Herlander Zola assume a Stellantis com passos mais firmes rumo à eletrificação

São Paulo – O início das operações da Leapmotor no mercado brasileiro coincide com a troca de bastão na presidência da Stellantis na América do Sul, com Herlander Zola sucedendo a Emanuele Cappellano, agora responsável pela divisão europeia da companhia. E a chegada da chinesa com seu portfólio eletrificado representa bem os próximos passos, cada vez mais firmes, do grupo na região.

Em sua primeira entrevista coletiva o novo presidente da Stellantis na região falou muito sobre a eletrificação. Na sua visão o carro híbrido ou a bateria passou a ser o desejo do consumidor brasileiro, o que torna importante a aceleração dos planos, para atender a seu propósito: “Temos que produzir os carros que vendemos, e não vender o que produzimos. Desta forma teremos melhor resultado financeiro”.

Ele projetou que, em cinco anos, mais da metade das vendas de veículos no Brasil será de eletrificados. E garantiu que muitas novidades chegarão ao mercado para que a Stellantis acompanhe este movimento.

Sem abrir todo o jogo, porque muitas coisas permanecem em mistério, Zola disse que os passos serão mais rápidos neste sentido. Garantiu que a oferta avançará dos atuais híbridos leves para os híbridos completos, que chegarão a modelos do portfólio – sem enumerá-los. A Stellantis tem, dentro do projeto Bio Hybrid, oferta de todas as tecnologias, da MHEV à 100% elétrica. Expandiu com a chegada da Leapmotor, acrescentando a REEV, que é a tração elétrica com um motor a combustão com extensor de autonomia.

Tecnologias da Leapmotor poderão ser tropicalizadas, garantiu Zola. E deixou claro que, embora não tenha martelo batido a respeito, produzir modelos da plataforma Leap no Brasil está nos planos da companhia: “Eu me empenharei para ter esta aprovação. Mas, por enquanto, não há nada decidido”.

Sem zona de conforto

Zola assume o posto com a Stellantis sendo a maior montadora da América do Sul. A expectativa é a de que este ano sejam comercializados 1 milhão de veículos na região – até outubro foram pouco mais de 815 mil, ou 23% do total, com liderança no Brasil, Argentina, Uruguai e segundo lugar no Chile.

“Não podemos ficar na zona de conforto. Não é isto que a liderança na região representa.”

Mesmo assim seu objetivo é dar continuidade ao planejamento, sem mudanças drásticas. Na sua visão a Stellantis tem lidado bem com a mudança do mercado dos últimos anos, provocada pela chegada de marcas chinesas que passaram de menos de 1% para 10% de mercado: “Eles não tiraram esta fatia de nós”.

Para 2026 prometeu lançamentos em todas as marcas. Alguns já conhecidos como o Jeep Avenger e a picape Ram Dakota e um novo modelo Fiat de grande volume, que deverá ser derivado do Grande Panda europeu.

Sobre o mercado, é cauteloso: “A perspectiva é de crescimento tímido. É ano eleitoral, temos os juros altíssimos e sem grandes expectativas de recuo rápido. Devemos fechar 2025 com alta de 3% a 4%, mais próximo dos 3%, e no ano que vem avançar de 2% a 3%, seguindo o cenário atual”.

De toda forma, garantiu o presidente da Stellantis, foram elaborados planos para caso haja crescimento maior ou desempenho pior do que o projetado.

Mercado argentino desacelera em outubro

São Paulo – As vendas de veículos na Argentina somaram 52 mil unidades em outubro, volume 7,6% menor do que o comercializado em setembro, mas 16,9% maior do que o vendido em idêntico período do ano passado, de acordo com os dados divulgados pela Acara, entidade que representa os concessionários argentinos.

No acumulado do ano as vendas cresceram 55,1%, com 552,5 mil unidades comercializadas. A participação dos veículos vendidos no Brasil chegou a 49% em dez meses, contra 36% em igual período de 2024, enquanto a participação dos modelos argentinos caiu de 56% em 2024 para 40% em 2025.

De janeiro a outubro a Toyota liderou o mercado argentino com 89,2 mil vendas, seguida pela Volkswagen que comercializou 85,8 mil unidades no período. Em terceiro lugar ficou a Fiat com 68,8 mil unidades. 

No ranking por modelo o Toyota Yaris ficou na primeira posição com 28,3 mil vendas e o Fiat Cronos garantiu a segunda posição com 27,9 mil emplacamentos. Em terceiro lugar ficou a Toyota Hilux com 27,1 mil unidades comercializadas.

Retrofit de robôs da ABB reduz emissões de CO2 e custo para as empresas

São Paulo – A divisão brasileira da ABB trabalha com o retrofit de robôs industriais, processo que permite a restauração de novos padrões para que as empresas consigam atualizar seus robôs sem precisar comprar um novo. O trabalho colabora com a redução de emissões de CO2, pois o retrofit de um robô gera 75% menos CO2 do que a produção de um novo e também ajuda a diminuir o volume descartado.

