Para a Anfavea a indústria de caminhões corre o risco de entrar em colapso

São Paulo – Já faz alguns meses que a Anfavea alerta para o mau desempenho da indústria brasileira de caminhões, que tem registrado queda de produção e vendas. Com o fechamento do resultado até outubro o presidente executivo Igor Calvet foi mais enfático: disse na quinta-feira, 13, que o alerta mudou de categoria e que o segmento está em “iminente colapso”.

“Não existe horizonte de recuperação para os próximos meses, principalmente no segmento de pesados, que representa 45% do mercado. Já escutei de alguns executivos da indústria que estamos em iminente colapso e vou usar esta expressão hoje. É uma expressão forte, mas estamos alertando sobre esta situação há alguns meses.” 

De janeiro a outubro foram produzidos 108,8 mil caminhões, queda de 7,3% na comparação com iguais meses do ano passado. Esta queda só não foi maior porque os segmentos de leves e médios tiveram desempenho um pouco melhor, mas ainda assim a indústria deixou de produzir 8,6 mil unidades no ano.

Os dados de outubro mostram de forma mais clara a atual situação, com 10,2 mil unidades produzidas, volume 31,3% menor do que o fabricado em igual mês do ano passado e 0,5% maior do que o produzido em setembro: “Os números mostram o que falamos há cinco ou seis meses, refletem o tamanho da nossa preocupação, pois a queda na comparação anual foi muito grande”.

No acumulado do ano foram vendidos 94,7 mil caminhões, queda de 8,3% com relação ao mesmo período de 2024. A demanda por veículos pesados, que representam 45% do mercado, porém, caiu mais de 20% de janeiro a outubro. Estes índices demonstram, mais uma vez, a preocupação da Anfavea:

“Temos um problema sério que precisa ser solucionado. Como Anfavea estamos mais uma vez mostrando o cenário complicado do segmento de caminhões e trabalhando para que ele se estabilize e se recupere. A taxa Selic em 15% é um impeditivo para a compra de novos caminhões e as empresas estão adiando os seus investimentos, mesmo com PIB positivo e um volume de safra relevante”.

Em outubro as vendas somaram 10,7 mil unidades, queda de 12,7% com relação a idêntico mês do ano passado e alta de 8,8% na comparação com setembro.

Para o Calvet não há perspectiva de melhora nos próximos meses porque a taxa Selic deve ter um leve recuo só no primeiro trimestre do ano que vem, em meados de março, saindo de 15% para 14,75%. Mas este movimento deverá ter algum efeito positivo na demanda apenas a partir de outubro e, por isto, ele acredita que 2026 será mais um ano desafiador.

O único resultado positivo no acumulado do ano do segmento de caminhões veio das exportações, com 24 mil unidades até outubro, alta de 73% sobre 2024. No mês passado foram exportados 2,3 mil caminhões, crescimento de 9,2% na comparação com outubro de 2024 e queda de 12,1% com relação a setembro.

Produção de chassis de ônibus cresce 11% até outubro

São Paulo – A produção de chassis de ônibus somou 26,2 mil unidades até outubro, expansão de 10,8% na comparação com iguais meses do ano passado, de acordo com balanço divulgado pela Anfavea. Houve desaceleração no ritmo produtivo em outubro, com 2,1 mil chassis fabricados, queda de 11,6% com relação a idêntico mês do ano passado. Na comparação com setembro o recuo foi ainda maior, chegando a 23,4%.

As vendas chegaram a 19,7 mil unidades de janeiro a outubro, crescimento de 7,2% na comparação com igual período de 2024. Em outubro foram vendidos 2 mil ônibus, mostrando que o mercado também desacelerou, uma vez que na comparação com idêntico mês do ano passado houve queda de 23,5% e na comparação com setembro houve leve alta de 0,8%.

As exportações de ônibus cresceram 49,2% até outubro, com 5,7 mil unidades embarcadas. No mês passado somaram 434 unidades, queda de 19,6% na comparação com igual mês de 2024 e recuo de 35,9% com relação a setembro.

