EPA acusa FCA de provocar excesso de emissão em motores diesel

A Agência de Proteção Ambiental (EPA em inglês) dos Estados Unidos emitiu na quinta-feira, 12, aviso de violação para a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, de instalar e não divulgar software de gerenciamento do motor que permite excesso de emissão de poluentes em seus motores diesel. Segundo a agência estão envolvidos pouco mais de 104 mil unidades de modelos de picapes Dodge RAM 1500 e Jeep Cherokee vendidos desde 2014 com motores 3.0 litros.

De acordo com nota da EPA, o programa de computador não revelado resultado no aumento de emissões de óxido de nitrogênio (NOx) dos veículos.

“Deixar de divulgar o software que afeta emissões no motor de um veículo é uma violação séria da lei, que pode resultar na poluição prejudicial no ar que respiramos,” disse em comunicado Cynthia Giles, administradora assistente da EPA de cumprimento e garantia de conformidade. “Continuaremos a investigar a natureza e o impacto destes dispositivos. Todas as montadoras devem seguir as mesmas regras e continuaremos a responsabilizar as empresas que ganham uma vantagem competitiva injusta e ilegal.”

Para a agência de notícias Reuters, Sergio Marchionne, CEO da FCA, negou que a empresa esteja em desacordo com as leis ambientais e está em conversa com a EPA sustentado com documentos importantes. “Não fizemos nada que seja ilegal. Nunca houve qualquer intenção de criar condições para burlar o processo de teste. Isto é absolutamente absurdo.”

Em comunicado, o braço norte-americano da companhia, FCA US, disse estar “decepcionado”, com a acusação da EPA e que todos os seus “veículos movidos a diesel atendem a todos os requisitos regulamentares.”

O braço norte-americano da empresa, a FCA US, disse em um comunicado que está “decepcionado” com o aviso de violação da EPA e que pretende trabalhar para “resolver este assunto de forma justa e equitativa”, além de garantir aos clientes e à EPA que seus “veículos movidos a diesel atendem a todos os requisitos regulamentares aplicáveis”.

A EPA foi a agência que descobriu e denunciou o Dieselgate, em setembro de 2015, envolvendo fraude com os motores diesel da Volkswagen em aproximadamente 11 milhões de modelos ao redor do mundo que burlavam os testes de emissões. Na terça-feira, 10, a fabricante concordou em pagar US$ 4,3 bilhões em multas nos Estados Unidos para encerrar os processos provenientes do caso.

Breve hiato para os DS no Brasil

Os admiradores dos carros DS, marca premium da Citroën, não precisam temer o fim das importações dos luxuosos modelos conhecidos sobretudo pelo arrojo de suas linhas. Paulo Solti, diretor geral da Citroën no Brasil, nega categoricamente que a marca sairá do Brasil, apesar de notícias “vazadas” para a imprensa.

“Estamos desenvolvendo um novo modelo de negócios para a DS no Brasil”, assegura o executivo, que admite, porém, que interrompeu momentaneamente as encomendas até que a nova estratégia seja colocada em prática, algo que – calcula –, deverá demandar mais três ou quatro meses.

A marca DS, reforça o presidente da Citroën, terá operação ainda mais destacada aqui a partir de então. A ideia é que os três modelos oferecidos ao consumidor brasileiro pela rede Citroën desde 2012 e 2013 – DS 3, DS4 e D5 – passem a ser negociados, junto com futuros lançamentos, em rede exclusiva da marca de luxo, que será constituída após a definição do plano de negócios.

“Ainda é cedo para antecipar detalhes da operação e de todas as estratégias que envolverão a DS no Brasil. Mas seguiremos, claro, as orientações que estão sendo adotadas em todo o mundo pela marca”, antecipa Solti, lembrando que na França os DS já têm rede de revendas independente e que outros países europeus já trabalham no mesmo sentido.