Outro ganho é no custo para as empresas, uma vez que o retrofit custa, em média, 60% do preço de um robô novo. Desde que começou este tipo de trabalho no Brasil mais de 150 robôs foram restaurados para diversas áreas industriais.

Melhor mês do ano, outubro registra queda comparado com 2024

São Paulo – Embora tenha sido o melhor mês do ano em vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus outubro e suas 260,7 mil unidades emplacadas registrou queda de 1,5% com relação ao mesmo mês do ano passado, que somou 264,9 mil. Os dados são preliminares do Renavam e foram obtidos pela Agência AutoData.

Outubro do ano passado foi ponto fora da curva: o desempenho foi o melhor desde 2014. Nem novembro e nem dezembro registraram resultado melhor: o mês passado, portanto, foi o melhor mês em vendas da indústria desde outubro de 2024.

O resultado superou em 7,2% as 243,2 mil unidades emplacadas em setembro. Cresceu também na média diária: 11,3 mil, contra 11,1 mil no mês anterior. Em outubro do ano passado a média diária somou 11,5 mil veículos.

O acumulado do ano soma 2 milhões 172 mil unidades emplacadas, avanço de 2,3% sobre as 2 milhões 124 mil dos dez primeiros meses de 2024.

De acordo com a Bright Consulting a venda de veículos leves teve desempenho semelhante: 246,9 mil unidades, 6,6% de avanço sobre setembro e queda de 1,1% comparado com outubro do ano passado.

Do total 49,4% foram emplacados por meio de faturamento direto, que representou 4% de aumento sobre o volume de outubro de 2024. O varejo registrou queda no período, de 5,6%, somando 124,8 mil unidades.

No acumulado a venda de leves chegou a 2 milhões 50 mil unidades, alta de 2,2% sobre janeiro a outubro de 2024.

Stellantis confia na solução da crise dos semicondutores

São Paulo – Um clima de otimismo tomou conta do ambiente da Stellantis no último fim de semana, com a decisão do governo chinês de retirar as companhias brasileiras do embargo promovido para as exportações de chips da Nexperia. Segundo o presidente Herlander Zola o fim de semana foi tomado por reuniões com equipes de supply chain e logística e as documentações já estão sendo encaminhadas ao governo chinês. A expectativa é a de que lotes de semicondutores voltem a ser importados.

“O problema só deixará de existir quando as peças estiverem aqui”, afirmou a jornalistas em sua primeira entrevista coletiva no novo cargo, no qual sucede a Emanuele Cappellano, que assumiu funções na Europa. “Mas a decisão [do governo da China] de nos colocar na exceção foi tomada e, por isto, a perspectiva é positiva. Estamos mais otimistas do que na semana passada.”

Zola afirmou que as operações industriais da Stellantis estão “na iminência de paralisação”, sem estipular prazos: “Algumas linhas têm [produto] para uma determinada quantidade de dias, outras para mais. O fato é que é um item de fácil importação, podemos trazer por via aérea e chegaria nas nossas fábricas em três a quatro dias.

O presidente da Stellantis América do Sul, no entanto, confia que a crise será resolvida antes que alguma fábrica precise parar a produção.

No sábado, 1º, o governo chinês informou, por meio da embaixada no Brasil, que as empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo aplicado pela China às exportações da Nexperia, decorrente da decisão do governo da Holanda de intervir na subsidiária local, retirando seu CEO e nomeando um interventor. A companhia, com fábrica na China, é responsável por cerca de 40% do fornecimento de chips simples para a indústria automotiva, que são utilizados em diversos itens e sistemas.

Ceva Logistics será a operadora do novo CD da Iveco em Pouso Alegre

São Paulo — A Ceva Logistics será a operadora do centro de distribuição de peças que o Grupo Iveco está construindo em Pouso Alegre, no Sul de Minas, partir de investimento de R$ 93 milhões, anunciado em setembro. Na segunda-feira, 3, a empresa de logística terceirizada divulgou a assinatura de contrato com a montadora para operar o espaço de 20 mil m².

A construção do centro de distribuição começou em junho, com o início das operações previsto para abril de 2026, substituindo o atual CD em Sorocaba, SP, compartilhado com a CNH, devido a limitações de capacidade. O objetivo da nova instalação é trazer maior fluidez à operação logística, devido à menor distância de Sete Lagoas, MG, onde está a fábrica.

O novo armazém contará com tecnologia de ponta, uma vez que o objetivo, de acordo com o Grupo Iveco, é “transformar o local em hub estratégico para melhor conectar clientes e fornecedores e expandir sua operação logística”.

Por exemplo: o espaço terá sistema de gerenciamento de armazém sem fio que permitirá rastreabilidade e controle em tempo real dos movimentos de produtos. A tecnologia tem como objetivo garantir maior velocidade, eficiência e precisão nas entregas. A instalação foi projetada já considerando possíveis expansões futuras, permitindo crescimento ágil e operações flexíveis.

