São Paulo – A produção de veículos comerciais retomará patamar sustentável de 200 mil unidades, atingido em 2013, apenas próximo a 2028. Até lá o mercado deverá absorver cerca de 160 mil caminhões e ônibus 0 KM/ano. Foi o que projetou o diretor da Power System Research, Fábio Ferraresi, durante apresentação no Fórum de Veículos Comerciais 2023, realizado de forma online pela AutoData Editora, em 17 e 18 de abril.
“O objetivo é traçar uma análise do mercado de veículos comerciais pós-Euro 6. Mas, para isso, precisamos entender o que ocorreu desde 2013.”
Ferraresi ponderou os desafios para este ano ao projetar que apenas na segunda metade de 2022 é que o segmento deverá começar a se recuperar: “Mais para o fim do ano deverá haver a estabilização do efeito da troca de governo, novos planos no campo fiscal, condições melhores de juros e financiamentos, demanda reprimida e pressão por renovação de frota. Ou seja: esperamos por uma renovação de mercado”.
O fato de que o preço do diesel poderá ficar estável até o fim do ano também deverá pesar a favor, uma vez que, sem oscilações significativas, impacto adicional aos custos dos grandes frotistas poderá ser descartado.
Mesmo assim, no entanto, para 2023, somados caminhões e ônibus, a projeção é de 148 mil unidades produzidas e 136 mil vendidas. Ferraresi lembrou que em 2013 o volume fabricado estava em 223 mil unidades, enquanto que os emplacamentos chegaram a 182 mil.
O executivo ponderou, no entanto, que o contexto desse período pré-crise foi caracterizado por uma bolha, em que a demanda era pujante e a condição dos juros estava negativa, abaixo da inflação. Além disso o contrato de transporte pagava parcela do financiamento, situação que não se sustentou por muito tempo.
A partir de 2014 vieram as crises política e econômica e o patamar de vendas recuou a um terço. De 2015 a 2017 a produção somou 91 mil unidades e os emplacamentos 68 mil. Em 2021, mesmo com mercado mais maduro, a demanda represada como reflexo do período em que as fábricas ficaram paradas fez com que o volume fabricado chegasse a 176 mil caminhões e ônibus, 136 mil dos quais vendidos internamente.
Segundo Ferraresi a projeção da Power System Research é a de que o patamar de 160 mil emplacamentos e produção de 200 mil caminhões e ônibus deva ser alcançado somente próximo a 2028.
“Vale lembrar que é muito mais fácil fazer projeção de longo prazo para o Brasil com toda a capacidade de crescimento dos setores da economia do que no curto prazo, que está muito influenciado por questões de qual é o timing do investimento, se está interessante para o empresário fazer a aquisição, qual é a condição do financiamento, qual a demanda pontual.”
No curto prazo ponderou que é possível haver oscilações mais significativas, até porque, diante das paradas na produção anunciadas para equalizar demanda e oferta, acende-se sinal amarelo com relação aos empregos. E tem-se um efeito chicote na relação das montadoras com sua cadeia de fornecedores.
Mas, no longo prazo, Ferraresi foi assertivo ao projetar cenário otimista para o Brasil, principalmente na produção de veículos comerciais. Ele destacou que o mesmo fator que está impulsionando a demanda do agronegócio este ano, com safra de 309 milhões de toneladas de grãos, a despeito de todos os fatores que pesam contra, como o acesso difícil ao crédito caro, e a transição para o Euro 6, que elevou os preços dos veículos de 20% a 30%, deverá seguir favorecendo a renovação de frota.
Daqui a uma década, na safra de 2032, mencionou que são aguardados 370 milhões de toneladas de grãos para ser transportados.