São Paulo – Como já era aguardado pelo setor as linhas de produção de caminhões aceleraram o quanto puderam em dezembro, em alguns casos operando até o último dia do ano, a fim de fabricar o maior volume possível de Euro 5. No início deste ano a maior parte das empresas optou por conceder férias coletivas e, ao mesmo tempo, realizar a manutenção e adequação necessárias para virar a chave da motorização para o Euro 6.
O resultado dessa equação foi uma expressiva queda na fabricação de caminhões. Saíram das linhas de montagem apenas 4 mil unidades, tombo de 72,3% frente a dezembro de 2022, quando foram produzidas 14,6 mil. Com relação a janeiro do ano passado, que contou com 9,5 mil unidades, o volume foi reduzido em mais do que a metade, com recuo de 57,2%.
Os dados foram apresentados em entrevista coletiva de imprensa da Anfavea na terça-feira, 7. Segundo o vice-presidente Gustavo Bonini, além de esse movimento já ser esperado e, inclusive, ter sido antecipado, está em linha com o que ocorreu na mudança na tecnologia de emissões anterior, quando se deu a adoção do motor Euro 5:
“Em 2012 aconteceu a mesma coisa. A produção de janeiro daquele ano também ficou abaixo da de dezembro de 2011 e, inclusive, estava menor do que a atual, pois à época foram fabricados 3,5 mil caminhões. E a diferença com relação a janeiro de 2011 foi grande porque aquele ano havia sido muito forte, começou com 14 mil unidades e encerrou com 18,5 mil. Tivemos recorde de produção”.
Bonini complementou que esse boom havia sido estimulado pelo efeito de pré-compra devido à mudança de fase, que traz incremento no valor do veículo inerente à nova tecnologia, “mas, devido à crise de oferta de caminhões causada pela escassez de componentes, principalmente semicondutores, esse fenômeno não foi observado de forma tão intensa em 2022”.
Comércio de 0 KM
Neste contexto, como a legislação brasileira permite que as montadoras comercializem unidades Euro 5 até o fim de março, as vendas tendem a ser um pouco mais aquecidas no primeiro trimestre, a fim de garantir unidades com preços menores, pois os novos modelos custam de 15% a 20% mais.
Foram emplacados em janeiro 10,5 mil caminhões, 16,2% a menos do que em dezembro, que vendeu 12,5 mil unidades, mas 20,1% a mais do que um ano atrás, 8,7 mil – o expressivo crescimento, neste caso, foi ajudado pela menor oferta no início de 2022.
O número do mês passado supera também a soma do primeiro mês de 2021, quando haviam sido licenciadas 7,5 mil unidades novas, e de 2020, que contou com 7,3 mil.
Bonini destacou que o movimento também foi muito similar ao do período da outra troca de motorização: “Em janeiro de 2012 haviam sido licenciados 13 mil veículos, em janeiro de 2011 foram 12,2 mil e, em dezembro daquele ano, 15,6 mil”.
Em termos porcentuais houve queda de 16,6% nas vendas no comparativo mensal e aumento de 6,5% no anual.
Com relação às exportações foram vendidos 1 mil caminhões no primeiro mês de 2023, queda de 43,5% ante dezembro, com 1,8 mil, e recuo de 13,1% frente a janeiro de 2022, com 1,2 mil unidades.