Governo chinês concederá autorização especial para empresas brasileiras importarem chips

São Paulo – O governo chinês concordou em analisar a concessão de autorização especial às empresas brasileiras que estiverem com dificuldades para adquirir chips. Foi o que informou a Anfavea, ao celebrar ação que abre caminho para o fim do embargo às importações de semicondutores da Nexperia, que pode levar ao desabastecimento dos fornecedores de autopeças no país e à consequente paralisação da indústria automotiva.

Segundo informe feito à Anfavea pelo embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, as empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo por meio da embaixada ou diretamente com o Ministério do Comércio da China. O país concederá a licença para importação a partir da análise de cada caso.

Na quinta-feira, 30, o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, contou que estava em contato com o embaixador para reforçar o pleito encabeçado pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que prontamente se dispôs a buscar uma solução diante do quadro exposto pela Anfavea de riscos concretos ao setor automotivo.

Na terça-feira, 28, Alckmin se reuniu com Anfavea, Sindipeças, Abipeças e representantes dos trabalhadores, que pediram o apoio do governo brasileiro, junto ao governo chinês, para que o Brasil não seja prejudicado.

“A rápida resposta do governo brasileiro frente ao alerta feito pela Anfavea permitiu a abertura de canais de diálogo antes de o pior cenário se concretizar, que é o de paralisação de fábricas no país”, afirmou Calvet. “Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias e dar suporte às empresas da cadeia de suprimentos para que possam restabelecer as compras dos semicondutores o mais rápido possível e normalizar o envio de peças às fabricantes.”

Tudo começou quando, no mês passado, o governo holandês tomou o controle da Nexperia, subsidiária da fabricante de semicondutores chinesa Wingtech. Como resposta a China bloqueou as exportações dos chips vendidos pela empresa. O efeito colateral desta medida foi a interrupção do fornecimento de semicondutores da Nexperia às empresas da cadeia de autopeças no Brasil e o risco de as empresas paralisarem em algumas semanas. 

Os chips da Nexperia são usados em peças que compõem os veículos de todas as fabricantes e, como há poucas fornecedoras globais de semicondutores, não há outras opções desses componentes no mercado. 

Geely adquire fatia da Renault do Brasil e usará fábrica do Paraná

São Paulo — O Grupo Renault e a Geely assinaram acordos para que a companhia chinesa assuma 26,4% de participação na subsidiária local do grupo francês. Esta aquisição já estava prevista quando o acordo inicial foi assinado, em fevereiro.

Com a oficialização o grupo, que permanece majoritário na Renault do Brasil, abre as portas do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR, para a produção de modelos Geely. Segundo o comunicado conjunto, enviado na manhã de segunda-feira, 3, a Renault utilizará  a arquitetura GEA da Geely para ampliar sua gama de veículos zero e de baixas emissões.

Desde julho a Renault já é responsável pela distribuição e vendas dos modelos Geely no mercado brasileiro. Todo o processo de venda e importação do EX5 é feito pela companhia francesa.

O Brasil não é o primeiro mercado em que as duas empresas fazem parcerias: na Coreia do Sul existe um acordo que envolve a Horse, divisão a combustão do Grupo Renault.

Caminhões: em marcha lenta até quando?

Este ano começou com expectativas moderadamente otimistas para a indústria de caminhões. As empresas fabricantes projetavam estabilidade nas vendas e na produção, sustentadas pela supersafra de mais de 320 milhões de toneladas de grãos, segundo estimativa da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento. O cenário favorecia especialmente a demanda por modelos pesados, responsáveis por cerca de 46% das vendas do mercado nacional. Mas o otimismo durou pouco.

A escalada da taxa Selic, que saltou de já elevados 10,75% ao ano em outubro de 2024 e chegando a inviáveis 15% em julho, encareceu o crédito e travou a renovação de frotas, impondo um novo ciclo de cautela e retração ao setor. O resultado é um mercado mais contido do que se previa: as vendas de caminhões devem fechar 2025 em 113,5 mil, em queda de 7% sobre 2024, segundo projeta a Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que no início do ano estimava o emplacamento de 127,6 mil unidades.

Na mesma direção a Anfavea, Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores, reduziu para 114,5 mil sua projeção de caminhões vendidos este ano, em retração de 8,3% na comparação com 2024. Segundo Igor Calvet, presidente da Anfavea, a fragilidade do mercado é consequência direta do custo elevado do financiamento: “O setor funciona com crédito. Hoje parte das operações está no CDC e parte no Finame. Se o juro é caro a base balança”.

Além das altas taxas nas linhas do BNDES Finame o IOF, imposto sobre operações financeiras, encarece em cerca de 10% a aquisição de veículos, tornando a compra de caminhões ainda mais restritiva — especialmente para autônomos e pequenos transportadores, que dependem de crédito subsidiado para manter a operação.

EXPORTAÇÃO SEGURA PRODUÇÃO

Esta reportagem foi publicada na edição 426 da revista AutoData, de Outubro de 2025. Para ler sua íntegra clique aqui.

Foto: Divulgação/DAF