Companhia está nacionalizando motores de quatro cilindros eletrônico e mecânico, em fase de testes, além de cárter estrutural para tratores e grupo gerador com motorização eletrônica a etanol
Ribeirão Preto, SP – A Cummins Brasil investe para ampliar seu leque de opções de motores fabricados no Brasil, desta vez com aplicação nos segmentos agrícola e de construção. A companhia está apostando no desenvolvimento local de motores eletrônicos e mecânicos a diesel sob plataforma nova, a F, baseada em motores automotivos e semelhante à do Euro 6. Além de grupo gerador com motor eletrônico a etanol que partilha componentes da versão a gás natural.
Uma das apostas é o QSF 4.5, motor eletrônico a diesel com quatro cilindros e faixa de potência de 99 cv a 210 cv apresentado em fevereiro em parceria com a Stara, ao equipar pulverizador da marca. O próximo passo é ingressar no segmento de retroescavadeiras e escavadeiras e, de acordo com Aline Ariceto, supervisora de projetos e gerenciamento de produto da Cummins Brasil, o produto também já está em testes no mercado agrícola, com uma fabricante de máquinas que prefere o anonimato.
“Essa tecnologia substitui a densidade de motor de forma mais eficaz do que existe hoje, com redução de consumo de combustível de 5% a 10%, de acordo com todas as validações e liberações que fizemos. Além disto tem um custo até 10% menor que o seu antecessor.”
Fabricado em Guarulhos, SP, o QSF 4.5 eletrônico possui 65% de conteúdo local: “Já fizemos todo o desenvolvimento de curva de potências para atender ao ciclo de demandas do campo. Embora ainda não esteja 100% certificado possui todos os parâmetros dentro dos limites para atender MAR-1 e já pode ser comercializado”.
Outra aposta é o F4.5 com motor mecânico a diesel, com a mesma cilindrada e com cárter estrutural para ser usado por tratores, segmento no qual a Cummins hoje ainda não está presente, conforme Ariceto, por questões de estrutura de motor: “O mercado de motores para quatro cilindros exige cárter que seja acoplado, ou seja, o chassi do veículo é o próprio motor. Chama-se estrutura monobloco. Ele também tem esta faixa de potência de 99 cv a 210 cv. E é nisto que estamos trabalhando”.
A executiva contou que ainda não foi finalizado o teste de consumo deste modelo, mas que a proposta é substituir a gama de motor 3.8, e também atender alguma faixa de seis cilindros com esta mesma potência. Ele também será produzido em Guarulhos e chegará ao mercado a partir do ano que vem.
O cárter poderá ser aplicado também para o motor eletrônico de quatro cilindros para uso em tratores.
Neste processo de nacionalização a Cummins utiliza plataformas geradas nos Estados Unidos e a equipe de engenharia local se encarrega das customizações para atender ao mercado brasileiro: “Temos todos os laboratórios de teste aqui, onde são realizados os de emissões e desempenho”.
Quanto ao tempo médio de demora para desenvolver um produto, varia de acordo com o projeto, mas o QSF 4.5, por exemplo, ficou pronto no prazo recorde de seis meses.
O plano, segundo Ariceto, é também exportar estes motores e o cárter estrutural, para países da América Latina que trabalhem com legislação Tier 3, em vigor no Brasil. E principalmente para a Argentina, onde não há lei de emissões para o segmento agrícola nem previsão de que venha a ser estabelecida por causa das instabilidades com relação ao governo.
Grupo gerador a etanol está sendo desenvolvido em Guarulhos
O grupo gerador com motorização eletrônica QSB 7 a etanol é versão que está em desenvolvimento em Guarulhos e cujos testes serão finalizados até o fim de maio, afirmou a supervisora do escritório de projetos e gerenciamento de produto da Cummins Brasil. Este equipamento tem potência semelhante às versões a diesel, de 60Hz, de 170 kWe a 208 kWe.
Pode ser utilizado em usinas de cana-de-açúcar e, embora o preço do litro do combustível custe mais do que o de diesel, a ideia é que o custo total de propriedade compense pois requer manutenção mais simples e menos onerosa: “Um grupo gerador a etanol é inovador quanto à concorrência e desafiador no sentido de se vender a ideia do produto. Como benefícios, além da redução de emissões, ele possui menor nível de ruído por causa do motor”.
Este grupo gerador, que pode rodar com etanol de cana-de-açúcar ou de milho, está sendo testado também nos Estados Unidos: “Trata-se de motor baseado na versão a gás natural, ciclo Otto. Estamos nos equiparando à lei de emissões do Estado de São Paulo e tentando entender quem serão os principais clientes”.
A expectativa é que ele chegue ao mercado no início de 2025.