Engenharia brasileira desenvolve o sistema híbrido plug-in flex da Ford Ranger

Tatuí, SP – A engenharia brasileira da Ford está desenvolvendo o sistema híbrido plug-in flex que equipará a Ranger eletrificada produzida em Pacheco, Argentina, a partir de 2027. A versão híbrida flex soma-se à novidade anunciada recentemente a partir de investimento de US$ 170 milhões, que complementa outros US$ 700 milhões injetados na nova geração da picape, nova fábrica de motores e introdução de versões com cabine simples.

“Este é o terceiro motor desenvolvido no Brasil para o mundo, de uma família de oito motores”, disse André Oliveira, diretor de programas veiculares da Ford América do Sul. “Os outros dois são o Phanter e o V6, da Ranger.”

De acordo com ele o processo de criação, que dura em torno de dois anos, está sendo realizado em parceria do Centro de Engenharia da Ford em Camaçari, BA, e com o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, SP.

O investimento integra ciclo com duração de quatro a cinco anos que engloba a modernização e expansão do centro de testes em Tatuí — os valores foram mantidos em segredo. Uma das novidades é a criação do Centro de Diagnósticos Avançados de Engenharia, que segundo Oliveira “melhorou a eficiência do tempo dos diagnósticos em torno de 30%”, e da segunda unidade do Ford Academy – que complementa a unidade do Senai Ipiranga, na Capital, onde a capacitação é dedicada à rede concessionária.

No Interior de São Paulo o foco está na qualificação dos funcionários, inclusive os engenheiros preparados para trabalhar ali: “Aqui temos uma localização estratégica e muito espaço para expandir, pois estamos em área de 4,6 milhões de m². E este é um marco, uma vez que o ciclo de investimentos atual está só no começo”.

Sobre os próximos passos André Oliveira contou que novos prédios serão erguidos e os ambientes existentes modernizados, assim como os laboratórios, que ganharão novos equipamentos. Áreas compostas por dois gramados extensos serão palco de novas experiências e testes de off road. Hoje, ao todo, há mais de 60 quilômetros de pistas de terra e asfalto.  

“O objetivo é transformar o nosso centro de desenvolvimento no maior da América do Sul em termos de desenvolvimento tecnológico.”    

Tatuí abriga um dos sete centros de desenvolvimento da Ford no mundo, com a diferença de que é o único a agregar a área de engenharia, com a realização de mais de 450 tipos de testes e, desde 2022, oferece serviços a outras empresas. Atualmente quatro montadoras de veículos leves e pesados utilizam-se deles. Os nomes, porém, são mantidos em sigilo.

O centro de testes completará 50 anos em 2028. Ele é responsável por testar, validar e homologar todos os modelos que passam pelo Brasil e pela América do Sul. A partir dele também são exportadas tecnologias para os Estados Unidos. Trabalham no local em torno de quinhentos profissionais.

Camaçari ganhará novo prédio

De acordo com o diretor de março a maio do ano que vem será inaugurado novo prédio em Camaçari, BA, com capacidade para 1 mil engenheiros. A novidade propõe estabelecer um espaço mais interativo para os profissionais, com carros e bancadas de testes no meio do escritório. 

“Em torno de 15% do efetivo total de engenheiros da Ford está no Brasil, e eles são responsáveis por 30% das tecnologias globais da companhia.”

A engenharia brasileira faturou, no ano passado, em torno de R$ 500 milhões. E a projeção para 2025, segundo Oliveira, é de pelo menos alcançar esta mesma receita.

Indústria argentina surpreende Adefa e cresce 50% em 2025

São Paulo – O recém-empossado presidente da Adefa, Rodrigo Perez Graziano, traçou panorama otimista para a indústria automotiva argentina em sua primeira apresentação internacional, realizada durante o Congresso AutoData Perspectivas e Tendências 2026. Apesar de reconhecer os desafios do contexto econômico local ele enfatizou que os planos de longo prazo do setor permanecem inabaláveis, mesmo diante das turbulências políticas recentes que marcaram as eleições de meio de mandato no país.

