AutoData - Nissan investe com crise e tudo
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10/02/2016

Nissan investe com crise e tudo

Mais uma vez Nissan foi a pioneira das manchetes automotivas do ano, com o anúncio, na segunda-feira, 4, na sua Galeria instalada no prédio-sede, no Rio de Janeiro, RJ, da produção local do crossover Kicks, um produto que será global, apresentado como conceito no Salão do Automóvel de São Paulo em 2014. Mas a manchete poderia ser outra: Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault Nissan, também disse que, se o mercado cair 5% este ano deveremos, todos, aplaudir tal desempenho.

Parece que 2016 será rico em contrastes, quem sabe mais do que o ano anterior. Pois a produção de novo veículo é sempre estimulante, demonstra confiança da empresa produtora no mercado, significa investimento novo e empregos idem, os consumidores se agitam, frequentam mais as concessionárias. Ao mesmo tempo como considerar a queda no desempenho do mercado ao longo de doze meses com aplausos?

Pois aquilo que se revelaria contradição assume a pose de realidade, afinal de contas. Depois dos resultados de 2015, assim, em um mercado preparado psicologicamente para cair muito, 5% de retração talvez venha a ser algo imperceptível.

É fato que empresas produtoras de veículos instaladas no Brasil, inclusive Nissan, têm aproveitado essa má temporada para colocar-se em posição a mais perfeita possível para sair correndo em ofensiva, na busca massiva do consumidor tão logo surjam os primeiros indicadores da retomada, daquele instante de inflexão a partir do qual, como um nadador, bate-se no fundo da piscina para adquirir o impulso para a ascensão. Têm reduzido custos, adaptado sua estrutura de pessoal ao volume de produção, buscado produtividade e crescimento do índice de nacionalização de seus veículos. E têm gasto dinheiro novo na forma de inversão na produção.

Independente das particularidades do mercado brasileiro, tão originais como jaboticabas, o início da produção local do Kicks deve coincidir com a temporada dos Jogos Olímpicos, da qual a Nissan é patrocinadora – seria uma interessantíssima arquitetura de marketing. O Brasil será o primeiro local onde o novo veículo será produzido, com investimento de R$ 750 milhões em ferramental, tecnologia e em capacidade e a criação de pelo menos seiscentas vagas de trabalho.

O Kicks surgirá na fábrica Nissan de Resende, RJ, como resultado de trabalho conjunto final dos centros de design da Nissan no Japão, em San Diego, Califórnia, e no Rio. Seu índice de nacionalização inicial, 74%, é particularmente interessante – há dois anos o March começou com 54%, hoje já chega a 68% mas busca os 80% até dezembro. E também terá a América Latina como destino.

A produção será realizada na mesma unidade que já produz March e Versa, que ainda este ano ganharão a opção da transmissão automática CVT. A escolha de Resende foi óbvia, disse Ghosn, pois a Nissan não tem capacidade de produção disponível na América do Norte, Estados Unidos e México, mas a tem aqui.

Carlos Ghosn e seus companheiros José Luis Valls, responsável pelas operações Nissan na América Latina, e François Dossa, que as conduz no Brasil, reconheceram que a chegada do Kicks corresponde à expectativa – da Nissan e de outras empresas produtoras de veículos – de que o segmento de SUVs e crossovers viverá dias de glória na região.

E que a Nissan prepara-se para ser grande protagonista do jogo automotivo na região: quer ser uma das Top 3. Saiu de participação de 2,1% de mercado em 2014 para 2,5% no ano passado, lembrou Ghosn: “E queremos mais, muito mais, pois nosso principal potencial é o comprometimento que temos com o cliente”.

 


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