Câmeras e radares poderão ser produzidos na unidade de Limeira, herdada da TRW
São Paulo – Atenta ao avanço da legislação brasileira determinada pelo Contran, e também pelos requisitos de segurança e tecnologia amplificados pelo Latin NCap, a ZF planeja nacionalizar câmaras que integram a tecnologia ADAS, sistema avançado de assistência ao motorista. Segundo Plínio Casante, gerente sênior de engenharia e operações na América do Sul, ocorrerá em um “futuro breve”.
Casante contou, durante entrevista coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, 13, que está nos planos da ZF a produção local de câmaras e, eventualmente, de radares, na fábrica de Limeira, SP, que, segundo ele, possui toda capacidade para produzir este tipo de tecnologia.
“Além de atender aos requisitos do Latin NCap vemos grandes indícios, com base nos pedidos das montadoras, que essa será a tendência para o nosso mercado. Estamos com estudos de caso para tornar viável o investimento, em estágio bastante avançado, pois falamos que em 2026, 2027 40% da frota disporá da tecnologia. A ZF está atenta a estes dados e, com certeza, se posicionará estrategicamente com recursos para a região.”
A ZF já desenvolveu, testou e anunciou o início da produção em larga escala de sua quinta geração de câmaras na passagem de 2024 para 2025. E, segundo Casante, o objetivo é que esta geração, assim como a anterior, a 4.8, sejam industrializadas no Brasil: “Temos hoje a mesma tecnologia que existe no Exterior, em carros brasileiros, apenas as funcionalidades mudam um pouco porque os requisitos caminham em um passo mais lento por aqui. Mas o produto é o mesmo”.
Andrew Whydell, vice-presidente global de planejamento e estratégia de produtos do Grupo ZF, afirmou que essas câmaras são menores e mais fáceis de ser instaladas atrás do retrovisor dos veículos e, nesta nova geração, têm melhora no desempenho e no campo de visão, de 120 graus, 20% a mais que a geração anterior, e detectam com precisão pedestres, bicicletas e motocicletas com mais de quatro vezes a resolução de imagem, de 8 megapixels:
“Nosso sistema de câmaras é tão ou mais sensível que os olhos humanos. Ele é bom também para procurar marcas de faixas no solo, ainda que estejam um pouco apagadas, e ajudam, ainda, com problemas de clima. Nos Estados Unidos pedimos para ampliar a grossura das faixas de 10 para 15 centímetros pois, assim, ele poderá enxergar ainda mais longe”.
Segundo ele a companhia já produziu mais de 50 milhões de câmaras automotivas, sendo 10 milhões somente no ano passado.
Casante lembrou que a tecnologia ajudará os veículos em localidades em que a infraestrutura é precária, caso de muitas vias brasileiras, e que a câmara saberá, por exemplo, pelo GPS, e a partir de informações em nuvem, onde deveria estar a faixa, compensando assim a perda de infraestrutura.
Quanto aos radares eles complementam o trabalho das câmaras oferecendo a detecção de medidas, seja de velocidades relativas e distâncias também. Eles fazem a fusão de sensores junto com os dados das câmaras e vão além da classificação de objetos, veículos e sinalização de trânsito, dispondo de informações mais precisas.
Fábrica de Limeira está pronta para receber produtos de mais alta tecnologia
Hoje são produzidos em Limeira módulos eletrônicos de airbags – sendo a última geração disponível globalmente –, controladores da parte de freios, que sucederam ao ABS e, a partir do ano que vem, com a regulamentação do Contran que exige o controle de estabilidade.
Casante destacou que a ZF foi o primeiro produtor eletrônico nacional a fabricar módulos de controle de segurança eletrônica como os de airbag e ABS e, mais recentemente, em outubro, lançou o primeiro módulo eletrônico para o controle de estabilidade para veículos de passageiros. Ressaltou que a unidade brasileira da companhia foi a primeira, em âmbito global, a lançar a última geração do módulo eletrônico para direção elétrica integrada ao motor.
“Isso mostra que nossa fábrica tem capacidade de estar totalmente atualizada às tecnologias que são produzidas lá fora a ponto de sermos pioneiros dentro do grupo com uma última tecnologia em direção às colunas de direção elétrica.”
Inaugurada dez anos atrás a linha de eletrônicos já produziu mais de 7 milhões de unidades de controles eletrônicos e a expectativa é que, em breve, supere os 8 milhões. Ali a maioria das ações do processo produtivo é feita por máquinas, totalmente automatizada. E do efetivo de 32 operadores 56% são mulheres.
Ao todo a unidade de Limeira, herdada da TRW Automotive e da Freios Varga, especializadas em sistemas de freios, direção, airbags e eletrônicos, cuja aquisição foi concluída em 2015, emprega cerca de 1,5 mil profissionais.