Instituto está se preparando para assuntos que pautarão a qualidade automotiva nos próximos anos
São Paulo – Em seu novo mandato à frente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, o engenheiro mecânico Claudio Moyses, que também é gerente sênior de qualidade da Stellantis, está focado em assuntos que farão cada vez mais parte do dia a dia das fabricantes de veículos e de toda a cadeia de suprimentos, rede de concessionários e oficinas mecânicas. Tratam-se de temas que vêm pautando o futuro – e o presente, quando se fala de empresas de maior porte – do setor e que serão partes fundamentais da qualidade automotiva nos próximos anos, como descarbonização, sustentabilidade e transformação digital.
Tudo isto, segundo Moyses, sustentado pela educação, pois tão importante quanto se se preocupar com estes temas e se qualificar para provê-los é capacitar os profissionais que estarão imersos nessa nova realidade:
“Mesmo com o IQA sendo uma entidade sem fins lucrativos temos também de ser sustentáveis e desenvolver novos negócios. Precisamos sempre melhorar nossa competitividade e levá-la a toda a cadeia, incluídos concessionários e mecânicos, na forma de soluções frente às necessidades detectadas”.
Os desafios, portanto, vão além de ampliar a quantidade de fornecedores certificados em processos necessários para atender a uma montadora ou para exportar seus produtos. Passam também pela acreditação para oferecer qualificações que, muitas vezes, só existem no Exterior, e desenvolver, com atores locais, treinamentos em linha com esses temas.
Na diretoria executiva do IQA desde 2018, em 2020 Moyses assumiu interinamente a presidência e, em 2021, foi eleito. Agora ele realizará trabalho de continuidade ao ter sido reeleito para nova gestão que se estende até 2025.
Quanto à sustentabilidade o dirigente contou que o instituto detectou a importância de apoiar essa questão há mais ou menos dois anos, frente à maior disseminação da agenda ESG, e optou por se aprofundar no assunto, o que gerou nova área dentro do IQA, o IQADS. “Alinhados com os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável], da ONU [Organização das Nações Unidas], trabalhamos desde o diagnóstico, a materialidade, os relatórios, toda a parte de sensibilização e conscientização, treinamentos e projetos especiais, até o compartilhamento de boas práticas.”
O dirigente contou que durante o período de discussão sobre como auxiliar à propagação da sustentabilidade as primeiras reações do mercado foram a de que esse não seria um assunto para qualidade:
“Todos gravam muito somente a questão ambiental. Mas o que aprendemos é que a parte mais importante é a governança, onde está incluído o sistema de qualidade. A própria ISO vem discutindo revisão das normas de certificação, já incluiu gestão de riscos e, agora, está olhando para a sustentabilidade”.
O IQA está desenvolvendo plataforma online que pode gerar diretamente estes relatórios, com o objetivo de evitar casos de greenwashing e socialwashing. O lançamento está previsto para o fim de agosto e, por enquanto, não foram divulgados pormenores da iniciativa.
Moyses contou que já operaram com duas empresas acerca desse tema. Para uma delas a interface do IQA foi acionada para a escola de manufatura de um fornecedor que queria trabalhar diretamente com comunidade próxima à empresa, a fim de buscar jovens em fase escolar interessados no ramo e assim formar novos colaboradores. O outro caso é com montadora que solicitou apoio do IQA para desdobrar a questão do desenvolvimento sustentável na cadeia de fornecedores:
“Estamos desenvolvendo plataforma, temos um projeto de dois anos com a fabricante. É o famoso escopo 3 da ESG.”
Temas tecnológicos ganharam área específica dentro do instituto
Com relação à transformação tecnológica a entidade também possui um braço específico para isso, o IQMX, que significa inovação, qualidade, mobilidade e experiência, e que busca diversas referências internacionais.
“O grande desafio da tecnologia é a questão da mudança cultural e das pessoas, ponto este que o IQA tem trabalhado de forma bastante focada. Além de olhar para metodologias, olha para pessoas também. Estamos desenvolvendo projeto com a academia em que traremos todos os treinamentos para esta área de solução digital para que possamos ter metodologias ágeis, desenvolvimento de cultura e visão de mentoria para os profissionais da qualidade.”
O dirigente ressaltou que o objetivo é buscar adaptar as ofertas do IQA para toda a cadeia, a fim de agregar valor, pois não adianta desenvolver um projeto custoso que talvez as montadoras acompanhem, mas não os fornecedores nem os concessionários.
Moyses propôs a transferência de tecnologia para empresas do setor a fim de que se tornem mais competitivas, uma vez que esse caminho é mais viável do que desenvolver algo do zero no País.
Quanto à questão de conectividade contou que o IQA está trabalhando com a Anatel a fim de desenvolver certificação para os carros conectados, com o objetivo de trazer maior segurança à questão dos dados. Ainda nesta questão o instituto oferece certificação local sobre segurança cibernética, chamada Tisax, desenvolvida com a alemã Dekra.