São Paulo – A América do Sul deverá ter, em 2023, mais um ano de crescimento nas vendas de automóveis e comerciais leves. Segundo projeções da Bright Consulting serão vendidos 3 milhões 370 mil veículos leves, volume 4% superior ao do ano passado, com o Brasil representando em torno de 60% do volume. O consultor Cássio Pagliarini afirmou que a expectativa é de manutenção do crescimento gradual nos principais mercados da região:
“Este é o segredo: crescimento contínuo, consistente, sem grandes saltos como já vimos no passado. E as nossas perspectivas indicam que Argentina, Brasil, Chile e Colômbia, os principais mercados da região, seguirão em expansão”.
Mesmo projetando um cenário positivo o consultor lembrou que não considera na projeção algum fato negativo que possa impactar nos negócios, como ocorreu nos últimos anos com a chegada da pandemia da covid-19 e com a falta de componentes.
O consultor projeta crescimento de 5% nos emplacamentos no Brasil, ainda impulsionado pelas locadoras, que estão renovando suas frotas. Pagliarini revelou um percentual interessante: no último trimestre de 2022 as vendas para locadoras representaram um terço do total comercializado pelas montadoras.
Para 2023, além da expectativa de alta, ele também enxerga alguns movimentos positivos em alguns países, caso do encontro do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, com o da Argentina, Alberto Fernández, em busca de uma solução para o comércio local, que está sendo afetado pela questão cambial. Para Pagliarini conversas em busca de soluções são o primeiro passo para resolver este problema e uma possível solução deverá ajudar a indústria automotiva, que também pode elevar o volume exportado para a Colômbia.
O Chile continuará sendo o segundo maior mercado da América do Sul, à frente da Argentina, como em 2022. As vendas no Chile cresceram com robustez em 2021 e 2022 e, para 2023, a expectativa é de um avanço de 5% a 8%, com grande volume de veículos produzidos na China.
Na Argentina, que deverá seguir na terceira posição do ranking por país, a projeção também é de crescimento para 2023. Na visão do consultor o país já passou pelo seu pior momento, que foi em 2021. O porcentual de incremento esperado é de 5% a 8%. Na Colômbia, mercado considerado bastante estável, a expectativa também é de expansão de um dígito.
O Peru, quarto principal mercado da região, é o que a Bright monitora com menos otimismo, por causa das instabilidades políticas locais, que dificultam projetar como será o ano. Em 2022 o mercado local avançou 0,7% ante 2021, quase igualando o resultado.
Balanço – Em 2022 a região somou 3 milhões 260 mil automóveis e comerciais leves comercializados, após crescimento em quase todos os países. O Brasil encerrou o ano com 1 milhão 960 mil unidades emplacadas, queda de 0,7%, sendo o único dos maiores que recuou. O Chile, segundo maior mercado, chegou a 410 mil vendas, alta de 3% ante 2021. Assim como no Brasil e no mundo os SUVs estão aumentando sua participação, saindo de 30,5% em 2020 para 40,8% em 2022, representando a preferência dos consumidores.
Na Argentina, que somou 372,8 mil vendas e alta de 4,9% sobre 2021, a maior demanda foi por sedãs e picapes, veículos produzidos localmente e que receberam benefícios fiscais desde o fim de 2021, segundo a Bright. O segmento de sedãs tinha participação de 17,7% em 2021 e encerrou 2022 com 26,1%, e as picapes médias saíram de 18,1% para 21,7%. O segmento SUV caiu de 17,2% em 2021 para 13,1% em 2022, por causa dos impostos maiores que afetam o preço final.
A expansão do mercado colombiano foi de 2,6% em 2022, somando 238,7 mil unidades comercializadas. Por lá o mix de vendas por segmento se manteve estável na comparação com 2021. No Peru as vendas avançaram 0,7% com 153 mil 950 veículos entregues e os SUVs tiveram participação de 37,4%, contra 31,1% em 2021.