Para o presidente Márcio de Lima Leite é hora de unir esforços em prol da indústria
São Paulo – É hora de somar e não dividir os esforços na rota para a descarbonização, avaliou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. Durante palestra no Electric Days Brasil, evento organizado pela Motorsports Network em São Paulo, na segunda-feira, 26, o executivo sugeriu “trocar o ou pelo e, e falarmos sobre elétricos e híbidos flex e biocombustíveis e células de hidrogênio, e não ou um ou outro”.
Quem decidirá qual tecnologia adotar será o consumidor, de acordo com o presidente da Anfavea. “Não é como há trinta anos, quando o acesso à tecnologia era mais restrito e as definições eram tomadas a partir de canetadas em Brasília. Agora o consumidor tem e conhece as opções e é ele quem decidirá, de acordo com a sua realidade”.
E essas realidades, continuou Lima Leite, são diferentes em um País tão extenso em território e culturas como o Brasil. Segundo ele a realidade de um cidadão que vive na Região Norte ou Nordeste é bem diferente de quem está no Centro de São Paulo ou em outra metrópole: “Qual será o futuro da mobilidade, qual tecnologia adotar em um País tão eclético? Será também eclético, com cada empresa adotando a seu projeto de transição, o que não significa que está atrasada ou mais avançada”.
Diante de visões que chegam a ser antagônicas o presidente da Anfavea pediu a união do setor em prol do País e da indústria automotiva: “Queremos e produziremos híbridos, elétricos e baterias no Brasil”.
Política para a eletrificação
Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul, disse que o Brasil precisa definir uma política para a eletromobilidade: “No caso do etanol já temos política e estrutura implementadas. Com a eletromobilidade ainda não”.
Segundo ele essa política se misturaria com a política industrial, pois o setor automotivo sempre acaba, por tabela, ajudando a desenvolver outras áreas da indústria, além de ser indutora de inovação e novos investimentos no País: “Mostraremos também ao mundo nosso compromisso com a transição energética, o que facilitaria a assinatura de acordos comerciais”.
O vice-presidente da Ford enxerga oportunidade potencial no Brasil para a produção de baterias pois há disponibilidade de minerais críticos para esta indústria por aqui: “Temos metais e existe a visão, aprofundada após a pandemia, de se criar diversos pólos produtivos para não haver dependência de uma ou outra região, o nearshoring. Então existe este potencial mas, se demorarmos a definir uma política, podemos ser apenas coadjuvantes, e não protagonistas neste campo”.