“Temos a certeza de que os resultados de hoje são o resultado de decisões tomadas anos atrás”, afirmou o executivo, ao destacar que os veículos que saem das fábricas argentinas atualmente representam investimentos decididos há anos. Por isto as decisões tomadas agora definirão a próxima década do setor, independentemente das oscilações econômicas ou políticas.

Os números de 2025 surpreendem positivamente. Enquanto projeções iniciais apontavam para um crescimento de 14% a 15% do mercado argentino, para cerca de 470 mil unidades emplacadas, a realidade se mostrou muito mais favorável. 

“Hoje estamos falando de um mercado de 620 mil a 630 mil unidades. É um crescimento de cerca de 50% com relação ao ano passado”, disse Graziano, classificando este patamar como “um mercado muito bom, muito positivo” dentro da história argentina.

Rodrigo Perez Graziano. Fotos: Bruna Nishihata.

A produção deverá superar as 500 mil unidades, com crescimento acumulado de 3% com relação ao ano anterior, e as exportações devem totalizar mais de 300 mil veículos. Segundo ele o desempenho foi impulsionado por medidas concretas do governo que assumiu há dois anos, desde a redução de impostos, normalização das importações, forte retorno do crédito automotivo com taxas menores e maior estabilidade cambial.

O presidente da Adefa deixou claro que a competitividade é o principal desafio do setor: “É o que nos mantém acordados à noite, nos desafia”.

Ele ressaltou o compromisso de manter a Argentina no “clube de países produtores”, especialmente em segmentos como picapes, no qual o país ocupa posição de destaque global.

Integração regional e mobilidade sustentável

As exportações são fundamentais para a sustentabilidade da indústria argentina, historicamente afetada por restrições cambiais. O Brasil é o principal destino. A mensagem central de Graziano foi de integração profunda com o Brasil e o Mercosul. No âmbito local a ideia geral envolve trabalho conjunto com governos e toda a cadeia de valor para atrair investimentos e gerar empregos qualificados. Regionalmente o foco está em aprofundar a especialização e a complementação industrial com o Brasil e com o resto dos países do Mercosul, além de buscar melhor acesso a terceiros mercados.

Sobre a transição para uma mobilidade mais sustentável Graziano destacou que já existem fábricas na Argentina com 100% de energia renovável e que o governo tem promovido novas tecnologias, permitindo a importação de até 50 mil veículos híbridos, plug-in e elétricos sem tarifas por ano: “O mundo está caminhando para esta eletrificação. Argentina e Mercosul não podem ficar à margem de todo esse processo”.

Para 2026, embora as taxas de crescimento não devam se manter nos dois dígitos observados em 2025, Graziano mostrou-se confiante na continuidade da estabilidade macroeconômica e na consolidação do mercado.

A queda do risco-país de mais de 1 mil pontos para abaixo de 500 após as eleições foi considerada como indicador importante dessa nova fase: “É uma diminuição muito grande, mais de 50%”, celebrou, projetando que esta tendência deve se manter nos próximos dois anos.

Dakota será uma das atrações da Ram no Salão do Automóvel

São Paulo – A Ram confirmou a presença da Dakota, sua nova picape média, no Salão do Automóvel 2025, que será realizado de 22 a 30 de novembro, no novo Distrito Anhembi, em São Paulo. A versão Warlock foi revelada pela Ram no mês passado, durante evento que marcou o início da sua produção em Córdoba, Argentina, e o seu lançamento no Brasil está previsto para 2026.

O projeto faz parte do investimento de R$ 2 bilhões que a Stellantis está aplicando na fábrica argentina para transformar a unidade em um hub de exportação de picapes. A Ram Dakota chega para competir no segmento de picapes médias, onde estão posicionadas Hilux, Ranger e S10, assim como a Fiat Titano, com quem compartilha base e peças.

Frasle Mobility registra recorde de receita líquida no terceiro trimestre

São Paulo – A Frasle Mobility registrou no terceiro trimestre de 2025 o seu novo recorde de receita líquida consolidada para o período, chegando a R$ 1,4 bilhão, resultado 36,4% maior do que o registrado em igual trimestre do ano passado.

