Criciúma, SC – O Estado do Rio Grande do Sul costuma consumir, todo mês, em torno de seiscentas carretas, das quais cem são Librelato, segundo o diretor comercial e de marketing, Sílvio Campos, em torno de 10% a 15% do volume mensal comercializado. No mês passado, quando enchentes provocaram catástrofe sem precedentes, as compras praticamente zeraram.
“No curtíssimo prazo o reflexo é bastante negativo. Mas é preciso observar em um horizonte mais amplo. Se olharmos exclusivamente pelo lado do transporte rodoviário de cargas projetamos uma retomada nos próximos meses”, avaliou Campos. “Temos visto diversas ações de reconstrução de estradas em poucos dias. E são muitos os produtos que precisarão ser transportados, como materiais de construção.”
O CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, que também preside a Anfir, afirmou que o reflexo nas vendas totais de maio foi de 5,5%, ao recuar de 12,7 mil unidades do mesmo período do ano passado para os atuais 12 mil. Considerando apenas o segmento em que a empresa concorre, o de pesados, ou seja, reboque e semirreboques, houve queda de 11,3%, ao encolher de 7,6 mil para 6,8 mil.
Sprícigo ponderou que o fato de o Detran RS ter ficado fechado também pesou negativamente no comparativo, uma vez que alguns emplacamentos ficaram represados. No acumulado do ano, porém, os números da Anfir apontaram que a venda de implementos é estável em relação ao mesmo período de 2023, com leve alta de 0,94%, para 61,6 mil unidades. Considerando apenas os pesados, com 24,7 mil unidades, se tem crescimento de 6,3% nas vendas.
Por enquanto, segundo o executivo, não deve haver alterações nas projeções do setor. A Anfir aguarda estabilidade no mercado de 90 mil reboques e semirreboques enquanto que a Librelato espera redução de 8,8% no pior cenário ou 4,4% no melhor, com 86 mil unidades ou 82 mil unidades emplacadas, respectivamente. Para a empresa, porém, é esperada alta de 10% no faturamento de 2024.
Estado zera ICMS para a compra de veículos utilizados no processo produtivo
Sprícigo ressaltou que a isenção da alíquota de 12% do ICMS sobre produtos comercializados no Estado até 31 de dezembro deverá impulsionar os emplacamentos, as quedas registradas em maio: “Talvez provoque uma aceleração das vendas no mercado do Rio Grande do Sul pela necessidade do transporte”.
O executivo referiu-se ao decreto 57 632 publicado em 28 de maio no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, que definiu que empresas localizadas em cidades em situação de calamidade e de emergência podem usufruir da isenção de ICMS nas compras de mercadorias dedicadas ao chamado ativo imobilizado, composto por bens duráveis e necessários às operações das empresas – como máquinas e equipamentos e veículos usados no processo produtivo ou na prestação de serviços. A medida vale também para partes, peças e acessórios.
A medida também poderá ajudar a equilibrar a balança frente a outro reflexo das inundações no Estado, no que se refere ao transporte dos grãos produzidos no Estado, que, conforme Campos, costumam ser escoados por meio do Porto de Rio Grande. “Com isto o frete subirá. Se antes o transportador tinha de percorrer raio de 200 quilômetros a 300 quilômetros para levar o produto agora terá de rodar mais de 1 mil quilômetros, até o Porto de Paranaguá, no Paraná. E o mesmo acontecerá com insumos, em especial fertilizantes.”
O diretor comercial ressalvou que há muitas variáveis quando tudo isso é posto em uma mesma equação: “Claro que há também a perda de grãos, o que acabará refletindo no frete. Mas ainda não conseguimos fazer um balanço para dizer o real impacto disto”.