Os trabalhadores da Volkswagen aprovaram na terça-feira, 2, após mais de dois meses de negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a empresa, novo acordo de estabilidade com vigência até 2021, desde que assegurado um volume de produção na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, de 120 mil unidades no ano. O volume atual de produção lá está em 175 mil veículos/ano.
O acerto, de acordo com o sindicato, evitará a demissão do excedente estimado pela montadora em 3,6 mil metalúrgicos. O acordo inclui abertura de PDV, Programa de Demissão Voluntária, utilização de instrumentos de flexibilidade como layoff e PPE, Programa de Proteção ao Emprego, além de alterações em cláusulas econômicas.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e funcionário da Volkswagen, Wagner Santana, houve um grande avanço entre a proposta apresentada inicialmente pela montadora e a que foi aprovada na assembléia de terça-feira.
“Foi a negociação mais difícil já conduzida com a Volkswagen, pois se deu em meio a uma conjuntura econômica muito difícil. Estamos tendo de ajustar acordos que estavam em curso em função da queda na produção, que tem sido muito forte. Conseguimos melhorar bastante a proposta durante o processo, mantendo itens econômicos importantes e afastando o risco de demissão. Foi uma vitória”, avalia o sindicalista.
O PDV na fábrica de São Bernardo do Campo será aberto na quinta-feira, destinando-se tanto aos trabalhadores da produção como também aos mensalistas da área administrativa. A tabela de incentivos é a mesma para os dois setores e varia de acordo com o tempo de casa do trabalhador e a data de adesão.
Quem aderir no primeiro período – de 4 a 10 de agosto – recebe o valor previsto na tabela base, ou seja, cerca de 0,5 salário por ano trabalhado e mais 20 salários. De 1º a 9 de setembro o pacote pagará o equivalente à tabela base mais 15 salários e para os que aderirem de 19 a 30 de setembro o valor será a tabela base mais 10 salários.
Não há meta a ser atingida no PDV para os trabalhadores da produção. Quando forem finalizadas as adesões, o excedente de trabalhadores, se ainda houver, será administrado por meio de layoff e da renovação do PPE, que poderá ser aplicado com redução de até 30% na jornada de trabalho e 15% nos salários.
Para o setor administrativo há uma meta de 325 adesões. Ao final do período, se ainda houver excedente, os trabalhadores serão colocados em layoff por até cinco meses e após esse período haverá o desligamento. A proposta inicial da fábrica, apresentada em 5 de julho, tinha como meta 1.100 adesões no setor.
Cláusulas econômicas – De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o acordo altera a data-base de 2017, do mês de março para setembro, e transforma o valor equivalente aos 18 meses de variação do INPC em abono. Para o período de 2018 a 2021 fica mantida reposição anual de 100% do INPC. A PLR, Participação nos Lucros e Resultados, deste ano será mantida no valor já previsto de R$ 11,8 mil.
De 2017 a 2021 a montadora pagará o valor do ano anterior corrigido pelo INPC. A proposta inicialmente apresentada pela fábrica previa um período de 3 anos – de 2017 a 2019 – sem reajustes e uma PLR de R$ 4,6 mil em 2016.
A proposta inicial previa também o fim da cláusula que garante a estabilidade do trabalhador acidentado, uma conquista dos acordos coletivos firmados pelo Sindicato. O item foi derrubado na mesa de negociação e a cláusula será renovada.
