São Paulo – A Toyota discute internamente, neste momento, um novo ciclo de investimentos no Brasil. E a definição depende, dentre outros fatores, das condições oferecidas pelo País para atrair esse aporte, segundo o presidente Rafael Chang: “Estamos conversando no âmbito estadual e aguardando definições de políticas como o Rota 2030 e a reforma tributária”.
Junto ao governo do Estado de São Paulo as tratativas passam por utilizar a mesma política do Pro Veículo Verde, que apoia a produção de veículos híbridos ou movidos a energia limpa, liberando créditos de ICMS, dentre outros incentivos: “Seria a política que tornaria viável o próximo ciclo de investimentos”, revelou Chang durante evento em que apresentou iniciativa para utilização de hidrogênio verde gerado a partir do etanol.
Diante da afirmação de que os próximos investimentos estarão vinculados a políticas que apoiem a produção de veículos com baixa pegada de carbono a reportagem perguntou a Chang se haverá a possibilidade de nacionalização da tecnologia híbrido flex pioneira no País, mas que neste momento tem muitos componentes importados: “Estamos criando a escala necessária para este tipo de operação à medida que os nossos carros híbridos flex se tornem um sucesso de vendas. Já temos 62 mil veículos híbridos flex produzidos e vendidos aqui”.
O presidente afirmou que a Toyota investiu R$ 7 bilhões no Brasil nos últimos anos, mas compete com unidades da Toyota em outras regiões pelo próximo ciclo: “Precisamente estamos discutindo internamente com a liderança global neste momento”.
A seu favor contam os ótimos resultados dos veículos nacionais tanto no mercado interno quanto nas exportações para a região. Além das possibilidades com a tecnologia híbrido flex e, a partir de agora, com os testes que serão feitos com o Toyota Mirai fuel cell utilizando hidrogênio gerado a partir da reformação do etanol:
“Nossa visão é olhar para a diversidade de tecnologias. Pode ser que o elétrico puro não seja necessário no Brasil, como sugeriu o governador [do Estado de São Paulo] Tarcísio [de Freitas]. Temos que aproveitar o potencial da matriz energética de cada País para descarbonizar a mobilidade. Claramente o etanol para o híbrido flex e para gerar hidrogênio vai funcionar. É a primeira vez que utilizaremos o hidrogênio verde proveniente do etanol no mundo”.
Chang argumentou que a Toyota sempre esteve na vanguarda. E citou os testes com o Prius, lançado em 1997 – muito depois disso no Brasil: “Em 1997 poucos falavam da importância da descarbonização, né? Ninguém acreditava que haveria um híbrido flex. Hoje tudo isso é uma realidade. E uma necessidade”.
No entanto a expectativa se volta também para a próxima fase do Rota 2030, que precisa “contemplar as novas tecnologias”, além da reforma tributária que, dependendo do que for definido, “existe o risco de reduzir a competitividade” do produto nacional, alertou o executivo.
Ainda sobre investimentos, mas este já confirmado, Chang reforçou a informação de que o terceiro veículo híbrido flex começa a ser produzido na fábrica de Sorocaba, SP, no fim de 2024: “Confirmamos no momento do anúncio do investimento que até o fim ano que vem teríamos este veículo compacto, com tecnologia híbrido flex”.