São Paulo – Inspirada em álbuns de figurinhas, que diante do avanço da tecnologia parecem ter deixado as versões impressas no passado, e motivada por fãs de veículos da Volkswagen, que frequentemente pediam por imagens de itens exclusivos da marca, a companhia anunciou na segunda-feira, 11, o lançamento de uma plataforma digital de cards colecionáveis em NFT. Por meio dela será possível comprar, trocar e vender imagens virtuais de reproduções de clássicos – e inusitados modelos – da marca.
A Digital Garage é uma plataforma global, disponível em três idiomas, que foi criada e desenvolvida pela equipe brasileira da Volkswagen. Ao acessá-la é possível comprar esses cards de qualquer parte do mundo, desde que se tenha em mãos cartão de crédito internacional, criptomoedas ou PIX. No Brasil, pacote com três unidades custará R$ 50 e versão com cinco unidades e mais chances de obter modelos raros, R$ 75. Para outros países os preços serão US$ 10 e US$ 15, respectivamente.
Esses cards, emitidos em quantidades limitadas, utilizarão tecnologia NFT, que em português significa token não-fungível. Quer dizer que as imagens serão registradas em blockchain, o que garante sua autenticidade e o torna único, e por isso não-fungível. Além disso, assegura que o comprador é seu proprietário de fato, pois nele constam informações como quem criou, registrou, adquiriu e já possuiu um determinado NFT ao longo do tempo.
A opção pelo NFT se deu por ser de baixo carbono. Ainda assim a companhia afirmou que neutralizará o CO2 de todos os cards vendidos. A Moss, mesma empresa que neutraliza emissões da Gol Linhas Aéreas, será a responsável pelo processo. Para cada figurinha será emitido um token de crédito de carbono.
Fabio Rabelo, chefe de digitalização e novos modelos de negócio da Volkswagen América Latina, contou que na primeira hora após a live de lançamento já havia mais de 2 mil acessos, boa parte do Reino Unido, e que mais de 130 pacotes de figurinha já haviam sido comercializados.
“Somos a primeira indústria automotiva no mundo a ter uma plataforma como esta. Não há benchmarking de outra empresa fazendo algo similar. Mas esse é um mercado em alta, que explodiu nos Estados Unidos em 2021. Embora no País o tema ainda seja abordado de maneira tímida, fora do Brasil há vários segmentos apostando em NFT. Entendemos que é uma tecnologia que vai prosperar. Por isso apostamos em uma plataforma inovadora e pioneira.”
Fabio Rabelo
Rabelo disse não se tratar de um projeto de marketing, mas de um novo mercado que faz parte de um plano robusto de digitalização da Volkswagen. “É uma nova experiência que une tecnologia e entretenimento para que fãs possam interagir com a marca.”
Na prática — Existem três níveis de raridade dentro da coleção de figurinhas digitais, sendo que o Hero tem exemplares mais comuns, com maior quantidade de itens dentro de uma coleção. O Premium contém modelos especiais e com menor quantidade. O Legend reune itens mais icônicos e, portanto, mais raros.
O próximo passo será a realização de leilões de itens únicos e o lançamento de novas coleções. Por enquanto duas estão disponíveis: GT Collection, que trará modelos esportivos, e Pen&Paper, que são desenhos em grafite, feitos à mão, totalizando sessenta cards.
A terceira etapa, que deverá ser concluída até o fim do primeiro semestre, será o início do marketplace, ambiente virtual em que será possível revender cards atuais ou de coleções encerradas, trocar ou doar figurinhas.
José Carlos Pavone, chefe de design da Volkswagen América Latina, contou que no meio do ano o SP2 celebrará cinquenta anos, o que poderá inspirar uma série de cards. Ele adiantou também que outra ideia será uma edição com uma Parati quadrada voadora, que mescla conceitos de ficção científica.
Existe a chance de outras marcas do grupo aparecerem nos cards, embora não seja esse o foco. Pode ser que tenha um veículo da Alemanha ou dos Estados Unidos, mas o objetivo é contemplar a região da América Latina e o consumidor desse mercado.
Pavone contou que 80% dos desenhos são novos, produzidos para a iniciativa, e outros 20% são releituras de carros:
“Com relação algo que vem para o futuro, não é nossa intenção anunciar por meio do NFT, mas dá muito mais liberdade para o designer trazer algo mais livre e fantasioso, não tão limitada à produção. Conseguimos canalizar a criatividade da equipe, pois de 100% do que é criado, 5% chega às ruas.”
José Carlos Pavone
Rabelo complementou, no entanto, que existe a possibilidade de um dia essas criações saírem do papel. E disse que outra ideia é que, em algum momento, o mundo físico se encontre com o digital. “Por que não, quando a pessoa comprar um NFT, possa ganhar o ingresso de um evento em que a Volkswagen é patrocinadora?”