O principal executivo da Citroën no País afirma que as próprias projeções de mercado já seriam fortes argumentos para justificar a continuidade das importações dos DS. Segundo ele, o mercado brasileiro de veículos premium deve triplicar nos próximos três anos, passando das 50 mil unidades negociadas em 2016 para algo em torno de 150 mil até o fim da década.

Há uma demanda reprimida para produtos desse segmento, avalia Solti – gerada em especial nos últimos dois anos de crise. “Basta observarmos a evolução da renda das classes A e B. Na verdade, já em 2017 ou 2018 o mercado brasileiro já deveria estar consumindo acima de 120 mil veículos de marcas premium.”

A DS vendeu no Brasil somente cerca de 120 veículos no ano passado. Embora não revele quantas unidades há, de fato, Solti assegura que ainda existem veículos disponíveis para vendas nas concessionárias Citroën, “que seguem atendendo os clientes dos carros DS normalmente, inclusive no pós-venda”.

Como os embarques de novos lotes para cá foram interrompidos, esse pequeno estoque de passagem sumirá nas próximas poucas semanas. “Estamos, definitivamente, em um momento de transição. Mas o Brasil consta nos planos globais da marca entre os mercados prioritários nos próximos anos.”

Os carros da DS chegaram oficialmente ao Brasil em maio de 2012, quando chegou às revendas o DS3, modelo compacto de entrada, com preços atualizados a partir de R$ 92,9 mil. Ainda no mesmo ano, em dezembro, chegava às revendas o topo de linha DS5, ofertado hoje por preços a partir de R$ 138 mil. O terceiro modelo, o DS4, intermediário na gama, tinha como preço referência de R$ 102,9 mil e desembarcou aqui no primeiro bimestre de 2013.

Nesses quatro anos, segundo a Citroën, foram negociados perto de 4,5 mil unidades dos três modelos, todos importados da França. O Grupo PSA, porém, tem outra base produtiva para os DS: sua unidade na China, de onde sai ainda o DS6, utilitário esportivo para o mercado local.

Produção argentina encerra o ano com queda de 10%

Apesar dos recuos registrados no encerramento do ano, dezembro se mostrou um mês animador para o setor automotivo argentino. Com vinte dias úteis as fabricantes instaladas no país produziram 40.087, volume 14,6% menor na comparação com novembro, mas 27,3% superior em relação às 31.485 unidades produzidas em dezembro de 2015.

Desta maneira, no acumulado do ano de janeiro a dezembro, saíram das linhas de montagem argentinas 472.776 unidades, queda de 10,2% em relação às 526.657 unidades fabricantes no mesmo período de 2015.

Para o setor automotivo argentino, dezembro passado marca crescimento nas exportações locais, apesar do fraco desempenho do mercado brasileiro. No último mês de 2016 as fabricantes embarcaram 18.802 veículos, volume 12,7% inferior ao de novembro, mas 71,8% superior se comparado às 10.944 unidades exportadas em dezembro de 2015.

No acumulado do ano a indústria automotiva argentina registrou queda de 20,8% nas exportações. De janeiro a dezembro do ano passado foram enviados a outros países 190.008 veículos contra 240.015 embarcados um ano antes.

Por fim, as vendas para a rede em dezembro somaram 72.003, crescimento de 15,4% em relação aos negócios de novembro e de 108,7% sobre o desempenho registrado no mesmo mês de 2015, quando as concessionárias argentinas receberam 34.508 unidades.

Ao longo de 2016 foram entregues à rede 721.411 unidades, alta de 20,9% na comparação com as 587.109 unidades negociadas no mesmo período de 2015.

“Encerramos um ano intenso, marcado por uma transição na qual pudemos avançar e trabalhar em conjunto com as novas autoridades na introdução de medidas econômicas e administrativas que marcaram a agenda do setor, além de permitir corrigir algumas distorções e limitações na operação da indústria automotiva”, destacou em nota Luis Ureta Sáenz Peña, presidente da Adefa.

