A Volkswagen Caminhões e Ônibus investirá R$ 1,5 bilhão em sua operação brasileira, apesar da acentuada retração do mercado de veículos comerciais. O anúncio foi feito na quinta-feira, 1º, por Andreas Renschler, CEO da holding Volkswagen Truck & Bus, inicialmente em reunião com o presidente da República Michel Temer, em Brasília, DF, e, depois, à tarde para imprensa especializada.
Válido para o período de 2017 a 2021, o investimento engloba desenvolvimento e renovação do portfólio dos produtos, modernização da fábrica de Resende, RJ, serviços de conectividade e também expansão internacional da marca.
“O mercado brasileiro de veículos comerciais cai consideravelmente, mas voltará a crescer”, confia Renschler. “Nosso negócio é cíclico e continuará assim. Deve demorar um pouco mais do que queríamos, mas estou convencido de que o mercado reagirá e temos de estar preparados para quando a situação melhorar.”
De acordo com Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, parte significativa do investimento será utilizada na internacionalização da marca, seja com a adaptação de produtos brasileiros para outros mercados ou até mesmo no estabelecimento de novas operações externas. “Debaixo do chapéu Volkswagen Truck & Bus, também podemos usufruir de sinergias com fábricas da Scania e da MAN.”
No radar da Volkswagen Caminhões e Ônibus figura o crescimento das exportações de seus produtos. Em três anos a montadora pretende fazer com que os embarques representem de 30% a 35% de sua produção em Resende. Hoje os envios correspondem de 15% a 20%.
O novo ciclo de investimento é o quinto já anunciado pela companhia no País, o de maior valor e será prioritariamente autofinanciado. Os quatro anteriores foram de R$ 1 bilhão cada. “O investimento maior se deve pela importância da operação brasileira e também porque estamos confiantes com relação ao futuro”, destaca Cortes. “É verdade que nos últimos anos os mercados emergentes têm apresentado muitos ciclos de crescimento e retração. Mas o produto brasileiro possui maior potencial para ser entregue em outros mercados. Com uma tecnologia básica, poderemos crescer passo a passo”, completa Renschler.
A holding Volkswagen Truck & Bus, criada em março de 2015, colocou sob o mesmo teto MAN, Scania e Volkswagen Caminhões e Ônibus. De acordo com Renschler, há um modelo estratégico da companhia para aproveitar as sinergias entre as marcas com o objetivo de aumentar o porcentual de componentes em comum nos produtos. “Hoje o índice é de 7,1% e a meta é chegar aos 9%. Não é uma meta fácil, mas há potencial para chegar lá.”
Renschler ainda lembra que a Volkswagen Truck & Bus não é somente mais uma fabricante de caminhões e neste novo papel objetiva também fazer com que os clientes sejam mais rentáveis. “Estamos criando um campeão global, nas só em vendas, mas também do ponto de vista da rentabilidade. Nosso crescimento será baseado na liderança local, no fortalecimento e racionalização de cada operação, na geração de escala econômica para a expansão regional e em aquisições para alianças estratégicas.”
Um passo importante da companhia neste sentido foi a compra de 16% do Grupo Navistar, negócio que dará passaporte para a empresa entrar nos Estados Unidos. “O contrato deverá estar finalizado em fevereiro ou março do ano que vem e, a partir daí, poderemos anunciar novas ações.”
Em sua terceira passagem pelo País, Renschler aproveitou, junto com o colega Roberto Cortes, para visitar as autoridades brasileiras. Na conversa com o presidente da República, na qual também estava presente Marcos Pereira, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o assunto foi basicamente a importância da renovação de frota para o setor e mecanismos para proporcionar maior disponibilidade de crédito.
“Não queremos subsídios, mas melhorias nos instrumentos de financiamentos existentes”, diz Cortes. “O Finame é de longe o principal mecanismo para compra de caminhões e ônibus. Hoje, no caso de grandes empresas, financia somente 50% do bem. Porque não 100%?”, questiona.