Apesar do bom desempenho do setor em geral o segmento mais volumoso fechou em retração
São Paulo – Com 207,7 mil veículos emplacados agosto encerrou como o segundo melhor mês em vendas do ano, superado apenas por julho, que teve seus números inflados pelos negócios registrados a partir dos descontos gerados pela MP 1 175. Naquele mês os consumidores receberam bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil, concedidos pelo governo dependendo do valor do veículo, sua eficiência energética e o índice de localização de produção. Em agosto, porém, o segmento de automóveis, o mais volumoso, apresentou recuo na comparação com julho e com agosto do ano passado, o que fez acender o sinal amarelo para a Fenabrave.
Segundo seu presidente, José Maurício Andreta Júnior, houve uma deterioração na concessão do crédito: “Notamos um aumento de 20% nas recusas de fichas de financiamento por parte das instituições financeiras. O crédito está restrito e afeta o mercado”.
Em agosto os emplacamentos de automóveis somaram 153,5 mil unidades, recuo de 13,2% com relação a julho e de 1,1% na comparação com agosto de 2022. De acordo com a Fenabrave parte deste volume foi gerado pelo programa de descontos do governo, por causa do período do fechamento do negócio até o emplacamento do veículo. A queda, portanto, é preocupante.
“As medidas foram muito importantes para aquecer, momentaneamente, o mercado, mas o resultado de automóveis em agosto, agravado pela piora na oferta de crédito, já deixa clara a necessidade de uma política de fomento industrial de longo prazo. Isso porque algumas marcas ainda tinham saldo de veículos com descontos patrocinados a oferecer, o que fez com que o resultado não fosse ainda pior.”
As vendas de comerciais leves cresceram 11,4% na comparação mensal e 11,2% na anual, para 43,4 mil unidades. No acumulado do ano os dois segmentos registram crescimento: 9,2% os automóveis, somando 1 milhão 64 mil unidades, e 17,7% os comerciais leves, 283,4 mil veículos.
Somados todos os segmentos as 207,7 mil unidades vendidas em agosto representaram queda de 7,9% na comparação com julho e de 0,4% com relação a agosto de 2022. Nos primeiros oito meses as vendas cresceram 9,4%, alcançando 1,4 milhão de unidades.
Andreta Júnior, porém, afirmou que o crescimento é sobre uma base comprimida: “A evolução sobre 2022 é positiva, mas devemos lembrar que os emplacamentos tiveram um desempenho abaixo da média histórica no primeiro semestre do ano passado devido a uma série de fatores como a escassez de peças e componentes, a guerra na Europa e a alta nos combustíveis. Eles se recuperaram no segundo semestre mas, neste ano, não há sinais de que teremos uma forte recuperação na segunda metade do ano”.