São Paulo – Enquanto a discussão no Brasil caminha no sentido de haver um alegado atraso na transição para os carros elétricos, na Europa já há vozes dissonantes questionando uma eventual necessidade de se colocar um pé no freio do processo. Benjamin Krieger, secretário geral da Clepa, associação que representa os fabricantes de autopeças na União Europeia, disse em sua palestra no 4° Encontro da Indústria de Autopeças, organizado pelo Sindipeças, que, embora concorde com a necessidade de reduzir a emissão de CO2, é possível que as metas estipuladas pelo bloco europeu estejam rígidas demais.
Ele pediu mais pragmatismo dos legisladores europeus, que poderiam flexibilizar essas regras: “Poderíamos fazer de modo mais eficiente, que dê mais acesso às pessoas, ao mesmo tempo que garanta o bem estar delas. Alcançaremos estas metas dentro de um preço aceitável?”.
No ritmo atual, segundo dados da Clepa, em 2023 um em cada cinco veículos vendidos na Europa será elétrico. Até 2027 os modelos a combustão já serão minoria. Acontece que, de acordo com o secretário, a estrutura de recarga não cresce com a mesma rapidez.
Krieger não é o primeiro a questionar o futuro dos elétricos na Europa. A própria União Europeia recuou e recentemente anunciou que não banirá mais os veículos a combustão, ainda que os mantenha em produção mediante o desenvolvimento dos chamados e-fuel. Mas o secretário levantou outra questão: por que não os biocombustíveis?
“A Europa deveria olhar melhor para alternativas como o etanol, os combustíveis renováveis. Corremos o risco de ser uma ilha.”
Dentro deste campo Krieger vê oportunidades de troca de conhecimentos e de experiência comercial no âmbito do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia, que, segundo ele, voltou à discussão e poderá ser finalizado ainda este ano, dando o caminho ao livre-comércio nas duas regiões: “Espero que o acordo seja assinado em julho e que as empresas brasileiras tenham acesso facilitado ao mercado europeu”.