O dirigente ainda lembrou que embora o setor automotivo tenha surpreendido nos últimos dois meses, “A melhora não permitiu interromper a queda na produção ao longo do ano, reflexo e reposta de nossa indústria frente a acentuada queda da demanda do mercado brasileiro. Esse antecedente nos apresenta novos desafios frente a 2017 e nos leva a redobrar nossos esforços em trabalhar em medidas estruturais que nos permitam recuperar o caminho do crescimento sustentável.”

Venda de novas cotas cresce 10,6%

A demanda por novas cotas de consórcio no segmento de veículos leves cresceu 10,6% no acumulado dos primeiros onze meses de 2016 em relação ao mesmo período do ano anterior. Registrou-se no período a adesão de 971,3 mil novos participantes, sendo que de janeiro a novembro de 2015 esse número limitou-se a 878,5 mil.

Os dados foram divulgados pela Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, na segunda-feira, 9, indicando desempenho positivo na maioria dos indicadores dessa modalidade de compra. Novembro foi o melhor mês em vendas do ano, com a comercialização de 128 mil cotas de automóveis e comerciais leves, ante as 122 mil de outubro e as 92 mil de setembro, o que indica movimento ascendente no segmento.

O número de participantes ativos atingiu 3,32 milhões em novembro passado, 5,1% a mais do que os 3,16 milhões do mesmo mês de 2015. O volume de créditos comercializados também cresceu no comparativo anual, atingindo R$ 38,08 bilhões nos primeiros onze meses de 2016, 4% a mais do que os R$ 36,62 bilhões de idêntico período de 2015.

Com relação ao número de consorciados com direito a retirar o crédito a Abac considera que houve estabilidade no comparativo de janeiro a novembro de 2016 com o mesmo período de 2105, com totais de, respectivamente, 475 mil e 477,5 mil contemplações.

A potencial participação das contemplações nas vendas do mercado interno atingiu 30,7% nos primeiros onze meses do ano passado, 5,4 pontos porcentuais acima do índice registrado em 2015. Já o valor médio da cota em novembro retraiu-se 1,5% em relação a ao mesmo mês do ano anterior, ficando em R$ 39,1 mil.

A expressiva recuperação do sistema de consórcio no segundo semestre de 2016 em relação aos primeiros seis meses do ano é apontada por Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac, como reflexo de uma maior conscientização do consumidor: “Com mais conhecimento da essência da educação financeira, o consumidor tem controlado melhor suas finanças pessoais e planejado o futuro, utilizando-se cada vez mais do consórcio para adquirir bens e contratar serviços”.

Seminovos – A crise econômica dos últimos anos, segundo Rossi, provocou a mudança de comportamento do consorciado na utilização das cartas de crédito por ocasião da contemplação. Com base em dados da Cetip, verifica-se expressivo crescimento nos últimos cinco anos da opção pela compra de um veículo seminovo em detrimento do zero-quilômetro.

Em 2011, a média mensal de aquisição de seminovo via consórcio era de 10,4 mil veículos. Esse número saltou para 24,4 mil no ano passado, alta de 134,6%. Em contrapartida, a compra de veículos novos por meio do consórcio apresentou retração de 18,1% no mesmo período.

A maior demanda pelos usados ou seminovos ocorreu na região Norte, onde se constatou crescimento de 196% nos seis anos. Na sequência, com 192%, ficou a região Nordeste. Os Estados formadores do Centro-Oeste e Sudeste atingiram alta de 147% e 144%, respectivamente. A região Sul pontuou em 73%.

Na avaliação de Rossi, tais dados mostram que os consorciados estão levando em consideração preço mais em conta, bom estado de conservação e características de conforto superiores quando da aquisição do veículo seminovo. “Os prazos longos para pagamento, baixo custo, ampla liberdade e flexibilidade conferidas aos consumidores são fatores motivadores para a adesão ao sistema de consórcios, que exerce papel importante no controle das finanças pessoais e planejamento futuro”.
 

