São Bernardo do Campo, SP – Parte dos R$ 7 bilhões em investimento da Volkswagen na América do Sul até 2026 contempla o desenvolvimento de tecnologia híbrido flex, considerada por Alexander Seitz, presidente da operação na América do Sul, a ideal para o processo de eletrificação do mercado brasileiro. Mas para torná-la viável em um automóvel será preciso ampliar o valor do aporte, segundo afirmou o executivo a jornalistas na quinta-feira, 23, durante a comemoração dos 70 anos da VW do Brasil, na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP.
Em novembro Seitz afirmou à Agência AutoData que um compacto híbrido está em desenvolvimento pelas equipes de engenharia da Volkswagen América do Sul, da Índia e da Skoda, para produzir um veículo eletrificado a preço acessível, no segmento de entrada até para alguns mercados europeus como Espanha e Itália. No Brasil seria abastecido com etanol ou gasolina, usando o sistema flex.
“O projeto está no mesmo status: temos alguns planos em cima da mesa e em discussão”, disse Seitz, evitando falar em prazos ou projeção de lançamento. “Para produzir um híbrido precisamos desenvolver uma nova plataforma, com nova estrutura eletrônica que possa abrigar o motor híbrido. A intenção é produzir no Brasil e alcançar volume significativo.”
Não será montado, portanto, sobre a plataforma MQB já presente nas três fábricas de veículos da VW no Brasil ou sobre a MEB, de onde saem os 100% elétricos. Uma, totalmente nova, está nos planos para os compactos híbridos.
Dos quinze lançamentos programados até 2025, um ano antes do fim do plano de investimento, nenhum é híbrido flex, disse Seitz. O valor “contempla parcialmente” o desenvolvimento da tecnologia, que poderá, também, estrear em outro modelo que não o compacto em desenvolvimento: “Precisaremos de mais investimento”.
A Volkswagen seguirá ofertando modelos em todas as frentes. No evento de celebração de seus 70 anos anunciou a importação de seu primeiro elétrico, o ID.4, a partir do segundo semestre. O recém-apresentado ID.2 All, ainda como conceito, é outro modelo candidato a ser, inclusive, produzido no mercado brasileiro – e, quem sabe, até como híbrido. No plano de quinze lançamentos estão previstos modelos a combustão, híbridos e mais elétricos.
Sobre o mercado brasileiro Seitz disse estar abaixo das expectativas nos primeiros meses: “Os juros altos têm prejudicado muito as vendas. A expectativa é que melhore até o fim do ano e esperamos um crescimento leve, ou um mercado igual ao do ano passado”.
A questão dos semicondutores segue mexendo com os planos. Segundo Ciro Possobom, novo CEO da Volkswagen do Brasil, as paradas nas fábricas anunciadas para o ano estavam todas programadas, mas algumas foram antecipadas pela falta de componentes: “Mas nosso plano de volume produção segue o mesmo. Vamos recuperar mais para frente”.
Ele negou haver, ao menos por enquanto, crise de demanda no mercado local: “Nós temos um mercado pequeno que deverá ter crescimento baixo. O Brasil merece ter um mercado maior”.