São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está negociando novo acordo coletivo com a Volkswagen. O contrato vigente para os trabalhadores da fábrica Anchieta vai até 2025 e o objetivo é estendê-lo até 2028, assegurando, principalmente, a manutenção do emprego. As conversas recentes foram motivadas por novo ciclo de investimentos de € 1 bilhão focado em eletrificação que, segundo a entidade, ainda deverá ser anunciado pela empresa e partilhado pelas quatro fábricas localizadas no Brasil.
A companhia, por sua vez, alegou que não há novo investimento para anunciar no momento, uma vez que ainda está no atual ciclo de R$ 7 bilhões, de 2022 a 2026. Mas reconheceu as tratativas:
“As negociações sindicais são uma parte importante do relacionamento da Volkswagen com seus funcionários. Com 70 anos de história no Brasil busca sempre o melhor entendimento e colaboração em benefício de seus empregados e do ambiente de trabalho”.
O sindicato realizou assembleias na quinta-feira, 31, com os trabalhadores na porta da fábrica em São Bernardo do Campo, SP, a fim de informá-los sobre as conversas com a fabricante acerca do novo aporte, que prevê investimentos em novos produtos na fábrica para os próximos cinco anos e que abre margem para a extensão do acordo coletivo.
O diretor administrativo do sindicato, Wellington Damasceno, assinalou que é fundamental rediscutir o contrato de trabalho porque, a partir de 2026, eles não têm mais acordo: “Precisamos assegurar previsibilidade durante o período do investimento”.
Quanto à injeção de recursos Damasceno afirmou que, embora ainda não seja sabido como será feita a partilha, a ideia é pleitear novos veículos e plataforma eletrificada para a unidade Anchieta:
“É uma notícia muito boa que não estava no nosso radar. Esperávamos o anúncio de investimentos globais e ficamos felizes em saber que receberemos uma parcela. Isso traz boas perspectivas não só para a manutenção do emprego e continuidade das fábricas mas, também, como indução do setor de autopeças rumo à eletrificação”.
Para o sindicalista a partir desse movimento puxado pela montadora os fornecedores, grande parte multinacionais, começarão a fazer uma adaptação do que é praticado em outros países.
Além disso as políticas dedicadas a promover a descarbonização tendem a ganhar mais força, o que deverá começar a estimular a possibilidade de desenvolvimento local: “Penso que se não começarmos a testar essa tecnologia podemos ficar para trás, mesmo com a vida útil dos veículos a combustão ainda tendo muitas décadas a frente”.
O acordo é previsto para ser costurado em setembro e outubro, quando os investimentos globais da montadora deverão começar a ser anunciados.
A a unidade da Anchieta conta com 8,2 mil funcionários, sendo cerca de 5 mil no chão de fábrica.