Mercado de implementos recua um terço no ano passado

Os últimos anos não foram nada fáceis para os fabricantes brasileiros de implementos rodoviários. Mas o desempenho de 2016 tratou de carregar ainda mais tinta vermelha nas planilhas do setor. Com somente 62 mil equipamentos negociados as vendas internas recuaram nada menos do que 29,8%, ou seja, praticamente um terço do mercado desapareceu em doze meses.

O quadro, no entanto, é bem mais dramático, afinal, os números de 2015 já pecavam pela debilidade, como aponta levantamento da Anfir, a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários. Os 88,3 mil implementos emplacados naquele ano representaram tombo de nada menos do que 45% frente a 2014, quando foram negociados 159,9 mil produtos do gênero.

“Se enxergarmos o mercado desde 2015 o recuo equivale a dois terços”, enfatiza Alcides Braga, presidente da entidade. “A indústria encontra-se em situação muito delicada.”

Braga recorda que há dois anos a indústria de implementos rodoviários contava com 71 mil trabalhadores diretos e indiretos. Esse quadro foi reduzido a cerca de 40 mil vagas. “Sem alterações no modelo de financiamento e sem planos pela volta do crescimento da economia as empresas do setor não terão como aguentar”, alerta o presidente da entidade.

No ano passado os emplacamentos de implementos pesados, como reboques e semirreboques, somaram somente 23,8 mil unidades, 21,9% abaixo do registrado em 2015. O recuo no segmento de carroceria sobre chassis, de maior volume, foi ainda mais acentuado. O mercado destes produtos foi de apenas 38,8 mil unidades, 33,9% aquém do volume negociado um ano antes.

As dificuldades nas linhas de montagem poderiam ser ainda maiores, caso as empresas não tivessem encontrado algum alento nas exportações, ainda que os volumes sejam tímidos sobre o total. De janeiro a novembro de 2016 (números das exportações ainda não fecharam o ano passado) foram enviados para outros mercados 3,6 mil equipamentos. No mesmo período do ano anterior os embarques haviam somado 2,9 mil implementos – evolução de 23%, portanto.

A Anfir, contudo, espera resultados mais expressivos nas exportações já este ano. Programa conjunto da entidade com a Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, iniciado no ano passado para incentivar os embarques terá continuidade este ano. “A receptividade dos mercados sul-americanos foi excelente”, comemora Braga.

“Estamos definindo com a Apex-Brasil e nossos associados quais serão os próximos países”, diz Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, referindo-se às missões comerciais para outros mercados, a exemplo do que já ocorreu no ano passado.

As duas entidades, antecipa Rinaldi, planejam também trazer ao Brasil, em outubro, grupo de importadores latino-americanos para participar da 21ª Fenatran, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas, que será realizado em São Paulo.

Vitória dupla

Das dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo durante o ano passado ninguém discute. Mas enquanto muitos preferem encarar o período como uma etapa a ser esquecida, a General Motors deverá fazer questão de lembrar. Em 2016 a montadora só tem comemorar: além de chegar a liderança de vendas de automóveis e comercias leves no País pela segunda vez em mais de nove décadas de atuação por aqui, o Chevrolet Onix foi de longe o modelos mais vendido no Brasil.

No ano passado, o hatch da fabricante de São Caetano do Sul, SP, o mercado absorveu 153,3 mil unidades, 31,7 mil a mais que o segundo modelo mais vendido no varejo brasileiro, o Hyundai HB20, com 121,6 mil unidades negociadas. Segundo dados da Fenabrave, a GM encerrou o ano passado com fatia de 17,4% do segmento de automóveis e comerciais leves e seu modelo vencedor 34,5% na categoria de hatches pequenos.

Na vice-liderança das vendas de automóveis e comerciais leves, o Hyundai HB20 também encerrou o ano passado em posição isolada. Seu volume de negócios soma mais de 45 mil unidades a frente do terceiro colocado o Ford KA, que contabilizou 76,6 mil licenciamentos.

