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Mercado
14/02/2019

Para Habib, mercado está na metade do seu tamanho

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Foto Jornalista  André Barros

André Barros

Araçoiaba da Serra, SP – Sergio Habib, presidente do Grupo SHC – que representa a Jac Motors no Brasil – está otimista com relação ao desempenho do mercado brasileiro este ano. Nas suas contas a média diária de vendas, que no ano passado ficou em torno de 10 mil unidades, subirá para cerca de 11 mil, o que resultaria em mercado de 2,8 milhões de automóveis e comerciais leves, avanço de 12% sobre 2018.

 

“Podemos dizer que voltamos aos níveis de 2015. Mas eu prefiro frisar que retornaremos ao patamar de 2008”, ele disse durante a apresentação do SUV Jac T80, em Araçoiaba da Serra, SP, na quinta-feira, 14. “E onze anos atrás a expectativa para 2019 era a de um mercado de 5 milhões de unidades. Todas as empresas se prepararam para isto. No ano passado, com 2,5 milhões de unidades, voltamos a 2007 com uma estrutura muito maior.”

 

De fato muito investimento foi feito pela indústria de 2007 até o ano passado imaginando um mercado mais dilatado. Novas fábricas como Hyundai em Piracicaba, SP, Toyota em Sorocaba, SP, FCA em Goiana, PE, foram inauguradas, ampliações de capacidade foram promovidas e até montadoras premium se instalaram por aqui, como Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz.

 

O empresário citou o fato de a Honda ter investido na construção de uma fábrica em Itirapina, SP, que até o ano passado estava fechada, sem produzir um mísero veículo: “As estruturas cresceram, os preços dos veículos encolheram e o resultado está aí. Só no ano passado mais de US$ 9 bilhões foram enviados das matrizes para as operações locais. A maior parte das montadoras está perdendo dinheiro no Brasil”.

 

Habib sentiu na pele a queda do mercado. Há quase oito anos promoveu o chamado Dia J, quando, cheio de pompa, inaugurou simultaneamente cinquenta concessionárias Jac Motors em todo o Brasil para vender os modelos importados da China. Chegou a enterrar um automóvel em uma cápsula do tempo em Camaçari, BA, onde anunciou a construção de fábrica.

 

Anos depois sua empresa, o Grupo SHC, está em recuperação judicial – é verdade que não foi apenas a queda nas vendas que atrapalhou seus planos, mas teve papel importante na derrocada. A Jac possui, hoje, metade das concessionárias do Dia J. Tem projeção de vender 5 mil carros este ano, nem 1% das vendas no País: “Em maio ou junho faremos a convenção para renegociar as dívidas com os credores. Sairemos da recuperação judicial. 70% das empresas brasileiras saem”.

 

Ao mesmo tempo planeja, em paralelo, novos saltos para o mercado brasileiro. A cotação do dólar atual impede que sejam importados mais modelos Jac. “Perderíamos dinheiro”.

 

Uma solução seria produzir os modelos no Brasil. Há um projeto de fazer isso em Itumbiara, GO, onde o Grupo HPE chegou a montar veículos Suzuki. Mas, segundo Habib, os planos estão suspensos ao menos até o mercado brasileiro voltar aos patamares de 2010 a 2013, os seus anos de glória: “Ainda estamos longe”.

 

Foto: Divulgação.