Uma das metas mais ambiciosas do Grupo Schaeffler, que consta logo na abertura de seu Relatório Anual de Sustentabilidade 2022, é tornar a empresa neutra em carbono até 2040. Portanto, vinculado a este propósito, novas tecnologias voltadas a eletrificação são primordiais.
E é ali, no line-up de conceitos atualmente produzido pela empresa, que algumas dessas novas tecnologias híbridas têm surgido, e, por se basearem em sistemas atualmente fabricados, possuem aplicação imediata. Um deles, batizado de P0, é tão simples… como genial.
De acordo com Claudio Castro, diretor executivo de P&D da Schaeffler, os acionamentos híbridos serão responsáveis por aproximadamente 40% do mercado mundial até 2030. “Isso inclui acionamentos híbridos leves, completos e plug-in”, destaca. O P0 é o chamado “acionamento leve”. Para mercados em crescimento, a hibridização continua sendo uma opção extremamente atraente para reduzir as emissões de CO2 do tráfego.
Renato Acácio, que é gerente da Engenharia de Motores da marca, e trabalha na unidade de Sorocaba (SP), quantifica essa redução. “Conseguimos até 3,8% de redução de CO2”, garante.
Como funciona
A arquitetura P0 com sistema de tensionamento da Schaeffler possibilita, através de investigações e simulações específicas, que essa tecnologia de tensionamento seja acoplado aos alternadores de 48V e de 12V, ou em meio ao layout do sistema acessório de veículos. “Esse sistema dispensa o uso do motor de partida, o que, além do peso, reduz o custo de produção do veículo e isto auxilia na viabilização do investimento desta nova tecnologia”, explica o supervisor de Engenharia, Carlos Alberto Francisco de Moura Filho.
O engenheiro explica. Em um sistema convencional, o sistema acessório atua de forma passiva, pois é conduzido pelos acionamentos realizados pelo virabrequim. Quando passamos a função de Start-Stop para o sistema acessório, este sistema passa a ter uma função ativa (gerando movimento/torque) durante algumas estratégias de funcionamento (Start- Stop & Boost). A partir do momento em que um acionamento elétrico impacta na diminuição do esforço do motor a combustão, este sistema pode ser rotulado de “híbrido”, tendo esta classificação os veículos com sistema “P0” (Híbrido Leve), podem se enquadrar e aproveitar de benefícios tributários voltados a veículos híbridos.
Dentre as estratégias de funcionamento, temos a condição de “Recuperation” que ocorre durante a desaceleração, onde a energia cinética é convertida em energia elétrica e utilizada para carregamento da bateria. No momento da aceleração identificamos a estratégia “Boost”, que, em um curto período, o sistema acessório novamente atua com um sistema ativo. Quando estamos prestes a parar o veículo, antes mesmo de parar por completo, o motor é desligado (dependendo da estratégia de cada montadora) e o sistema “BAS” (Belt Alternator Starter) iniciará o motor de forma suave com um alto torque assim que solicitado.
Estes diferentes tipos de estratégias e mudança de ponto de geração de torque necessitam de um sistema de tensionamento eficiente e preciso e a Schaeffler possui este conceito e conhecimento para implementá-lo. Esta tecnologia se torna ainda mais interessante pelos benefícios obtidos, como o impacto significativo na redução de emissões de CO2 em torno de 3,8% a 6,6%, pela sua relação custo-benefício com a eliminação de componentes e pela aplicação em veículos atuais de forma “plug&play” em algumas situações.