A Hyundai, aliás, é outra das montadoras que terá 2016 como um ano simbólico, afinal, alcançou a quarta posição das fabricantes que mais vendem carros no País ao desbancar a Ford do grupo das quatro veteranas. A montadora coreana terminou o ano passado com 197,8 mil unidades vendidas, o que representou participação de 9,96% do mercado de automóveis e comerciais leves.

O quarto automóvel mais vendido no ano passado também é um Chevrolet, o Prisma, com 66,3 mil emplacamentos. O modelo, no entanto, é outro líder da montadora no segmento de sedãs pequenos, com 23,36% de participação na categoria.
Segue de perto o Prisma em quinto lugar o Toyota Corolla, com 64,7 mil unidades negociadas em 2016. O carro, porém, é de longe o campeão na categoria de sedãs médios, com 44,2% de participação.

O Fiat Palio, modelo que até bem pouco atrás já foi figurinha fácil na cabeça da lista dos mais vendidos, encerrou o ano passado em sexto lugar do ranking, com 63,9 mil unidades vendidas, representado 18,36% da chamada categoria veículos de entrada segundo critérios da Fenabrave. Foi o segundo mais vendido atrás do Ford Ka no segmento.

Atrás do Palio, com uma diferença de 768 unidades, ficou o Renault Sandero. O mercado comprou 63,2 mil modelos no ano passado, permitindo uma participação de 14,21% no segmento de hatches pequenos ou o terceiro mais vendido da categoria.

Encerram a lista dos dez mais vendidos a picape Fiat Strada, com 59,4 mil emplacamento no ano passado ou 54,9% de participação na categoria de picapes pequenas, e o Volkswagen Gol, com 57,7 mil unidades vendidas, volume que permitiu fatia de 16,46% no segmento de veículos de entrada, o terceiro mais vendido da lista.

O décimo modelo mais vendido foi o Honda HR-V, o único SUV da lista dos dez mais. No ano passado o mercado absorveu 55,7 mil modelos da fabricante. O volume o coloca na liderança de vendas de SUVs com fatia de 18,44%.

Disputa acirrada no segmento de luxo

O mercado de veículos de luxo representado pelos grupos com produção local – BMW, Audi, Mercedes-Benz e Jaguar Land Rover – teve disputa altamente acirrada no ano passado. A BMW foi líder com 11.860 unidades e 27,2% de participação, seguida bem de perto pela Audi, com 11.600 veículos e penetração de 26,6%. Ou seja, apenas 260 unidades separaram as duas marcas no ranking dos chamados carros premium, mercado que incluindo as marcas Mini e Jaguar totalizou venda de 43.670 veículos em 2016, com queda de 29,7% em relação aos 62,1 mil de 2015.

A Mercedes-Benz, terceira colocada, também teve desempenho bem próximo ao das marcas líderes, com a venda de 11.285 carros e fatia de 25,8%. A quarta posição foi ocupada pela Land Rover, com 6.693 veículos negociados e participação de 15,3%. Os quatro grupos que inauguraram fábricas no Brasil nos últimos dois anos foram afetados pela retração do mercado, conforme números divulgados na semana passada pela Anfavea.

O grupo que teve menor decréscimo em seus negócios foi o Jaguar Land Rover. As vendas da marca Land Rover caíram 24%, abaixo, portanto, da média de retração do mercado, enquanto as da Jaguar cresceram 113%, saltando de 373 unidades para 796. A BMW teve redução de 25,2% no total emplacado de veículos da marca e de 28% nos veículos Mini. No caso da Audi a queda foi de 33,9% e o desempenho da Mercedes-Benz foi negativo em 35,6%.

Pé direito – Apesar da retração em 2016, o BMW Group Brasil avalia ter iniciado o ano “com o pé-direito”, conforme nota da companhia divulgada na segunda-feira, 9, na qual destaca a liderança da marca no segmento premium. Nos últimos sete anos, segundo a empresa, a BMW liderou seis vezes o mercado automotivo de luxo no Brasil.

