São Paulo – A produção de veículos tem efeito multiplicador no resultado do PIB, Produto Interno Bruto, segundo análise do economista Roberto Luís Troster, sócio da Troster e Associados, que participou de painel no Seminário Megatendências 2023 – O Novo Brasil, organizado pela AutoData Editora. Quando a indústria automotiva cresce ela puxa, junto, diversos outros setores da economia, inclusive da área de serviços.
“Se a produção de automóveis cresce o Brasil cresce junto. Quando um veículo é produzido há efeito sobre a cadeia de autopeças, rede de distribuição, transporte e outros serviços correlatos. O mesmo vale para toda a indústria de transformação, o efeito é multiplicador no PIB.”
Para Troster o governo está correto na sua identificação de que precisa fortalecer o setor industrial, mas ainda há muita lição de casa a ser feita: “Só a boa intenção não resolverá”.
O economista destacou que o Brasil tem uma participação baixa na relação crédito versus PIB, em torno de 65%, enquanto em economias semelhantes, de porte médio a alto, chega a mais de 120%. Está aí, na sua visão, uma possibilidade de fomentar o crescimento do País, algo que demandaria mudanças na política de juros e tributária.
“A inflação acabou faz 29 anos e continuamos tributando pesadamente o crédito. Temos quase 70 milhões de cidadãos negativados: eles são maus pagadores ou a oferta de crédito é mal formulada? Por ano o Brasil gasta mais com juros da dívida do que com saúde ou segurança. [Baixar os juros] não é questão de ideologia, é matemática.”
Na questão tributária, ressaltou Troster, é preciso simplificar a cobrança de impostos, unificando alíquotas e encerrando as guerras fiscais de estados e municípios. Hoje, em um ranking de dificuldades de pagar impostos, o Brasil ocupa a 184ª posição.
“O Brasil precisa simplificar e melhorar sua competitividade. Poderíamos ser o hub industrial da região, mas não somos porque temos esses entraves competitivos. Hoje, de cada dez empresas abertas no Paraguai, sete são de donos brasileiros. Não são só os investidores de outros países que não investem aqui: os próprios brasileiros procuram alternativas menos onerosas em outros países.”