Como diferencial, produtos têm certificação do Inmetro e garantia
São Paulo — A pandemia causou um efeito colateral que gerou oportunidade para alguns setores econômicos, como o de vendas de veículos seminovos e usados, o que acabou impulsionando, consequentemente, o mercado de reposição. O cenário, também ajudado pela escassez de semicondutores, que reduziu a oferta de modelos 0 KM, serviu de pano de fundo para que a thyssenkrupp decidisse providenciar os trâmites para iniciar a distribuição, por meio de sua operação no Brasil, dos amortecedores Bilstein, marca que pertence à companhia desde 2005.
Os componentes hoje são vendidos localmente por intermédio de importadores independentes, mas o diferencial oferecido pela thyssenkrupp, segundo o CEO da divisão Springs & Stabilizers, Alessandro Domingues Alves, é a certificação pelo Inmetro: “Trata-se de um processo longo e bem complexo. Cada produto tem uma homologação específica, feita em laboratórios especiais. E todos os anos esse processo se repetirá”.
Embora o produto seja o mesmo o que muda, na prática, é que a empresa terá, a partir de agora, a responsabilidade legal pelo amortecedor e por sua qualidade, e oferecerá garantia thyssenkrupp, complementou o chefe de vendas e marketing da divisão Springs & Stabilizers, Eduardo Ken Wagatsuma.
Alves destacou que os distribuidores independentes poderão continuar oferecendo o componente no mercado, mas eles não terão, segundo ele, a chancela nem a qualificação proposta por eles. A garantia, inclusive, é vinculada ao chassi do veículo, a fim de assegurar que se trata de uma peça trazida pela empresa.
Os preços, garantiram os executivos, deverão ser competitivos, até para conquistar espaço. A ideia é, inclusive, que esses revendedores independentes passem a comprar da thyssenkrupp no Brasil em vez de importar de distribuidores europeus – alguns deles, segundo Wagatsuma, os procuraram pedindo para que trouxessem os amortecedores ao País. Até porque quanto maior a escala melhores as possibilidades de negociação:
“Essa é a realização de um sonho, um trabalho de anos que já vínhamos estudando e que pudemos concretizar. Ajudou também o fato de que o mercado premium dificilmente tem crise”.
A marca Bilstein, responsável por desenvolver o primeiro amortecedor a gás da história do setor automotivo, está presente em cerca de 80% dos veículos premium, como Audi, BMW, Jaguar Land Rover, Mercedes-Benz, Porsche. E o foco da thyssenkrupp está no aftermarket e também em entregas OEM.
Projeções — De acordo com Wagatsuma o objetivo é atingir crescimento de dois dígitos já no primeiro ano de distribuição, que começará pelo Estado de São Paulo, e manter esse patamar de expansão anualmente. Estão sendo trazidos ao País quinhentos modelos que, pelos cálculos feitos pela companhia, atendem a mais de 80% do mercado nacional.
“Está no nosso plano fazer uma otimização desses produtos aqui ou até mesmo a manufatura local”, assegurou Alves. “Por isto iniciaremos assim, por meio da importação, para ver como a demanda se consolida.”
O CEO da divisão Springs & Stabilizers disse que algumas fabricantes já possuem parcerias com a thyssenkrupp: “Para alguma aplicação futura já estamos trabalhando em conjunto com a montadora e a Bilstein, com o time de desenvolvimento de lá, para ter esse conteúdo local no veículo importado”.
O investimento para trazer os amortecedores ao País não foi divulgado, mas Alves reforçou que a cifra é significativa, pois, além dos recursos aplicados na certificação, foi realizada adaptação para a instalação de uma área exclusiva para os produtos Bilstein na fábrica da thyssenkrupp no bairro do Sacomã, em São Paulo, onde funciona a divisão Springs & Stabilizers, que abriga o centro de pesquisa e desenvolvimento especializado em suspensão.
Como funcionará — O objetivo não é vender diretamente para o varejo, mas fazer parcerias com as montadoras e os distribuidores que já atuam no aftermarket, até pela questão do treinamento e especialização, disse Wagatsuma.
A capacitação da rede especializada para a aplicação de amortecedores poderá ser feita na unidade do Sacomã, em oficinas mecânicas ou em um hotel, por exemplo. Processo que será realizado por meio da Academia Bilstein, existente na Europa e replicado por aqui.
Os amortecedores integram as linhas B4, usada no segmento original, a B6, para quem busca desempenho mais robusto e indicada também para veículos blindados, o que os torna mais pesados, e a B8, para quem quer mudar a suspensão do carro e trabalhar com tunagem, por exemplo, na esfera de competição automobilística.