“O BMW Group investe em uma estratégia de longo prazo, com foco no crescimento sustentável de suas operações e na máxima qualidade de seus produtos, serviços e também no atendimento ao cliente. A preocupação constante com a excelência é o que impulsiona a marca em meio a um mercado tão competitivo como o segmento de automóveis premium no Brasil”, disse Helder Boavida, presidente e CEO do BMW Group Brasil.

Segundo o executivo, apesar do desafiador momento econômico no Brasil, a empresa trabalhou para ampliar as atividades da fábrica de automóveis em Araquari, SC, com a exportação do BMW X1 aos Estados Unidos e a nacionalização do BMW X4. “Mais importante que a liderança é a confiança na futura retomada do mercado como um todo e a manutenção da saúde de nosso negócio. Para 2017, a prioridade continua sendo a satisfação de nossos clientes”, disse Boavida.

Também o Grupo Jaguar Land Rover mostra-se confiante no potencial do mercado brasileiro, destacando dentre os dados positivos de 2016 a liderança da Land Rover no segmento de SUVs premium no Brasil e a retração dos seus negócios com um todo abaixo da média do mercado.

“O lançamento do Jaguar F-PACE, primeiro SUV da marca em toda a sua história e a chegada dos motores Ingenium Diesel de última geração — que equipam os modelos nacionais do Discovery Sport e do Range Rover Evoque — contribuíram para o desempenho da empresa no ano passado, com mais de 7,4 mil unidades vendidas”, comentou em nota o diretor de marketing e produto da empresa na América Latina, Gabriel Patini.

O sedã esportivo XE, apresentado aos consumidores em 2015, foi o modelo mais vendido da Jaguar no último ano. Já a Land Rover apresentou o Evoque e o Discovery Sport feitos no Brasil, conquistando 26% de participação no mercado de SUV premium. A padronização da rede de concessionários Jaguar Land Rover, que conta com 35 unidades em todas as regiões do Brasil, também foi determinante, segundo os dirigentes do grupo, para o desempenho em 2016.

Mercedes-Benz encerra 2016 na liderança de pesados

Depois de quase uma década em disputa acirrada com a sua principal rival no segmento, a Mercedes-Benz encerrou 2016 na liderança das vendas no mercado de caminhões. No ano passado os licenciamentos de veículos de carga da fabricante de São Bernardo do Campo, SP, somaram 14.962 unidades. O volume é 21,91% menor do que o registrado em 2015, quando os emplacamentos alcançaram 19.161, mas abaixo da média da queda do mercado total de 29,4%. Seu desempenho permitiu à empresa elevar sua participação no mercado para 29,6%.

Para Roberto Leoncioni, vice-presidente de vendas da companhia, procurar ficar mais próximo do cliente com o objetivo de suprir suas necessidades foi fundamental para o resultado. “Apesar de termos enfrentando o pior mercado em duas décadas, não deixamos de investir em melhorias de produtos, como também em serviços de pós-venda.”

Com uma diferença de 272 unidades licenciadas, a MAN ficou com a vice-liderança no mercado de caminhões com 13.690 veículos negociados no ano passado. O tombo em comparação com o desempenho de 2015 é de 29,95%, ocasião na qual a empresa emplacou 19.543 caminhões. O resultado proporcionou à montadora fatia de 27,08% do mercado.

O terceiro lugar do ranking de vendas, com 15,34% de participação, ficou com a Ford no encerramento de 2016 com 7.757 caminhões negociados. O resultado foi 39,98% abaixo do alcançado no mesmo período de 2015, quando a empresa negociou 12.923 unidades.

Outra forte queda nas vendas também experimentou a Volvo em 2016, na quarta posição do ranking. A montadora de Curitiba, PR, contabilizou o ano passado vendas de 5.614 caminhões contra 8.349 de um ano antes, recuo de 32,76 e fatia de 11,10% do mercado total. Vale lembrar, no entanto, que a fabricante paranaense participa somente nas categorias de semipesados e pesados.

O mesmo perfil de atuação da Volvo também possui a Scania, que encerrou o ano passado em quinto lugar no ranking de vendas com fatia 8,40% do mercado total. A montadora vendeu 4.245 caminhões em 2016, volume 18,74% menor do que o registrado no mesmo período de 2015.

