Linha de produtos Dacia ficou no passado e oito modelos chegarão aos mercados com o objetivo de duplicar o lucro líquido por veículo vendido
Rio de Janeiro, RJ – O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, RJ, foi escolhido como cenário para a divulgação do planejamento da Renault nos seus chamados mercados internacionais, que envolve investimento de 3 bilhões de euro para o lançamento de oito modelos, dos segmentos B, C e D, montados sobre duas plataformas. Uma delas, agora rebatizada como CMF Global, foi instalada em São José dos Pinhais, PR, de onde começa a sair, em dezembro, o Renault Kardian, o primeiro desta nova fase do plano Renaulution, a Renovation.
Um spoiler, em forma de carro conceito, deu indicações de mais um destes oito modelos: a picape Niagara, cujo design foi concebido pela equipe brasileira. De acordo com Fabrice Cambolive, CEO global da marca Renault, dois veículos comerciais, cinco automóveis dos segmentos C e D e o SUV compacto Kardian compõem a ofensiva.
Nem todos, necessariamente, chegarão ao mercado brasileiro. Mas o País, principal mercado não-europeu da Renault, é forte candidato a receber boa parte dos 3 bilhões de euro, que dividirá com operações industriais no Marrocos, Índia, Turquia e Coreia do Sul – esta receberá uma plataforma diferente, a CMA, em parceria com a chinesa Geely.
“10% do valor, ou 300 milhões de euro [do plano de R$ 2 bilhões anunciado no ano passado], já foram aplicados para a introdução da plataforma e o lançamento do Kardian”, disse Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil. “Os demais modelos serão negociados um a um.”
Luiz Fernando Pedrucci, presidente para a América Latina, adiantou que modelos híbridos flex estão previstos no planejamento. Cambolive afirmou que o objetivo é que um terço das vendas fora da Europa seja de veículos eletrificados. O volume vendido fora de seu continente-matriz corresponde a 40% do total de vendas da Renault.
Plataforma flexível
A CMF global levada para o Paraná monta modelos de 4 a 5 metros de comprimento e de 2,6m a 3m de entre-eixos, com quatro medidas possíveis. São três os módulos traseiros disponíveis e os veículos poderão ter tração dianteira ou 4×4, abrindo opções para picapes e veículos fora de estrada. O leque de powertrain também é amplo: motores a gasolina, flex, GLP, MHEV e HEV. Não contempla, porém, veículos 100% elétricos.
As arquiteturas elétrica e eletrônica são novas e oferecem o que há de mais moderno em termos de conectividade, entretenimento e segurança, com ao menos treze sistemas de assistência à direção.
O Kardian é o primeiro veículo a ser produzido sobre a plataforma, que já tem uma picape como candidata a ser um dos, mas não necessariamente o próximo. O conceito Niagara, com algumas modificações, deverá ser mais um modelo a entrar em linha.
Renault Kardian. Foto: Rodolfo Buhrer/Divulgação.
Com o planejamento divulgado na quarta-feira, 25, a Renault espera virar a página e começar uma nova fase no mercado brasileiro. Por aqui os modelos vendidos nos últimos anos foram desenvolvidos pela Dacia, a subsidiária adquirida na Romênia responsável por Logan, Sandero e Duster, dentre outros, em planejamento ainda sob a direção do ex-CEO Carlos Ghosn. A nova fase traz a Renault de volta, com olhar mais direcionado às prateleiras mais elevadas do mercado e na rentabilidade: um dos objetivos divulgados por Cambolive é duplicar o lucro líquido por veículo vendido nos mercados internacionais.
A picape conceito Niagara. Foto: Rodolfo Buhrer/Divulgação.