São Paulo – Tem nome o resultado da equação que considera o aumento dos preços dos caminhões de 20% a 30% por causa da entrada em vigor das novas normas do Proconve, o encarecimento do crédito e a maior restrição para acessá-lo, além da dificuldade em destinar veículo acima de vinte anos para a reciclagem a fim de obter desconto de R$ 33 a R$ 99 mil: é a baixa demanda e, consequentemente, a queda na produção do setor. Dados da Anfavea apresentados na segunda-feira, 7, mostram que apenas 29% dos caminhões vendidos em 2023 foram produzidos durante o ano, ou seja, estão equipados com motor Euro 6.
De acordo com o vice-presidente Gustavo Bonini “se acompanhássemos a média dos últimos cinco anos o porcentual de caminhões produzidos e vendidos no mesmo ano, neste mesmo período, deveria estar em 50%”.
Bonini justificou que o tradicional movimento de antecipação de compras diante da mudança de motorização contribuiu com o cenário. Lembrou que o porcentual de 29% dos veículos fabricados e vendidos no mesmo ano, de 2018 a 2022, havia sido alcançado em abril: “Estamos três meses com defasagem devido à pré-compra feita no ano passado”.
De janeiro a julho de 2023 foram produzidos 53,9 mil caminhões, volume 36,2% abaixo do mesmo período do ano passado, que acumulava 84,5 mil unidades. Esta quantidade também está inferior ao fabricado no mesmo período de 2021, quando 89,5 mil caminhões haviam saído das linhas de montagem, a despeito do ápice da pandemia e de problemas com fornecimento de componentes e semicondutores. O resultado supera apenas os primeiros sete meses de 2020, período marcado pela chegada do coronavírus e pelo consequente fechamento das fábricas no País, que ainda assim contou com 41,6 mil veículos.
No mês passado foram produzidos 6,7 mil caminhões, tombo de 47% em comparação a julho de 2022, 12,7 mil unidades, e recuo de 4% com relação a julho, em que foram fabricadas 7 mil unidades.
A produção de caminhões ainda está em ritmo lento pois o mercado segue com baixa demanda pela nova tecnologia Proconve P8, avaliou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite: “A demanda ainda está aquém do esperado, desejado e necessário”.
Quanto às 8,4 mil unidades comercializadas em julho, na comparação com o mesmo mês no ano passado, a queda foi de 27,6% frente às 11,6 mil na época. Com relação a junho, porém, quando os emplacamentos somaram 7,9 mil unidades, houve crescimento de 6,2%.
No acumulado do ano os 60,9 mil caminhões emplacados ficaram 11,9% abaixo do mesmo período em 2022, que registrou 69,2 mil. O total também ficou aquém dos sete primeiros meses de 2021, com 70,7 mil unidades, superando somente igual período de 2020, que totalizou 47,4 mil unidades.
Mudanças nas regras para caminhões no programa do governo dão esperança
Bonini afirmou que os resultados estão dentro do que havia sido projetado pela entidade, apesar da torcida para que os volumes aumentem. Com relação ao programa do governo e do desconto previsto pela MP 1 175 o vice-presidente da Anfavea lembrou que, em julho, foi publicada portaria do MDIC regulamentando a operação e, no fim do mês, houve deliberação do Contran para simplificar o processo de destruição do veículo antigo a fim de promover a renovação da frota.
Foi dispensada a exigência de que o modelo vendido e o adquirido sejam da mesma pessoa e também foi permitido que mais de um veículo seja entregue para se obter o benefício. Ao mesmo tempo as montadoras têm se movimentado para orientar sobre a reciclagem.
“Isso é muito importante para avançar e simplificar esse processo. Agora em agosto já tivemos notícia de alguns processos foram iniciados. A expectativa é a de que este mês isso ganhe ainda mais corpo para conseguir avançar. A frota envelhecida é um grande problema do nosso País, o que será enfrentado também com o Renovar, que está em sua fase final.”