O samba tem quase um século, mas a letra de O Mundo não se Acabou, escrito pelo baiano Assis Valente, serviu de apoio para o presidente executivo da Abimaq, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, José Velloso, ilustrar o momento atual da economia e do setor industrial no País diante da pandemia – e de todas as consequências inerentes.
Nesta entrevista, concedida com exclusividade a AutoData por meio de videoconferência a partir da sede da associação, o dirigente comemorou a derrubada do veto presidencial à extensão da desoneração da folha de pagamento e defendeu com veemência a reforma tributária em andamento no Congresso Nacional. Para ele a sociedade como um todo, e o terceiro setor em especial, têm que aproveitar esse momento para cobrar das esferas governamentais e legislativas o andamento rápido de uma agenda de competitividade.
Acompanhe a seguir os principais trechos desta entrevista.
Imaginemos três cenários para 2021 envolvendo a pandemia e a economia: vacina, segunda onda ou pororoca, aquela onda infinita da Amazônia. Em qual o senhor apostaria mais?
Eu ficaria com a pororoca, mas perdendo força conforme avança. Acredito que se tivermos uma segunda onda forte o governo terá que pedir ao Congresso outra PEC da calamidade, como foi feito em 2020, e estourou bastante o limite de gastos, coisa de R$ 600 bilhões, só por causa da pandemia. Se continuarmos como estamos nem a Câmara nem o Senado autorizarão outra PEC dessas. Não acredito que acontecerá. Acho que continuaremos do mesmo jeito até a vacina. Estou otimista a este respeito, acredito que a partir de fevereiro ou até janeiro, com muita sorte, comece a vacinação. No geral estou mais otimista do que pessimista. O que pode acontecer no Brasil são segundas ondas isoladas, como está acontecendo agora em Manaus. Nossa covid virou pororoca porque todo mundo fez quarentena na mesma época, repetindo aqui o que foi feito na Europa, onde os países são muito pequenos. Os Estados Unidos repetiram o mesmo erro. Caso venhamos a ter problema será nos grandes centros, São Paulo, Belo Horizonte etc., mas sem atingir os estados inteiros.
A Abimaq defendeu muito a derrubada do veto da desoneração da folha de pagamento. Que diferença isso fará para as empresas?
Para máquinas e equipamentos é importante. É errado dizer desoneração, porque não desonera, só muda a base de cálculo do imposto. Sai dos 20% da folha e vai para o faturamento, e no nosso caso é 2,5%. O que ocorre é que o nosso setor exporta mais de um terço do faturamento, e aí não entra o tributo. 56% das empresas exportam. Isso não reduz receita, pois quando foi instituída a desoneração foi criada junto a Cofins de exportação, em 1%, o que compensa. A desoneração da folha é optativa, então as empresas que não exportam não entraram, porque neste caso seria elas por elas.
Para continuar a leitura clique aqui.