Como a sexta montadora que mais vendeu no ano passado, a Iveco foi a que experimentou a maior retração nas vendas de caminhões. As 2.573 unidades emplacadas da marca significaram uma baixa de 42,72% na comparação com as vendas de 2015, de 4.492 caminhões.

A DAF, no sétimo lugar do ranking, é uma das poucas fabricantes de caminhões que registrou forte crescimento em suas vendas no ano passado, embora a base de comparação ainda mantenha baixa desde que iniciou operação industrial no País, por volta de três anos atrás. Em 2016 os emplacamentos da montadora somaram 673 unidades, 51,92% maiores do que o registrado um ano antes. Com isso a empresa encerrou o período com 1,33% de participação.

O ranking de vendas de veículos comerciais segue com a FCA que vendeu 459 unidades de picapes grandes Dodge Ram, alta de 473% em relação a 2015; a Agrale, com 197 caminhões vendidos, queda de 25,66% na comparação com os doze meses de 2015 e a International que, mesmo com a produção da fábrica de Canoas, RS, parada, conseguiu beliscar um crescimento de 8,96% nas suas vendas: de 67 unidades em 2015 para 73 no ano passado.

Ônibus – É da Mercedes-Benz também a liderança de vendas no segmento de chassi para ônibus. Na categoria, no entanto, o primeiro lugar em vendas é isolado do restante dos concorrentes. Com os 6.069 chassis entregues no ano passado, a empresa encerrou o período com 54,37% de participação no mercado. Embora o volume vendido represente um recuo de 26,46% na comparação com as 8.253 unidades negociadas um ano antes, o tombo é menor que o de 33,53% do mercado total.

O mesmo não pode dizer a MAN, na vice-liderança das vendas de chassis. Em 2016, os emplacamentos de 1.798 chassis representaram uma queda de 50,86% em relação ao desempenho de 2015, quando a empresa registrou vendas de 3.659 unidades. O resultado permitiu à companhia encerrar o período com 16,11% de participação.

A Agrale encerrou o ano passado com 14,08% de participação no terceiro posto do ranking. Suas vendas somaram 1.572 unidades, o que representou uma queda de 34,17% na comparação com o volume de um ano antes, de 2.388 chassis.

O ranking de vendas de chassis segue com a Iveco, em quarto lugar, com participação de 6,54%, Volvo (5,77%), Scania (2,62%) e International (0,11%).

Carros de entrada perdem participação

O segmento de carros de entrada, liderado pelos modelos Ford Ka, Fiat Palio e VW Gol, foi o que mais perdeu participação no mercado de zero-quilômetro no ano passado. Sua fatia na venda total de automóveis baixou 2,8 pontos porcentuais, caindo de 23,4% para 20,6%. Em contrapartida cresceram as participações dos segmentos de hatches pequenos e de SUVs, respectivamente de 23,5% para 26,3% e de 14,8% para 17,9%.

As restrições ao crédito explicam ao menos em parte a perda de penetração dos modelos de entrada, que até 2014 eram os líderes em venda no Brasil. São os de preços mais baixos e, assim, têm como público algo os consumidores de menor poder aquisitivo, justamente os que mais dependem de financiamento para adquirir um zero-quilômetro.

De acordo com o presidente da Anfavea, Antonio Megale, o índice de compras financiadas nunca foi tão baixo como o registrado no final de 2016. As vendas à vista chegaram a responder por 53% dos negócios relativos à aquisição de carros novos, ou seja, apenas 47% dos consumidores utilizaram crédito para efetuar a compra. Tradicionalmente as vendas financiadas são maioria, representando pelo menos 60% das transações no setor.

