São Paulo – Anfavea e Adefa, entidades que representam a indústria fabricante de veículos instalada no Brasil e na Argentina, respectivamente, concordam que o Mercosul terá grande oportunidade de ser uma base exportadora para a América Latina e também para outras regiões. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, e Gustavo Salinas, vice-presidente da Adefa, falaram sobre o tema durante o primeiro dia o 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado de forma online pela AutoData Editora até a sexta-feira, 19.
Lima projetou que, em um mercado global de cerca de 80 milhões de unidades, serão 20 milhões de veículos os não eletrificados. Eles precisarão ser produzidos em alguma região, o que, na sua visão, abre grande oportunidade para Brasil e Argentina se tornarem uma base exportadora e atenderem parte dessa demanda:
“Muitos países da Europa não poderão nem produzir veículos a combustão. Isso abre espaço para os que possuem indústria com alta capacidade e tecnologia, caso das fábricas no Mercosul. Podemos atender essa demanda por dez, quinze ou vinte anos, mas ainda temos que avançar na questão de preços e custos”.
Salinas, da Adefa, lembra que muito trabalho precisa ser feito para que a região seja mais competitiva. O executivo, assim como Lima, propõe a maior integração das indústrias para que a região seja protagonista das exportações no futuro:
“Temos que seguir trabalhando junto com os setores público e privado em busca de mais harmonia da indústria dos dois países, com normas de segurança e meio ambiente iguais. Também precisamos trabalhar para que políticas de promoção industrial aconteçam”.
O presidente da Anfavea disse que a entidade já está trabalhando com maior proximidade da Adefa, discutindo propostas e oportunidades para o Mercosul, e que essa relação vive processo de amadurecimento para que a integração seja maior. Mesmo assim o executivo também fez uma autocrítica: “Muitas vezes nós ficamos esperando do governo algumas decisões e regulamentações, mas precisamos contribuir mais com as propostas”.
Lima sugeriu a integração plena da indústria automotiva do Mercosul, afirmando que em um cenário ideal as propostas debatidas com o governo brasileiro e o argentino deveriam ter participação de representantes dos dois mercados.