São Paulo – Ralf Brandstaetter, CEO da Volkswagen, passou pelo Brasil com duas missões: celebrar o retorno à lucratividade da operação SAM, que já em 2021 fechará no azul, e anunciar investimento de R$ 7 bilhões na região até 2026. O novo ciclo, que sucede a outro de R$ 7 bilhões, apenas no Brasil, já está sendo aplicado e terá seu primeiro produto lançado em 2023, quando chega às ruas o Polo Track, veículo de entrada montado sobre a plataforma MQB em Taubaté, SP.
O Polo Track será o primeiro de uma nova família de veículos compactos, segundo o presidente da VW América Latina, Pablo Di Si, que não fez mais comentários a respeito. Deixou transparecer, porém, que esta família chega para substituir os atuais Gol, Saveiro e Voyage, que deixarão as linhas por não se adequar às novas legislações de segurança e emissões que entrarão em vigor nos próximos anos.
“O carro compacto terá mais conteúdo e, por isso, ficará mais caro. É um segmento que deverá reduzir sua participação, mas ainda manterá volume importante nos próximos anos. E a nova família, produzida sobre a MQB, será mais segura, oferecerá mais tecnologia.”
O desenvolvimento e a produção de uma nova família de modelos compactos não será apenas o foco do novo ciclo. Boa parte do dinheiro será aplicada no que Di Si considera geração de conhecimento para o País: o desenvolvimento de novidades digitais, como uma nova geração do sistema de infotainment VW Play, e em pesquisas com biocombustíveis, dentro do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Biocombustíveis, que tem sua sede no Brasil.
O anúncio do novo ciclo só foi possível, segundo o presidente, por causa do retorno à lucratividade da região. Ele garante que todo o investimento será custeado pela VW SAM, que buscará financiamentos locais, citando o BNDES como potencial parceiro: “Hoje a Volkswagen é uma empresa sustentável. A virada para a lucratividade não ocorreu em uma só área. Oferecemos hoje bons produtos, com um bom mix, produzimos mais peças localmente e fizemos acordos importantes com os sindicatos”.
Localizar peças será outro ponto de atenção nos próximos anos, segundo Di Si, que não quer mais conviver com instabilidades como a crise dos semicondutores. Para ele um produto para ser competitivo precisa ter componentes com produção local, o que garante esta competitividade durante todo o ciclo, minimizando os riscos das oscilações cambiais e outros fatores externos.
O presidente da VW justificou também o fato de este plano de R$ 7 bilhões, mesmo valor do anterior, abranger toda a região, enquanto o que o antecedeu era só para o Brasil: segundo ele, à época, a Volkswagen precisava renovar todo o seu portfólio: “Partimos de zero para cinco SUVs, fizemos mais de vinte lançamentos. Agora o foco não está tanto em produto, embora tenhamos novidades: nosso direcionamento está no conhecimento, na digitalização, nos biocombustíveis”.
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