São Paulo – O segmento de reposição automotiva será o primeiro, da indústria, a retomar as atividades em ritmo mais forte a partir de junho e no segundo semestre. Essa é a opinião dos participantes do painel online realizado pela Automec, a feira dedicada ao segmento, que teve como tema principal a retomada desse setor.
Ana Paula Cassorla, diretora de marketing da Pacaembu Autopeças, disse que a recuperação da linha leve será mais rápida: "Para esse segmento projetamos uma retomada em V, enquanto no pesados o movimento será de U. Levará uns dois ou três meses a mais para retomar bons volumes, porque está mais ligado a economia do País".
Marcelo Frias, diretor executivo da Rufato, acredita que, dependendo do aquecimento do mercado, o faturamento no segundo semestre poderá ser maior na comparação com 2019, usando como base alguns fatores como o menor poder de consumo da população: "A demanda pelo carro zero quilômetro será menor e o consumidor terá que manter o seu atual em dia. Acredito que depois da pandemia as pessoas buscarão mais o transporte individual, evitando aglomerações no transporte público".
No longo prazo Frias também acredita que as montadoras reduzirão o número de lançamentos, manterão o portfólio por mais tempo e buscarão compartilhar mais componentes nos veículos, algumas saídas para reduzir custos e aumentar suas margens. Este cenário trará mais uma oportunidade ao setor, que conseguirá atender mais veículos com a mesma peça, reduzindo os custos com inventário e desenvolvimento. "Os consumidores ficarão mais tempos com seus carros, aumentando a frota que será atendida".
O presidente do Sincopeças, Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo, Francisco de la Torre, lembrou que, por causa da pandemia, uma parte da frota ficou parada por um longo período, o que pode ter danificado itens como bateria e pneus – para esses, a expectativa é de uma demanda aquecida no curto prazo.
Com um cenário otimista e de oportunidades a partir de junho De La Torre disse que é hora do setor aderir ao uso de novas tecnologias usadas durante a pandemia, bandeira defendida também pelos demais participantes: "O varejo teve que atender as oficinas durante a pandemia por meio de novos canais, como WhatsApp, e acredito que esse tipo de atendimento chegou para ficar. Temos que aderir ao uso de novas tecnologias, é um desafio que teremos que superar".
A recuperação do mercado de reparação automotiva, que está diretamente ligado ao segmento de reposição, foi outro tema debatido durante o painel. A expectativa é de que um grupo maior de consumidores volte a procurar as oficinais, mantendo seus carros em dia, mas os reparadores também terão que mudar um pouco seu modelo de negócio, buscando novas alternativas, como sistema de mecânico delivery, como sugeriu Antonio Carlos Fiola, presidente do Sindirepa, Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo.
Foto: Divulgação.