São Paulo – Ao contrário do segmento leve, que registrou queda nas vendas de agosto na comparação com julho, o desempenho de caminhões e ônibus foi positivo de um mês para o outro, com alta de 9,6% nos licenciamentos de veículos comerciais pesados. Em caminhões os licenciamentos avançaram 10,6% e em ônibus a alta foi de quase 5%, segundo divulgou a Fenabrave na segunda-feira, 4.
Esta reação pode ter sido ajudada pela simplificação das regras de adesão ao programa de descontos do governo, criado pela MP 1 175 e ampliado pela MP 1 178, que vão de R$ 33 mil a R$ 99,6 mil. Embora este atrativo esteja disponível desde meados de junho a dificuldade em cumprir regra crucial para acessar o benefício, que é a destinação de outro veículo acima de vinte anos de uso para a reciclagem, fez com que a adesão fosse baixa.
Desde o fim de julho, porém, houve deliberação do Contran para simplificar o processo de destruição do veículo antigo a fim de promover a renovação da frota. Também foi dispensada a exigência de que o modelo vendido e o adquirido sejam da mesma pessoa, além de permitido que mais de um veículo seja entregue para se obter o benefício.
Tanto que o vice-presidente e ministro do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, recentemente sinalizou com a possibilidade de estender a validade do programa até que os recursos de R$ 1 bilhão dedicados a ele sejam consumidos, em vez de encerrá-lo este mês, conforme o previsto.
O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, lembrou que apenas R$ 100 milhões foram usados para a aquisição de caminhões e R$ 170 milhões para ônibus.
No ano, porém, o desempenho segue abaixo e no mês passado foram emplacados 10,8 mil veículos pesados, volume 24,5% aquém do registrado em agosto de 2022. A queda foi puxada por caminhões, que respondem por 8,9 mil unidades daquele volume, recuo de 27% ante as vendas de um ano atrás. Os 1,8 mil ônibus comercializados também ficaram 8,7% abaixo do mesmo mês no ano passado.
No acumulado do ano, assim, as 84,4 mil unidades emplacadas representam recuo de 9,8% frente ao período de janeiro a agosto de 2022, sendo que para os 67,4 mil caminhões o porcentual da retração é ainda maior, de 16,6%.
As vendas dos 17 mil ônibus, por sua vez, estão 33,2% acima dos oito primeiros meses do ano passado, o que se justifica por causa da baixa base de comparação dos últimos anos, uma vez que o segmento foi um dos mais prejudicados por se caracterizar como transporte coletivo.
Andreta Júnior avaliou, porém, que o mercado está se ajustando com relação aos valores dos veículos: “Em agosto 77% dos caminhões emplacados foram com a tecnologia Euro 6. As MPs estão surtindo efeito e os programas de financiamento, que serão baseadas na Selic, e foram anunciadas, recentemente, pelo governo federal, são benéficas para o segmento e para toda a sociedade, pois contribuem para termos modelos mais novos e seguros nas nossas vias”.
Quanto aos ônibus licitações para a renovação de frota em prefeituras, além da retomada do turismo, têm estimulado demandas reprimidas durante a pandemia. O dirigente destacou ainda que o Caminho da Escola deverá contribuir para elevar as vendas. O edital publicado pelo FNDE prevê a compra de 16,3 mil unidades pelo governo federal e as empresas interessadas terão até o dia 12 para fazer suas ofertas.