AutoData - Reposição: um oásis no mercado.
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23/07/2015

Reposição: um oásis no mercado.

Por Redação AutoData

- 23/07/2015

Em contraste com a queda de 20% na venda de veículos novos no primeiro quadrimestre do ano, o mercado de reposição tem gerado bons negócios para os fornecedores de autopeças. Muitas empresas registram desempenho positivo no segmento, o que vem compensando, ao menos em parte, a retração nas entregas OEM.

A Automec, realizada em São Paulo, no início de abril, foi um espelho fiel desse quadro favorável no aftermarket. O público surpreendeu os mais de 1,2 mil expositores nos cinco dias da mostra: quase 70 mil visitantes e vários negócios encaminhados em ambiente que em nada lembrava a tal crise.

Um oásis em meio ao pessimismo? Ao que tudo indica, sim. Tanto que as fabricantes de autopeças fizeram projeções otimistas, impulsionadas principalmente pelo segmento de reposição.

O entusiasmo dos visitantes e expositores encontrou respaldo nas projeções do Sindipeças: a reposição deve responder por volta de 19% das vendas este ano ante 17% em 2014, ainda que em valores, cerca de R$ 13 bilhões, não haja diferença significativa.

O Sindipeças projeta receita total de R$ 67,9 bilhões, resultado que representará queda de 11,5% em relação a 2014. As vendas para montadoras, que no ano passado responderam por 67,5%, terão participação de 64%, com faturamento de R$ 43,4 bilhões. Paulo Butori, presidente da entidade, analisa que reposição e exportações compensarão em parte a queda nos negócios OEM: “Em vez de comprar um carro novo o brasileiro investirá mais na manutenção do usado”.

Mais reparos – De acordo com Lourenço Oricchio Júnior, diretor-geral da Sabó Américas, a companhia tem acompanhado a tendência do mercado de colher bons resultados na área de reposição: “Os consumidores estão reparando seus veículos e adiando as compras do modelo zero”. A Sabó possui uma engenharia exclusiva para atender ao segmento de reposição e nos últimos dois anos lançou 234 produtos para o segmento. A ideia, segundo Oricchio, é ampliar cada vez mais a relevância desse mercado dentro dos negócios da empresa, além do comércio exterior.

“As exportações também tem nos ajudado a enfrentar esse momento do mercado interno. Somos fornecedores da General Motors e da Ford em praticamente todo o mundo e as remessas para fora respondem por 30% do nosso faturamento.”

Por sua vez a Gates, fabricante de correias, tensionadores e mangueiras, registrou faturamento 35% maior no segmento de reposição durante o primeiro trimestre. César Costa, diretor comercial, diz que o resultado reflete duas realidades: “No primeiro trimestre de 2014 tivemos vendas fracas em decorrência da expectativa para a Copa do Mundo. Mas o crescimento este ano se deve, além da base de comparação baixa, também à tendência de que os consumidores apostam na reparação em vez de adquirir veículos novos”.

O aftermarket responde por 60% do faturamento do negócio automotivo da companhia no Brasil: “Nas vendas diretas às montadoras registramos uma redução importante de janeiro a março. No fim das contas o balanço do trimestre acabou negativo por causa desse fator”.

O executivo espera que o segundo semestre seja marcado pelo início de retomada da economia do País e prevê que o faturamento total da Gates cresça 9,5% neste ano: “Estamos otimistas, especialmente com a parte de reposição. Acreditamos que esse índice de crescimento possa chegar  a 15% se o ritmo de vendas atual perdurar”.

Para garantir que a reparação automotiva continue impulsionando os resultados a empresa reforçou sua comunicação com revendedores de autopeças: “Temos realizado mais treinamentos e abrimos nossa fábrica em Jacareí, no Interior de São Paulo, para receber visitas. Dessa forma ampliamos o conhecimento dos revendedores e fortalecemos a marca”.

A Zen, fabricante de impulsores de partida, polias e tensionadores de Brusque, SC, também entoa discurso favorável com relação ao mercado de reposição. Na avaliação de seu diretor comercial, Nélson Bastos, a queda nas vendas de veículos novos culminará no aumento de reparos na frota – atualmente 70% do faturamento da empresa é proveniente do mercado de veículos leves e 30% de pesados.

A NGK também está confiante no segmento: a partir deste mês expandirá sua linha de componentes com a venda de bobinas de ignição. Edson Miyazaki, diretor comercial da NGK do Brasil, afirma que inicialmente os componentes serão fornecidos por empresas europeias, japonesas e chinesas – mas não descarta a produção das bobinas em Mogi das Cruzes, SP.

A projeção de Miyazaki é vender 36 mil bobinas de junho a dezembro o que, junto da estimada alta de 5% nas entregas de velas de ignição, deve ampliar os negócios da empresa no aftermarket – cerca de 80% da produção da NGK já se destina à reposição. Miyazaki estima que, na média, suas linhas mantenham o ritmo do ano passado ou apontem para alta de 2%.

As exportações em baixa, porém, prejudicam a estimativa de alta maior no faturamento de 2015. “Nos dois últimos anos as condições da América do Sul, responsável por 75% das vendas no Exterior, se deterioraram”, lembra Miyazaki, que calcula que desde janeiro os embarques recuaram 30%.

Apesar das dificuldades externas e nos negócios OEM, o executivo assegura que a NGK manterá seu projeto de investimento no Brasil inalterado: até 2020 a empresa planeja aumentar, por exemplo, sua capacidade produtiva anual das atuais 78 milhões de velas para 100 milhões.


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