Otimismo vem da maior aposta em inovação, novos negócios e lançamento da edição comemorativa de 55 anos
Criciúma, SC – No ano em que celebra 55 anos de história a Librelato espera faturar R$ 3,4 bilhões, incremento de 10% sobre a receita de R$ 3,1 bilhões obtida em 2023. Quanto ao volume de produção a ideia é ampliá-lo em 7,4%, de 13,5 mil para 14,5 mil unidades.
As perspectivas se dão em meio a cenário em que se projeta estabilidade no segmento de implementos rodoviários: a Anfir, entidade que representa as fabricantes, espera mercado de 90 mil unidades este ano, mesmo volume de 2023. A Librelato, por sua vez, acredita em 82 mil a 86 mil unidades, o que configuraria queda de 4,4% a 8,8%.
A retração aguardada pela companhia se justifica, em parte, pela corrida para emplacar caminhões Euro 5 até o fim do primeiro trimestre de 2023 e também pela safra recorde de grãos, o que aqueceu a demanda e elevou a base de comparação – para este ano, apesar da perspectiva significativa, deverá ficar em patamar menor.
Segundo Sílvio Campos, diretor comercial da Librelato, naquele período foram comercializados em torno de 9 mil unidades por mês — o normal gira em torno de 7 mil. A fabricante não forneceu projeção do volume de vendas no fim do ano mas o executivo afirmou que, por mês, tem comercializado de 1 mil a 1,2 mil unidades, ou 63 por dia, o que o tem deixado bastante otimista.
“Embora o mercado indique que perderá tração no segundo semestre estamos realizando série de ações com a rede e seus 45 pontos de venda”, disse Campos, ao citar, como uma delas, o lançamento do graneleiro comemorativo de 55 anos, que será ofertado a partir de julho em aço inox, em vez de aço carbono, com o objetivo de evitar que enferruje com o tempo ao transportar fertilizantes e adubos e estender sua durabilidade.
Numerado e limitado a 55 unidades o produto tem ainda lona prateada e todas as funções da telemetria desenvolvidas pela startup Sigaway, integrante da holding Librepar, criada há seis meses. O serviço, que integra cavalo mecânico e carreta, inclui sensor de medição de temperatura e pressão dos pneus e custa em torno de R$ 8 mil, caso seja contratado à parte, e mensalidade de R$ 170.
Existe forte aposta na retomada das vendas de produtos basculantes, dedicados ao transporte de minérios e grãos: “Viveremos este ano a crise do silo cheio. Como o produtor está capitalizado por causa do bom desempenho do agro nos últimos anos optou por não vender devido ao baixo preço, que caiu pela metade. A melhora destes valores refletirá, também, no custo do frete, o que ajudará o setor e, em especial, este produto”.
Segundo o CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, “um grande negócio” com a Suzano, no segmento florestal, na fase de validação do produto, também impulsionará as vendas. Hoje o principal mercado para a empresa é o agro, que responde por 65% do negócio, e que inclui cana e florestal, representados pelo semirreboque graneleiro e o basculante.
Em segundo lugar está o consumo, com produtos de carga fechada, sider/baú lonado e baú de alumínio, respondendo por 13% do total: “Na pandemia a demanda por esse implemento explodiu com transporte de medicamentos, alimentos e móveis. Depois ficou estacionado e, agora, retomou”.
Em terceiro lugar vem o transporte de líquidos, o que demanda tanques, com 10% do total, estimulado pelo aumento do biodiesel na composição.
Sprícigo afirmou também que a inovação embutida nos implementos da marca deverá contribuir para elevar o faturamento. A empresa tem apostado em materiais leves e design aerodinâmico para reduzir o peso em até 1 tonelada e o índice de arrasto dos semirreboques e, consequentemente, o consumo.
A telemetria, que usa a tecnologia para coletar dados em tempo real, eleva a segurança nas estradas e contribui com a redução de acidentes, está presente em dois a cada dez produtos. De 2014 a 2023 foram registrados dezesseis pedidos de patentes pela Librelato e, de 2020 a 2023, obtidos R$ 25 milhões em benefícios fiscais.
Atualmente 48% das suas vendas são feitas a vista, 43% são financiadas por meio de bancos comerciais e BNDES Finame e 9% pela Librelato Financial, braço financeiro da companhia, com taxas a partir de 0,99%. Deste volume 5% são por meio de CDC e 4% por consórcio.
Participação nas exportações totais será ampliada a 20%
Do total projetado de 14,5 mil implementos da marca produzidos este ano 650 deverão ser exportados. A quantidade, que anteriormente girava em torno de 1 mil unidades, recuou principalmente por causa da redução do apetite do Chile, importante cliente de mineração, o que se deveu, segundo Sprícigo, à mudança de governo.
Essencialmente agrícola o Paraguai também sofreu quebra de safra, o que refletiu nas compras. Apesar da redução das vendas externas a participação deverá passar de 18% para 20%, uma vez que o total projetado para o Brasil este ano também diminuirá, de 4,5 mil unidades para 3,5 mil unidades. A Librelato é a segunda que mais exporta, atrás da Randon.
Desde que iniciou as operações de exportação, em 2007, foram embarcados 6 mil implementos. Hoje os principais mercados da empresa são Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia, além de países da África, Europa e América Central. Recentemente a empresa começou a vender também para República Dominicana e Colômbia.