Peças da cabine do caminhão Highline estão em desenvolvimento e serão estampadas na Anchieta
São Bernardo do Campo, SP – Acostumada a fornecer ferramentas e estampados para outras fábricas e empresas do próprio Grupo Volkswagen a área de ferramentaria da Volkswagen Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, que completou 65 anos no ano passado, finaliza projeto para fornecer ferramentas e estampar peças para a Scania, distante poucos quilômetros na mesma cidade. São componentes da parte superior da cabine dos caminhões da linha Highline, atualmente importados da Suécia.
Como a Scania integra o Grupo Traton, criado a partir de um spin-off do Grupo Volkswagen para focar na área de veículos comerciais pesados, o contato acabou sendo natural. Foi a terceira tentativa da fabricante de caminhões de nacionalizar estes componentes, de acordo com Fernando Gonsalez, seu gerente executivo de compras.
“Iniciamos os contatos com a ferramentaria da Volkswagen em outubro de 2021. Foi um ano de estudo de viabilidade e o martelo foi batido há cerca de seis meses. Em mais seis meses deveremos receber a primeira peça para avaliação.”
O prazo para que a Volkswagen torne-se, efetivamente, fornecedora da Scania ainda é difícil de estimar: o processo de desenvolvimento de uma ferramenta é longo e depende de diversos fatores para que esteja 100% aprovado, explica Flávio Pessutte, gerente executivo da Ferramentaria Volkswagen. “O ciclo total leva em torno de dois anos. Hoje temos de seis a sete projetos no processo”.
Fernando Gonsales, da Scania, e Flávio Pessutte, da Volkswagen. Atrás, peças do caminhão Highline.
A ferramentaria da Anchieta foi inaugurada junto com o início da montagem da Kombi. Era responsável, à época, por realizar pequenos ajustes. Um ano depois o setor iniciou a preparação para fabricar o ferramental para o processo de estampagem. É atualmente a segunda maior da Volkswagen, só superada pela da matriz, em Wolfsburg, Alemanha. Há ainda outras três ferramentarias: na Alemanha, em Portugal e no México.
Pessutte disse que com a pandemia diversos projetos acabaram sendo adiados e a ferramentaria Anchieta chegou a ficar ociosa, o que permitiu aceitar encomendas de fora. A unidade tem em seu currículo projetos para os elétricos ID.3 e ID.4, o Taos e, mais recentemente, o novo Virtus. A Volkswagen Caminhões e Ônibus também encomendou ferramentas na Anchieta, que já exportou para China, Irã e Hungria.
“Atualmente não estamos buscando clientes de outras empresas, mas por que não fazer isto no futuro?”, disse o gerente, que recém colocou no ar um site dedicado à área: https://ferramentaria.vw.com.br. “A ideia é abrir as portas para interessados.”
Ferramenta em desenvolvimento para a Scania
Desenvolvimento na região
Nos últimos oito anos a Volkswagen investiu 20 milhões de euro em sua ferramentaria, para atualizar os equipamentos e processos. Atualmente 380 pessoas trabalham no setor, em até três turnos dependendo da área, cinco dias por semana. Mais do que isso a ferramentaria colabora com fornecedores do Grande ABC.
“Nossa capacidade atualmente está tomada”, disse Pessutte. “Como temos muitos processos acabamos encomendando itens e componentes a fornecedores da região. Ajudamos a gerar empregos e a desenvolver estas empresas, muitas delas pequenas.”
A proximidade física com a Scania – são cerca de 5 quilômetros de distância – colaborará também com a logística e eficiência do processo. Gonsalez, da Scania, destacou que comprar a peça da Volkswagen em São Bernardo reduzirá em mais de 90% a emissão de CO2, até porque, atualmente, os componentes que estão em processo de nacionalização são importados da Suécia: “Teremos economia de custo com qualidade e maior sustentabilidade”.
O executivo deixou transparecer que este pode ser apenas o primeiro projeto conjunto da VW com a Scania no Brasil.
