Resende, RJ – A fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Córdoba, Argentina, abrirá as portas no segundo semestre. O investimento integra aporte de R$ 1,5 bilhão, a ser concluído em 2025, que inclui, além deste projeto de internacionalização, o desenvolvimento de tecnologias e de versões de veículos elétricos, como o chassi e-Volksbus, no complexo industrial de Resende, RJ.
Em um primeiro momento, contou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a fábrica brasileira enviará CKDs e os veículos serão montados em Córdoba.
“Não há fornecedores para veículos comerciais suficientes por lá. Se, futuramente, nossos parceiros abrirem fábricas na Argentina, os veículos passarão a ser produzidos em Córdoba.”
Principal destino de exportação da montadora por muitos anos a Argentina recentemente foi desbancada pelo México devido a problemas com a economia local, principalmente relacionados à escassez de dólares, o que fez com que os argentinos, diante da falta de divisas, colocassem o pé no freio nas encomendas de caminhões importados, como os da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Toda essa problemática também traz burocracia no desembaraço dos veículos. Tanto que, no fim de maio, chegou a ser formada fila de setecentos caminhões VWCO para ingressarem na Argentina: eles geralmente chegam sobre uma carreta ou embarcados em navios: “Esse tempo parado significa prejuízo. Por isto precisamos antecipar ou agilizar nossa linha de produção por lá”.
Os primeiros veículos especiais começarão a sair de fábrica este ano, afirmou Alouche, ao complementar que não será uma produção seriada, por ora: “Haverá uma pré-série de modelos que são comercializados por lá, a princípio, a linha Constellation, que é a mais vendida na Argentina. Como opção também teremos o Delivery, em um volume menor. E o Meteor, que foi introduzido no país recentemente, será o passo seguinte”.
A capacidade produtiva da fábrica de Córdoba é de 5 mil unidades por ano. O plano, de acordo com Alouche, é atingir novamente este volume, que de 2009 a 2011, quando houve pico de vendas tanto no Brasil como na Argentina, já foi alcançado.
Este período, que incluiu a mudança de motorização de Euro 3 para Euro 5, ocorreu ao mesmo tempo nos dois países. No entanto, por causa da crise econômica argentina e do custo elevado da tecnologia Euro 6, a transição na Argentina foi postergada.
A inauguração da fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Córdoba a somará às unidades do Brasil e do México na América Latina. Há, também, linha na África do Sul na qual são montados caminhões Constellation em fábrica da Man.
Volkswagen Caminhões e Ônibus quer produzir na China
Dentro do programa de internacionalização da marca a VWCO tem a missão de tornar-se a número 1 da América Latina, além de conquistar pelo menos 10% de mercado na África, onde ainda há muitos veículos Euro 3, e avançar à Ásia, em três fases distintas, contou Alouche:
“China, Filipinas ou Austrália, não sei, virão nessa terceira etapa. Estamos analisando irmos para a China levando a marca Volkswagen Caminhões e Ônibus, produzindo localmente”.
O executivo contou que a companhia está buscando forma de tornar viável a produção na China, no longo prazo, dentro do Grupo Traton – a Scania iniciará produção no país a partir de parceria com a Sinotruk.
“Teremos que analisar os custos. Parte das peças virão daqui mas outra parte, obrigatoriamente, terá de ser localizada, senão não seremos competitivos. E para montar fábrica lá é necessário ter compromisso com o governo ou com uma empresa local.”