São Paulo – “Maior não é necessariamente melhor na indústria automobilística”, afirmou Luca de Meo, CEO da Renault, ao defender uma postura oposta à da concorrente Stellantis, adepta de fusões e aquisições, quando o assunto é consolidação da indústria. A entrevista concedida à Bloomberg Televisão teve trechos reproduzidos pela Automotive News Europe.
De Meo disse que a Renault ganha muito mais dinheiro vendendo menos, e que é importante manter-se ágil à medida que novas tecnologias evoluem e a procura por veículos eléctricos permanece volátil. Citou, como exemplo de consolidação que considera fazer sentido, o plano de formar joint venture de motores a combustão com a chinesa Geely. De Meo tem puxado movimento de reformulação da Renault, como a separação de ativos de veículos elétricos, com a Ampere, do negócio de motores a combustão, a Horse.
O CEO se demonstrou predisposto para a cooperação mais ampla da indústria para arcar com as despesas da transição rumo à eletrificação: “Os concorrentes da Renault estão demonstrando interesse pelo plano de desenvolver veículos elétricos lucrativos que custem menos de € 20 mil. Estamos discutindo esta plataforma conjunta de veículos elétricos com pares da esquerda e da direita”.
O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, já chegou a afirmar, no entanto, que a pressa em oferecer veículos elétricos mais acessíveis terminará no que chamou de “banho de sangue”.
Embora 2024 seja considerado um ano complicado para modelos a bateria, devido ao arrefecimento da procura e também pela pressão provocada pelos frequentes cortes de preços da Tesla e pelo avanço da BYD em escala mundial com custos mais atrativos, a expectativa de De Meo é a de que as vendas recuperem-se no ano que vem, ajudadas pelo cumprimento de metas mais rigorosas de emissões na Europa. O otimismo do CEO da Renault decorre também do resultado do balanço do grupo, referente a 2023, publicado recentemente, em que os ganhos voltaram ao azul e apresentaram números recordes.