O Ebtida ajustado para o período foi de R$ 270,2 milhões, avanço de 38,3% sobre o terceiro trimestre de 2024, enquanto a margem Ebtida ajustada ficou em 19,1%, 0,3 ponto porcentual acima do registrado em iguais meses do ano passado.

A receita internacionais gerada a partir de operações no Exterior e de componentes exportados a partir do Brasil chegou a US$ 731,3 milhões, crescimento de 88,1% na comparação com o terceiro trimestre de 2024.

Stellantis aposta na eletrificação para se manter no topo

São Paulo – Um em cada quatro automóveis e um em cada três comerciais leves vendidos na América do Sul é de algumas das marcas da Stellantis. Para manter o protagonismo a companhia realiza seu maior ciclo de investimentos da história, com R$ 32 bilhões aplicados deste ano a 2030, com mais de 93% do valor destinado ao mercado brasileiro.

Seu CFO Fernando Scatena apresentou parte dos planos no Congresso AutoData Perspectivas e Tendências 2026. Como por exemplo a distribuição dos recursos: R$ 14 bilhões em Betim, MG, 13 bilhões em Goiana, PE, R$ 3 bilhões em Porto Real, RJ, e R$ 2 bilhões em Córdoba e El Palomar, Argentina.

Fernando Scatena. Fotos: Bruna Nishihata.

Estes valores são considerados parte da resposta estratégica à ofensiva de fabricantes com origem na China no mercado brasileiro, de acordo com o CFO: “Nos últimos seis anos eles deixaram de ser um player irrelevante, com menos de 1% das vendas, para uma fatia de quase 9% do mercado. Mas, no mesmo período, a Stellantis também cresceu mais de 9 pontos porcentuais, demonstrando que está jogando o jogo certo”.

Eletrificação: o caminho do futuro.

A indústria automotiva mundial passa pela maior transformação de sua história, com três princípios fundamentais: sustentabilidade, mobilidade conectada e tecnologia. No Brasil a revolução já mostra números concretos: os carros elétricos e híbridos, cita Scatena, representam atualmente 13% do mercado. E a projeção é ambiciosa: “Até 2030 venderemos mais carros eletrificados do que carros a combustão”.

O grupo desenvolveu plano completo de eletrificação, adaptado às particularidades do mercado brasileiro e para combinar com o poder de compra do cliente local. A Stellantis terá em seu portfólio desde híbridos leves até os híbridos completos, além dos totalmente elétricos.

O executivo também enfatizou a importância da produção local e destacou que, apesar do foco em tecnologia e eletrificação, a Stellantis mantém atenção aos veículos de entrada.

“Não tenham dúvidas de que os carros mais acessíveis continuarão a ser relevantes em nosso mercado”, afirmou Scatena. A demanda por carros acessíveis, tanto no Brasil quanto na região, continuará sendo relevante e isto é um fator importante para o plano de produção futuro.

Indústria de motocicletas voltará às 2 milhões de unidades em 2026

São Paulo – A indústria nacional de motocicletas deverá voltar a produzir 2 milhões de unidades em 2026, de acordo com a projeção divulgada por Marcos Bento, presidente da Abraciclo, durante o Congresso Perspectivas e Tendências, realizado por AutoData. A expectativa para o fechamento de 2025 é de 1 milhão 950 mil motocicletas fabricadas. 

Mas Bento acredita que, ao contrário de 2011, último ano que a produção superou a casa das 2 milhões de unidades mas que foi seguido de redução nos volumes nos anos seguintes, um cenário positivo será seguido até 2030, com um crescimento sustentável da produção que poderá chegar a 2,8 milhões:

“Esperamos que nossas associadas continuem investindo em tecnologia e aumento de capacidade produtiva para acompanhar a demanda do mercado”, afirmou o presidente. “Para 2026 entendemos que algumas oportunidades de negócios continuarão, como o crescimento do uso da motocicleta como ferramenta de trabalho, sendo usada para diversos tipos de entregas”.

