As quatro argolas entrelaçadas voltaram a estampar a fachada do prédio principal da fábrica do Grupo Volkswagen em São José dos Pinhais, no Paraná. Versões pré-série do modelo Audi A3 Sedan nacional já começaram a sair das linhas de montagem instaladas na unidade, que após quase dez anos voltará a produzir modelos da marca – o início da produção comercial está previsto para o começo de setembro.
A unidade que nasceu Volkswagen-Audi em 1999 retorna à condição original após um hiato de quase dez anos sem produção de modelos da divisão premium do Grupo VW. Nesse intervalo, porém, a Audi continuou firme na cabeça dos paranaenses, que até hoje se referem à unidade como ‘fábrica da Audi’ – restaram ainda, inclusive, placas de informações próximas à unidade com essa identificação, mesmo sem produção de modelos da empresa desde 2006.
O cronograma do retorno á condição de montadora está sendo cumprido à risca, de acordo com Bernd Martens, integrante do board da Audi AG, que visitou a instalação paranaense na quinta-feira, 18, com outros membros da diretoria da companhia. Na ocasião o executivo dirigiu alguns modelos produzidos em pré-série e garantiu: possuem o mesmo índice de qualidade daqueles que saem de outras fábricas da Audi.
“Revisamos todo o projeto e liberamos a produção da última pré-série. Checamos a qualidade dos processos de produção, das peças localizadas, visitamos alguns fornecedores e saímos satisfeitos com o resultado. Vamos começar a produzir em setembro, sem imprevistos.”
Segundo Martens nessa primeira etapa serão nacionais vidros, bancos, revestimentos do compartimento de bagagem, chicotes, tanques de combustível e a montagem dos eixos, dentre outros componentes. A base de fornecedores é a mesma da Volkswagen, embora os produtos sejam diferenciados para os modelos da Audi – há casos de fornecedores que investiram em linhas especificas para a marca premium.
O cronograma prevê a nacionalização de novos itens a cada três meses. “Cumpriremos 100% das exigências do Inovar-Auto.”
A experiência do executivo como diretor de compras da VW do Brasil no passado permitiu que a nacionalização dos componentes ocorresse sem dificuldades. “Já sabíamos o que poderia ser localizado dentro do preço, qualidade e do prazo exigido e nos concentramos nesses itens. Aqueles que não poderiam [se adequar a essas condições] nem foram considerados.”
O A3 Sedan com motor TFSI 1,4 litro turbo flex, capaz de gerar até 150 cv – ante os 122cv do modelo a gasolina atualmente comercializado – será o primeiro modelo dessa nova fase da Audi brasileira, a partir do começo de setembro. O novo motor, inédito para o Grupo, sairá das linhas de uma fábrica nacional: certamente da unidade da Volkswagen em São Carlos, SP, que anunciará investimentos na semana que vem. O executivo, porém, não confirmou a informação e nem localidade da unidade que produz o novo motor.
Segundo Martens o A3 Sedan será exatamente igual ao importado, com exceção do motor, e trará mais extensa lista de pacotes de equipamentos. Os preços não sofrerão alterações, mas as versões atuais terão mais itens do que as atuais importadas.
Em março de 2016 será a vez do Q3 nacional, ainda sem definição de motorização flex. As linhas serão independentes e a capacidade será de 16 mil do sedã e 10 mil do utilitário esportivo compacto, com flexibilidade para aumentar ou diminuir de acordo com a demanda. Toda a produção terá o mercado nacional como destino.
“Vamos começar a avaliar a possibilidade de exportar, mas a princípio a fábrica atenderá apenas o mercado interno.”
Na semana que vem Martens e outros executivos do Grupo viajarão ao México, onde avaliarão a instalação da unidade de San José Chiapa, em Puebla, que produzirá o utilitário esportivo Q5 a partir de 2016. O modelo chegará ao mercado brasileiro com desconto no imposto de importação, inserido nas regras do acordo comercial bilateral do México com o Brasil.
Emprego – As linhas da Audi empregarão diretamente 320 trabalhadores, mas nenhum foi contratado. A crise do mercado brasileiro obrigou a empresa a solucionar um problema da VW, que precisaria demitir trabalhadores ociosos das linhas da família Fox.
“O plano era contratar, mas a situação mudou tão drasticamente que tivemos que usar os funcionários da Volkswagen. Eles passaram por treinamentos em outras fábricas do Grupo no Exterior.”
O executivo mantém certeza da correta decisão de voltar a produzir no Brasil, cuja retomada acabou por coincidir com um cenário de retração da indústria automotiva nacional. “Estamos convencidos de que o mercado brasileiro voltará a crescer no longo prazo, assim como o segmento premium. Nosso plano funcionará conforme o planejado.”
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