. Além do tempo economizado, também foram poupados muitos gastos com a logística de enviar caminhões para testes no campo de provas da Mercedes-Benz na Alemanha, como era feito antes com todos os veículos.
“Economizamos muito tempo e dinheiro, e já pagamos o investimento, inclusive com a exportação de serviços, pois hoje também mandamos a Iracemápolis para testes os veículos que produzimos na China”, explica o chefe de engenharia. “O CTVI já faz parte de nossa rede internacional de desenvolvimento, agora temos mais opções para dividir a agenda. Por exemplo, agora que terminamos os testes dos caminhões e ônibus Euro 6 para o Brasil, já podemos agendar o espaço para a subsidiária chinesa, assim aumentamos a produtividade do centro.”
“O Brasil é muito importante para nós, por isto foi a primeira opção quando decidimos fazer mais um campo de provas no mundo.”
Uwe Baake, chefe mundial de engenharia da Mercedes-Benz Trucks
Ampliação – A fase 2 do CTVI, em sociedade com a Bosch, vai atender as necessidades de desenvolvimento das duas empresas e as horas vagas serão locadas para outros fabricantes de veículos e autopeças. Poderão ser testados e homologados não só caminhões e ônibus, mas também automóveis, comerciais leves e até tratores. “Na América Latina não existe outro centro de testes comparável”, afirma Baake.
Andreas Hueller, diretor da Bosch responsável pelas obras e pela operação do CTVI, conta que o campo foi inspirado no centro da Bosch em Boxberg, na Alemanha, e construído com os mesmos padrões de qualidade e acurácia, inclusive com a contratação de uma empresa alemã de engenharia especializada na construção de campos de provas veiculares.
“Bosch e Mercedes têm muita experiência em campos de provas na Europa e uma longa parceria histórica. Nossos clientes aqui já demandavam essa facilidade aqui no Brasil, o que nos motivou a consolidar essa parceria com a Mercedes”.
Ele observa que o CTVI tem características únicas no País. Ele destaca especialmente a pista oval de alta velocidade pavimentada com asfalto, o que torna os testes mais precisos, com três faixas e inclinação de 25% nas curvas. A área para testes de dinâmica veicular tem 220 metros de diâmetro e inclinação máxima de 1%. Já a pista destinada a ensaios de dirigibilidade tem 7 metros de largura e 1,7 km de extensão.
“Esta pista é um presente para a engenharia brasileira, que poderá realizar aqui mesmo no País muitos dos desenvolvimentos necessários para atender as metas do Rota 2030, como testes de eficiência energética, ruídos, segurança e frenagem”, resume Baake.