As vendas domésticas, que têm uma participação de modelos importados, chegarão aos 2,1 milhões de unidades já em 2025, crescimento de 11,9% sobre 2024, e a expectativa para os próximos anos também é positiva.

Marcos Bento. Fotos: Bruna Nishihata.

Para 2026 Bento citou alguns pontos de atenção, como as eleições presidenciais e a Copa do Mundo de futebol, que podem de alguma forma afetar o mercado nacional de duas rodas, assim como possíveis conflitos internacionais. 

Balanço

De janeiro a outubro a produção de motocicletas somou 1 milhão 685 mil unidades, o melhor resultado para o período nos últimos catorze anos, com crescimento de 14% sobre iguais meses do ano passado. Em outubro foram produzidas 188,8 mil unidades, melhor resultado para o mês desde 2011. Na comparação com igual período do ano passado houve alta de 21,8% e de 11,6% sobre setembro.

Foram vendidas 1 milhão 824 mil motocicletas em dez meses, o melhor resultado já registrado pela Abraciclo de janeiro a outubro, alta de 15,6% sobre o mesmo período de 2014.

Os emplacamentos em outubro chegaram a 209,8 mil unidades, o maior volume para o mês, de acordo com a entidade. Na comparação com igual mês do ano passado o volume vendido foi 25,8% maior e com relação a setembro houve alta de 1,9%.

Foram exportadas 35,1 mil unidades até outubro, expansão de 30,7% sobre iguais meses do ano passado. Em outubro os embarques somaram 5,6 mil motocicletas, avanço de 87,9% com relação ao mesmo mês de 2024 e de 5,9% na comparação com setembro.

MG Motor estreia no mercado brasileiro

São Paulo – A MG Motor, Morris Garages, marca centenária de origem britânica pertencente ao grupo chinês SAIC Motor, inicia operação no Brasil após um ano desenvolvendo projeto. Para sua estreia foram escolhidos três modelos: o esportivo Cyberster, o hatchback MG4 e o SUV MGS5, que congregam plano agressivo de preços e condições de pagamento, tecnologia de ponta e design diferenciado.

Desde janeiro a MG Motor mantém escritório em São Paulo. No decorrer do ano fechou contrato com o Grupo Sada para realizar a parte logística desde o Porto de Vitória, ES, por onde ingressam os veículos desembarcados da China, até Cariacica. De lá os carros seguem para as concessionárias e as peças para o centro de distribuição em Cajamar, SP.

Diferentemente das empresas chinesas que têm desembarcado por aqui nos últimos anos, que elegem o Brasil para iniciar operações na América Latina, a MG Motor já opera no México e no Chile desde 2016, onde o CEO da MG Motor para América do Sul, Gang Wu, estabeleceu residência há nove anos, e em outros onze países da região, inclusive a Argentina, desde setembro.

Segundo Fábio Klemenc, diretor comercial da MG Motor, os planos da empresa são calcados em preço e tecnologia para abocanhar uma fatia dos cerca de 8,5 mil veículos a bateria comercializados por mês no mercado brasileiro, 3,2% do total.

“O mercado de elétricos está expandindo muito. Do ano passado para cá cresceu 18%, enquanto que o mercado, no geral, avançou 3%. A Saic optou então por ingressar no segmento que reúne os early adopters, que são potenciais clientes.” 

O executivo evitou traçar projeções. Disse, apenas, que ainda estão sentindo a demanda antes de cravar planos ambiciosos para os três modelos. O que não se pode dizer da rede concessionária: dez já estão com as portas abertas, as quais receberão lote inicial de cinquenta carros e, até dezembro, serão 24 lojas em parceria com doze grupos. Em 2026 serão setenta ao todo.

“Certamente não é uma aventura. A SAIC produz anualmente 4,6 milhões de veículos, com todos os tipos de tecnologia, sendo que 25% do volume vendido a outros países tem como destino o mercado europeu”, disse o executivo. “A tecnologia é o nosso maior diferencial e o momento é oportuno.”

