São Paulo – Em 2021 a Volvo registrou o melhor resultado de sua história no País, onde está há 42 anos, com o emplacamento de 21,8 mil caminhões, volume 45,7% superior ao obtido no ano anterior. Isso apesar dos desafios trazidos pela pandemia, com as dificuldades de abastecimento da cadeia de suprimentos, o que permitiu superar o desempenho de 2013, até então seu melhor desempenho em vendas.
E o que impulsionou o crescimento dos pesados – a montadora se destaca nas vendas de modelos acima de 16 toneladas – foi o bom momento dos segmentos de agronegócio, mineração, papel e celulose, exatamente o que continuará estimulando o setor em 2022. Apesar das dificuldades do cenário macroeconômico previstas para este ano, a expectativa é de que o mercado brasileiro cresça mais 10%.
A projeção foi dada pelo presidente do Grupo Volvo América Latina, Wilson Lirmann, durante coletiva de imprensa para divulgação de resultados na quarta-feira, 2. Segundo ele, as commodities continuarão puxando a demanda por caminhões, que também deverá ser elevada pela antecipação de compras devido à entrada em vigor da legislação de motorização Euro 6 em janeiro de 2023 – e no Chile em setembro do mesmo ano.
As vendas na América Latina, compostas em 85% pelo comércio no Brasil, também apresentaram recorde histórico. Com 25,8 mil unidades, houve aumento de 43% ante 2020. Destaque para a demanda do Peru, com 1,6 mil caminhões, alta de 62%, estimulada pela retomada das áreas de mineração e do cobre, mesmos motivos que puxaram as vendas de 1,3 mil unidades no Chile, com incremento de 42%.
Quanto aos ônibus, apesar do compasso de espera da retomada do mercado brasileiro devido à pandemia, onde foram emplacados 368 veículos, o mercado externo apresentou reação. Foram exportadas 712 unidades para a América Latina e países da África. “Nossa fábrica tem vocação exportadora. Dois terços de tudo o que é produzido em Curitiba é embarcado a outros países. Do total, 385 unidades foram para Chile e Colômbia, 340 para países africanos e 87 para o México”, disse Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses América Latina.
No mercado doméstico, Todeschini afirmou que no último trimestre foi recuperado o otimismo com as encomendas para o setor rodoviário: “Apenas para um cliente vendemos trinta unidades”. O fretamento puxou pedidos no ano passado, mas para 2022 a expectativa é que o rodoviário reaja. Para diversificar a atuação do segmento, a montadora também oferece programa de assinatura de ônibus.
Cautela – Apesar das boas perspectivas de expansão sobre uma já elevada base de vendas, Lirmann destacou que existem pontos de atenção, como a inflação e os juros em alta, que podem frear a economia: “Nosso setor depende de financiamento”.
Carlos Ribeiro, presidente da Volvo Financial Services na América do Sul, avaliou que embora não deva haver dificuldades este ano, a evolução da taxa básica de juros é fator importante para o setor. “O senão fica por conta da Selic em trajetória de alta, pois pode ser que isso mude um pouco e o CDC fique menos atraente.” Na mesma data da divulgação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros pela oitava vez consecutiva, para 10,75% ao ano.
No ano passado, do total contratato, 70% foi via CDC e 30% pelo Finame. A reboque do mercado de caminhões, o volume de novos financiamentos atingiu R$ 4,5 bilhões, aumento de 45% ante 2020. Com carteira de R$ 12,5 bilhões, que cresceu 36% no ano passado, o Brasil se posiciona como o segundo maior mercado do mundo para a marca, com 20% do volume global de financiamento da VFS, atrás apenas dos Estados Unidos.
Outro desafio enfrentado em 2022, de acordo com Lirmann, é a cadeia de suprimentos, que ainda não se recuperou da crise dos semicondutores: “E não é só isso, mesmo com itens locais temos enfrentado dificuldades como a falta de pneus e componentes metálicos, que trazem aumento de custo. Não há uma solução de curto prazo. A covid vai continuar circulando, talvez passemos ao cenário de endemia, mas até lá as dificuldades persistem”. Ele reconheceu que, diante do contexto, será inevitável repasse de custos aos preços dos produtos. No entanto, não estimou porcentual de aumento.
A despeito do cenário, o executivo afirmou que o faturamento global da companhia aumentou 10% em 2021.
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