AutoData - Curitiba segue como vitrine da Volvo
Mercado
14/05/2019

Curitiba segue como vitrine da Volvo

Imagem ilustrativa da notícia: Curitiba segue como vitrine da Volvo
Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Curitiba, PR – O sistema de BRT de Curitiba, PR, passa por um processo de renovação de frota após período de desânimo das operadoras e consequente estagnação do mercado. A Volvo, maior fornecedora de chassis de ônibus da capital paranaense, indicou na terça-feira, 14, que os operadores locais voltaram a investir em novos veículos: vendeu lote de 65 chassis para ônibus que serão utilizados no sistema que atende a cidade, dentre modelos biarticulados, articulados e convencionais.

 

Afora o negócio, a venda ao município representa a oportunidade da montadora de expor seus veículos naquela que considera a sua maior vitrine no País – o BRT de Curitiba é composto atualmente por 70% de veículos com chassis Volvo. Segundo Fabiano Todeschini, presidente da divisão de ônibus, voltar a abastecer o mercado local significa prospectar oportunidades no exterior: “Usamos Curitiba como propaganda para nossa linha no segmento urbano. É a nossa melhor vitrine”.

 

 

O momento é oportuno para a retomada das exportações no segmento, em queda no primeiro quadrimestre do ano, segundo dados da Anfavea. Até abril, foram embarcadas 1 mil 866 unidades de ônibus urbanos, o que representa 18,5% menos na comparação com o volume exportado em igual período em 2018. As exportações totais de ônibus, incluindo os modelos rodoviários, caíram 18,3% nos quatro meses, chegando a 2 mil 643 unidades.

 

Os fatos justificam o argumento de que vender para o município abre portas lá fora. Foi a partir do fornecimento para o BRT de Curitiba, vista como uma referência em termos de transporte sobre rodas integrado ao planejamento urbano, que os chassis brasileiros passaram a marcar território em outros mercados, como Chile, Equador e Turquia, por exemplo. Na Colômbia, a companhia é fornecedora importante de chassis para os ônibus do BRT de Bogotá, para o qual, recentemente, venceu licitação envolvendo 700 unidades.

 

De acordo com Todeschini, a Volvo já atendeu com sua produção brasileira de chassis de ônibus mais de oitenta sistemas BRT no mundo, e mantém relações comerciais com 250 países.

 

Na próxima semana, uma delegação do Egito desembarca no Paraná para conhecer como funciona o sistema onde os ônibus com chassi Volvo representam a maior porção, deixando pouco espaço para concorrentes como Scania e Mercedes-Benz, estas com penetração menor no sistema de transporte de Curitiba: “Nos negócios anteriores também ocorreu da mesma forma, com os clientes conhecendo o transporte de Curitiba e, na sequência, ocorrendo o fechamento do contrato e instalação de modelo similar em seus países de origem”.

 

O prefeito da capital do Paraná, Rafael Greca, disse ser testemunha da expansão dos ônibus com chassi Volvo no exterior. Durante o anúncio da renovação de frota dos operadores, realizado na fábrica da companhia, em Curitiba, ele contou que se deu conta da presença externa dos modelos na Turquia, durante viagem com a família. Greca disse que o fato o levou a intensificar os trabalhos em torno da redução do custo operacional às empresas concessionárias do transporte na cidade:

 

“O BRT cabe no nosso bolso. Gostaríamos de investir também em transporte ferroviário, mas com o BRT podemos alimentar uma cadeia maior de empresas, como a Volvo, instalada na cidade, e seus fornecedores”, explicou o prefeito antes de começar a entoar, na íntegra e de forma espontânea, o hino do município paranaense.

 

Os trabalhos citados pelo prefeito em torno da melhoria das condições para a exploração do transporte urbano na cidade envolvem, dentre outras medidas, buscar meios de subsidiar a tarifa e automatizar as linhas, o que envolve retirar o cobrador da operação: “Hoje, com os recursos que temos, conseguimos segurar a tarifa a R$ 4,50, quando o preço técnico já bate nos R$ 5,30. Para que as empresas possam renovar a frota, temos que ajudá-los a eliminar alguns custos, e todos sabemos o peso do cobrador na planilha deles”.

 

O prefeito é autor de projeto de lei que tem como objetivo extinguir o cargo de cobrador no transporte de ônibus de Curitiba como forma de reduzir custos aos operadores. A matéria segue em debate na Câmara dos Deputados do Estado.

 

O novo negócio na cidade teria elevado as vendas da montadora em alguns subsegmentos dentro da categoria de ônibus urbanos. Os números apresentados pela companhia, sem base de comparação, mostraram que as vendas de modelos acima de 17 toneladas cresceram 114%. No primeiro trimestre de 2019, houve aumento de 128% também na mesma categoria, na comparação com as vendas feitas no mesmo trimestre no ano passado.

 

Foto: Divulgação.