As vendas por segmento de mercado integram balanço divulgado mensalmente pela Fenabrave, que inclui nove modelos como sendo de entrada – além dos três líderes, o VW up!, Toyota Etios, Fiat Uno, Fiat Mobi, Renault Clio e Celta (o compacto da Chevrolet saiu de linha no ano passado). Em 2016 foram emplacadas 348,6 mil unidades do segmento de entrada, resultado 29,8% inferior ao de 2015 – quando foram vendidas 498,5 mil. Queda, portanto, bem superior à da média do mercado, que foi de 20,2%.

Já o segmento de hatches pequenos, formado por onze modelos, dentre os quais Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Renault Sandero, VW Fox/CrossFox, Nissan March e Ford Fiesta, teve queda de apenas 9,2%, passando de 493,2 mil unidades emplacadas em 2015 para 447,9 mil em 2016.

Mais beneficiado ainda em 2016 foi o segmento de SUVs. Diante de um mercado com retração média de 20,2%, suas vendas praticamente se mantiveram estáveis. Foram emplacadas 302,3 mil unidades no ano passado, apenas 1,3% a menos do que as 306 mil de 2015. Isso lhe garantiu o maior ganho de participação no mercado, exatos 3,08 pontos porcentuais.

A distância do segmento de SUVs para o de veículos de entrada, que era de 8,6 pontos porcentuais em 2015, baixou para apenas 2,7 pontos no ano passado. Um dado que confirma tendência apontada por executivos do setor já há alguns anos e que justifica uma série de lançamentos de 2015 para cá, como o Honda HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks e Hyundai Creta, dentre outros.

Também integram o segmento modelos como o Ford EcoSport, Toyota Hilux e Hyundai Tucson, havendo uma nova leva de lançamentos programada para este ano, dentre os quais três SUVs da Renault, incluindo duas com produção local: Kwid e Captur.

VW assina acordo com a Justiça dos Estados Unidos

A direção da Volkswagen fechou acordo com Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o Dieselgate, como ficou conhecido o escândalo dos motores a diesel da montadora dotados de dispostivo capazes de burlar os testes de emissões.

Pelo acordo a montadora reconhece a culpa pela fraude e pagará multa US$ 4,3 bilhões. Analistas internacionais entendem que a empresa decidiu pelo consenso neste momento para se antecipar a qualquer movimento do novo governo de Donald Trump, que começa no próximo dia 20. O mercado receia que o imprevisível Trump possa adotar medidas que contrariem sobre tudo interesses de empresas estrangeiras.

O acordo com a Justiça dos Estados Unidos inclui ainda monitoramento indepedente da empresa pelos próximos três anos e surge exatamente quando a montadora trabalha para resgatar sua imagem por meio de novos produtos e tecnologias, prejudicada em 2015 com a denúncia do Dieselgate.

A Volkswagen afirma que nenhum membro ou ex-membro de seu conselho administrativo estava envolvido na trapaça e que não divulgou informações antes porque esperava chegar a um acordo negociado com as autoridades estadunidenses. A companhia concordou em gastar até US$ 17,5 bilhões nos Estados Unidos para resolver as pendências com os órgãos reguladores, proprietários e revendedores, bem como se ofereceu para recomprar quase 500 mil veículos fraudados e vendidos naquele País.

No fim de semana passado, horas antes da abertura do Salão de Detroit, Oliver Schmidt, alto executivo da Volkswagen nos Estados Unidos entre 2014 e 2015, foi preso pelo FBI em Miami, quando voltava de férias. O executivo alemão é acusado de ter ciência da adoção do software secreto. Fontes asseguram que promotores se preparam para pedir a prisão de mais executivos da montadora nos Estados Unidos.

Recorde – Apesar de toda essa confusão, o Grupo Volkswagen, que inclui doze marcas de automóveis e comerciais leves, registrou vendas recordes em 2016, com 10,3 milhões de veículos em todo o mundo. O crescimento de mercados como os da China e da Europa compensaram recuos da montadora no Brasil e nos Estados Unidos e permitiram avanço global de 3,8% sobre o ano anterior. Com esse volume a montadora deve ser confirmada como a maior fabricante do mundo no ano passado, à frente da Toyota.