São Paulo – As fabricantes de caminhões Iveco, Volvo e Scania apostam na retomada dos negócios a partir deste segundo semestre, após começo de ano afetado pela mudança da fase do Proconve para P8, que demandou a entrada das tecnologias Euro 6 e encareceu o preço dos veículos. Alcides Cavalcanti, diretor executivo de caminhões da Volvo, Alex Nucci, diretor de vendas e soluções de transporte da Scania, e Carlos Tavares, diretor comercial da Iveco, participaram de painel realizado no segundo dia do Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2023.
O diretor da Volvo lembrou do agronegócio, que terá produção de grãos 15% maior em 2023 e que deverá gerar maior movimentação de carga ao longo do segundo semestre, após manter sua produção estocada aguardando uma melhora no preço: “Com a safrinha chegando os produtores terão que escoar sua safra armazenada, independentemente do preço, e com isto o transporte deve ser intensificado, principalmente de veículos pesados”.
Tavares, diretor da Iveco, espera uma redução de juros a partir do segundo semestre, com este movimento continuando em 2024, o que deverá melhorar o ambiente de negócios no País, com uma retomada mais forte das vendas no ano que vem: “A sinalização de redução da taxa de juros é muito importante para o nós, traz o reaquecimento para o setor”.
Para a Scania o segundo semestre também deverá ser melhor do que o primeiro, cenário usual no Brasil, e ajudará a recuperar as perdas causadas pela chegada do Euro 6. Mas Nucci disse que não será possível compensar toda a retração: “Esperamos uma boa recuperação ao longo do segundo semestre, com maior aceitação do Euro 6. Nossa projeção é de uma queda de 10% a 15% nas vendas para o ano”.
Ônibus
A Volkswagen Caminhões e Ônibus e a Mercedes-Benz, representadas pelos seus diretores Jorge Carrer e Walter Barbosa, debateram a situação do mercado de ônibus, que viveu momento diferente ao longo do primeiro semestre, com alta de 51% nas vendas, impulsionada pelos veículos Euro 5 em estoque, que representaram 81% do total comercializado até junho.
Carrer, da VW Caminhões e Ônibus, disse que será difícil que o segundo semestre seja do tamanho do primeiro, que também foi impulsionado por pedidos do programa Caminho da Escola. Se uma nova etapa do programa for aprovada, o reflexo virá só em 2024. Ainda assim ele acredita em um resultado positivo: “Chegaremos a volume muito próximo de 2022, com a possibilidade de ser um ano de crescimento”.
Walter Barbosa, da Mercedes-Benz, também aposta em um bom desempenho do setor de ônibus em 2023, mas lembrou de alguns desafios que a indústria enfrentará até dezembro, caso da taxa Selic em 13,75%, que ainda não foi reduzida: “Temos que vencer esta etapa dos juros porque isso inibe o desejo de renovação de frota, assim como a falta de crédito. O aumento nos custos produtivos também são um desafio”.
Barbosa também está com o sinal de alerta ligado com relação ao novo programa Caminho da Escola, porque o governo ainda busca recursos para torná-lo realidade durante o segundo semestre.