MG Motor estuda produzir no Brasil

Segundo Klemenc a empresa já está estudando parcerias para investir na produção local a depender da receptividade do mercado por seus modelos. Sem pormenores ele apenas expressou a intenção, compartilhada por outros grupos chineses.

Com potência de até 510 cv e torque de 725 Nm o Cyberster acelera de zero a 100 km/h em 3,2 segundos, ou em 33 metros. Tem autonomia para 342 quilômetros, conforme o padrão Inmetro, freios de alto desempenho Brembo e tração AWD. O tempo estimado de recarga de 10% a 80% do total é de 38 minutos, com carregamento rápido em 150 kW.  

Com porta-tesoura, cockpit de três telas e teto conversível o preço sugerido é R$ 499 mil 800. A ideia, conforme o executivo, é que ele concorra com modelos da Porsche. 

O SUV MGS5 Luxury tem potência de 305 cv e torque de 350 Nm. Com tração traseira, vai de zero a 100 km/h em 6,3 segundos. A autonomia é de até 351 quilômetros e o tempo estimado de recarga, de 10% a 80%, é de 26 minutos. Com porta malas de 451 litros chega a 1 mil 441 litros com os bancos rebaixados.

O carro intitulado de família pensado no conforto e segurança tem condução semiautônoma nível 2. O preço promocional até 30 de novembro é R$ 219 mil 800 e, depois, R$ 238 mil 800. Tem como concorrentes BYD Yuan Plus e GAC Aion Y.

O terceiro lançamento é o hatchback MG4 XPower. O Brasil é o primeiro mercado a introduzir a versão 2025/2026 do modelo, projetado sobre plataforma modular. Com potência de 435 cv e torque de 600 Nm, tem tração integral e vai de zero a 100 km/h em 3,8 segundos. Com o carregamento rápido alcança de 30% a 80% em 22 minutos. 

O preço promocional é de R$ 224 mil 800 e,  partir de dezembro, R$ 229 mil 800. Seus concorrentes: GWM Ora 03 GT e Zeekr 001. 

A MG Motor não descarta trazer mais modelos, a depender da demanda do mercado.  

GAC avança com a rede e planeja produção local em 2026

São Paulo – A GAC, uma das maiores montadoras da China, está acelerando seus planos para consolidar sua presença comercial no Brasil e, possivelmente, iniciar sua produção local já em 2026. Quem contou os planos foi Danilo Rodil, diretor de vendas e desenvolvimento de rede, em entrevista exclusiva ao programa Linha de Montagem AutoData.

Segundo o executivo logo após o anúncio da chegada da marca ao País sessenta concessionários foram nomeados, com cinquenta pontos de venda já postos em operação de forma quase que imediata. A segunda fase do plano de expansão, que está começando agora, prevê a abertura de mais cinquenta a sessenta lojas até o fim do primeiro semestre de 2026, totalizando cerca de cem concessionárias distribuídas por todo o território nacional.

Rodil destacou que o primeiro grupo de parceiros foi formado por concessionários sólidos e experientes, e que a prioridade, nesta nova etapa, é ampliar a rede com empresas igualmente estruturadas e com boa capacidade de investimento e crescimento. O padrão de atendimento da GAC no Brasil, afirmou, será pautado pela excelência e foco no pós-venda, valores já adotados pela companhia em outros mercados.

Com relação à produção local ele confirmou que o projeto pode avançar já em 2026, em regime CKD, e que novidades poderão ser anunciadas ainda antes do fim deste ano: “O investimento da GAC não é transitório. A empresa quer trazer desenvolvimento e parceria para o Brasil”.

O plano de negócios reforça a posição do País dentro do plano global da companhia. De acordo com Rodil “o Brasil é prioridade número 1 para a GAC Internacional, que pretende expandir sua presença na América Latina a partir do mercado brasileiro”.

Assista à entrevista completa com Danilo Rodil no canal do YouTube de AutoData e confira os planos da montadora chinesa para o Brasil e a região.